Opinião

Histórias interrompidas que nada pode apagar

(Foto: Arte Palestrina)
(Foto: Arte Palestrina)

*Em colaboração com João Gabriel Falcade

Há um ano, falávamos em tons alegres e felizes. De estádio cheio. De festa, fogos e família. O barulho silenciou. A festa acabou. A alegria se fez lembrança distante. Hoje, para pensar em Palmeiras, olhamos para o céu. Sentimos pelos que foram, rezamos para que estejam de mãos dados conosco na hora de celebrá-los. E é isso que faremos nessas linhas.

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Leonardo cresceu ao lado de sua avó, Maria Aparecida. Cada um em sua casa, mas dividindo o mesmo quintal por 20 anos. Por anos, também, leu, a pedido dela, muito cristã, Eclesiastes 12:1-8 e a viu rindo, se identificando com o texto bíblico. Cresceu e casou. A viu, desta vez, chorando, em seu último momento de alegria, ao receber de presente uma toalha escrito “bisavó Maria”. Hoje, aos 82 anos, a religiosa mulher vive ao lado do homem que venerou durante toda a vida. 

Ao lado deste mesmo homem mora Fábio. Palestrino de corpo, alma e coração. Marcial, seu grande amigo, lembra com carinho de todas as vezes que visitaram juntos, mas separados, o Allianz Parque. Cada um em seu setor. Conversas boas nos intervalos. Cerveja sempre que possível. Comemoraram juntos e separados o título da Copa do Brasil. Um de corpo em casa, outro de alma ao seu lado. E assim será até a eternidade. 

Juntos passaram Paulo e sua tia Fátima as férias durante anos. Numa casa repleta de primos, alguns palmeirenses e outros que não tiveram essa sorte. Hoje ele lembra desta que era uma “época muito boa” com ela e Fátima está junto de Nossa Senhora Homônima. 

Mulheres de todas as idades, cores, classes sociais. Diferentes experiências e vidas. Uma característica compartilhada: a ginástica. Instruídas pelo mesmo designer formado em educação física, Thiago, muitas tinham nessa atividade a razão de viver. E se foram no mesmo momento em que esta parou. Restam as lembranças de boas aulas em tempos mais fáceis. 

Mulheres também Apparecida e Roselina. Mãe e filha. Tia e prima queridas por Luiz. A primeira de muita fé, a segunda guerreira desde o nascimento. As duas, todo fim de ano, iam fazer a festa em Piracicaba. Agora, fazem esta festa juntas, todo dia, nos observando lá de cima. Resta a saudade e lembrança daquele manjar branco, o favorito de toda família.

Por eles todos, jogaremos. Escreveremos, venceremos e celebraremos a dádiva do esporte. O Palmeiras é maior que a vida. Ela nunca falou só sobre o que se vê. O futebol resiste e reside no que sentirmos. E nada é tão vivo quando vocês em nossos corações. 

Verde e branco até no céu.

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