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Artur Abramo: ‘Independiente de qualquer coisa: fica, Abel!’

Antes fossem as cornetas, trombetas de uma corte real, saudando Dom Abel Ferreira

(Divulgação/ Staff Conmebol)

Retumbante vitória do Palmeiras de Abel. Time que passa por maus bocados somente na cabeça de meia dúzia de desbocados. Pouco treino e muita bola. Assim como havia sido no Peru, mesmo com as trapalhadas na segunda etapa. Não interessa se propõe ou não o jogo, o fato é que esse time ataca. Mais do que atacar, bate de frente com todas as adversidades postas no meio do caminho. 

Na hora da análise, esconde-se contexto para criticar. A crítica é feita a granel, e, como bala perdida, acerta quem estiver na frente. Seja o treinador recém multi-campeão, seja o zagueiro titular nas últimas taças do clube, seja um garoto de 19 anos com apenas 45 minutos de futebol profissional, seja um esquema de jogo poucas vezes utilizado. A única regra é: corneta! 

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Antes fossem as cornetas, trombetas de uma corte real. Saudando Dom Abel Ferreira. O português que conquistou a América – sem precisar cometer um genocídio – em menos de três meses de Palmeiras. Bastou uma dose de palavras convincentes e muita vontade de vencer.  Na realidade, foi necessário muito mais. Foi necessário recuperar uma temporada sem rumo, colocar nos trilhos um trem sem direção e, acima de tudo, convencer a todos os passageiros que o novo maquinista sabia como e onde queria chegar.

Chegou e foi além. Mesmo com combustível escasso, reabasteceu como lhe permitiram e tocou viagem até a máquina não aguentar mais. Não deu no Mundial, nem na Recopa, nem na Supercopa. O que deu foi para vencer, por 3 a 0, o melhor time das Américas em sua casa. Deu também pra golear o maior rival por 4. Foi difícil, mas deu pra alcançar a Glória Eterna. Por fim, deu até pra pintar o Brasil de verde outra vez.

Imaginem se tivesse mais que isso. Se junto do pacote de títulos e vitórias, viesse um treinador que entende o que é ser Palmeiras. Um sujeito que estudasse a história do clube para trabalhar onde vestiria as cores alviverdes. Alguém que defendesse a instituição com unhas e dentes frente ao abuso das confederações. Um homem que, mesmo sem saber, já era palmeirense. 

Golear é pouco para quem já fez e faz tudo isso. Com tempo, fará mais. Porque tudo que ele quer é vencer. Vencer contra tudo e contra todos, já que todos somos um. Ele também quer poder trabalhar em paz. Em meio a esse inferno de calendário, a nossa torcida não pode ser mais um a mandá-lo ao purgatório. Precisamos impedir que este gajo sequer pense em (des)cruzar o Atlântico. 

Abel Ferreira resgatou tudo que há de mais Palmeiras no Palmeiras e no palmeirense. Ele que conquistou não apenas títulos, senão corações verdes e brancos. Daqueles que estavam perdendo sua fé em sua própria religião. O credo em um time vencedor não é obra do acaso, tem nome e sobrenome. Deve ser respeitado e valorizado quem o coroou. 

Sabemos que a maioria está com Abel. O que necessitamos é que ela engula a barulhenta minoria que atordoa o dia a dia do nosso português. Como deu aula o professor, sempre que tentarem manchar a nossa história, “pintamos de verde novamente”. E é de verde de verdade que Abel Ferreira precisa.

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