JG Falcade: A derrota, perdoa-se! A covardia, não!

Fala muito, fala muito. Fala muito, muito

Não se joga mal porque quer. Não se bate um pênalti torto porque achou melhor ser derrotado. Ninguém costuma perder por interesse. Eu não acho correto punir o equívoco. Chutou mal, cruzou errado, foi expulso, escorregou na hora de fazer o gol, tudo isso é parte do futebol e é daquele tipo de acontecimento que não se controla. Ele pode ou não acontecer. E a gente pode, ou não, criticar.

A covardia é diferente.

Covarde não é quem perde, nunca foi assim. Lutar é bonito, ainda que triste, tantas vezes. Não são sempre lembrados aqueles que não vencem, mas sempre são admirados os que se comportam como grandes. Me lembro de vários e vários casos de líderes que foram levantar seus comandados quando eles haviam caído. Em sentido figurado, mas também no literal. Ir ao campo, à quadra, ao ringue, e esticar a mão aos que tentaram de tudo, mas falharam. Dar um conforto e evitar que sigam vivendo aquela cena lamuriosa.

Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
Conheça e comente no Fórum do Nosso Palestra

Ganha-se junto, perde-se ainda mais. Tem que comprar e sentir a dor dos antagonistas. Dar um carinho ao seu zagueiro, que errou o pênalti e teve azar de um desvio fatal, afinal foi esse atleta que te levou a até uma fase aguda de um grande evento esportivo. Dar um abraço no menino, que tem menos da metade da sua idade, e que foi escalado por você a abrir uma série de penalidades que valiam uma Copa do Mundo. Ele não arregou, só errou, e merecia ser abraçado por quem o colocou na linha de tiro.

Perder e deixar que as câmera do mundo todo façam close de seus jogadores chorando copiosamente no campo, sozinhos, é de uma covardia que não cabe no verbete mais rebuscado que possa existir. Os titiquês, o terno chique, o tom de voz sussurrado, a suposta calma e a meritocracia que levou à Copa quem nem consegue mais jogar, só valem no amor. Na dor, deixa com os moleques. Uns de 20, que tão chegando agora, e outros de quase 40, que já tão indo embora. Eles que paguem pelo erro.

Na hora de dançar o pombo, estamos juntos e unidos. Na hora de abraçar o moleque croata, só um jogador. Na hora de levar o Raio pro vestiário, outro jogador. Falar na saída de campo, jogador. Na coletiva, que é obrigatória, mais sussurros, mais culpas, mais palavras bonitas e o abatimento de quem caiu deixando exemplos ruins de como ser líder. Mexer mal no time, é erro. Movimentações, jogadas, treinos, são erros. Abandonar um grupo derrotado e correr pro vestiário é fraco, é desonroso, é pobre e é muito covarde.

Ainda bem que foi a última vez. Será, se muito, lembrado por esse dia de patife. Pra não dizer outro nome.

EIA MAIS: