JG Falcade: ‘O matrimanicômio arranjado e sua primeira DR’
Foi relâmpago, quase que como um casório arranjado. Pais que arrumam um noivo parcialmente ideal para a filha que precisa casar. Independente do amor, eles combinam em algumas poucas coisas e são postos frente a frente. Com boa vontade, o noivo mostra conhecimento sobre a a(r)mada, que cede, também afetada pela carência e pelo receio. De areia, fazem o castelo da convivência.
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Mal sabiam, sabíamos, que choveria tanto por sobre o castelo, endurecendo a areia e fortificando o empreendimento forjado na casualidade. Eles se apegam, um casal de dois que pouco tinham a perder separados, quem sabe, então, juntos. Deram as mãos e preferiram não pensar. Piloto automático atropelando a rotina atribulada. Quando piscaram, haviam tido filhos.
Duas, na verdade. Conquistas lindas, eternas e reluzentes. Que tesouro para um matrimanicômio desses. Aos poucos, a rotina foi amainando, o sangue esfriou um cadin e os pensamentos retomaram rumo à pura compreensão da realidade. É como acordar sóbrio de uma noite ébria e olhar para o lado: que susto! E agora? Para onde vamos? O que fazemos?
Primeiro, um cafézinho.
Talvez, então, o casal note que não conheceu o defeito e a crise do outro. Não sangraram os maus momentos, cicatrizaram essa fase e criaram vínculos verdadeiros para novos problemas. Uma lua de mel sem DR é vendaval, diria eu mesmo. Não se criou o amor, apenas a paixão, que foi vivida louca e cegamente. Tal qual um 767 a 800 km/h, quando, e se bate num muro, vira pó. E lágrima, também.
Lágrima por não ter notado o quanto era bom, era saudável e poderia crescer. Lágrima por brigar, de lado a lado, além do que era preciso. Por esquecer, de lado a lado, que dias ruins viriam, mas, que, nessa hora, deveria haver a mão que afaga antes da que apedreja. Que pede melhora, não pede a conta. Que briga, mas pra evoluir.
Palmeiras e Abel estão em uma imensa DR, com pai, mãe, irmã, cunhada, cachorro e periquito, além do porco, botando a colher. Enchendo o saco e sugerindo o término. Alguns poucos, com espírito do Porco, pensando mais e querendo ajudar, mesmo. Falta terapia de casal pro Verdão.
E terapia intensiva para uma boa galera. Inclusive pra mim. Haja divã para entender.
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