Jorge e o maior América-MG da história, que foi parado pela Segunda Academia do Palmeiras

Como a demissão de um treinador e um time histórico deram fim ao sonho de uma torcida mineira pelas mãos do maior Verdão de todos os tempos

A reportagem do NOSSO PALESTRA estava nos últimos minutos de sua passagem pelo Mercado Central de Belo Horizonte quando foi pega de surpresa por um restaurante inteiro temático, com inúmeros quadros e referências ao América-MG. Como o verde nos é familiar, logo notamos que era um lugar especial. À funcionária, a pergunta: ‘quem é o dono?’

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Foto: JG Falcade

Ela vai até o canto do local, pequeno, simples e muito simpático, em busca de um senhor que ficava discretamente sentado ao lado de um gigantesco troféu e de uma parede com lajotas quadriculadas que formavam o escudo do América-MG. O homem logo se levanta e se apresenta: ‘Sou Jorge, muito prazer’. Contamos que estávamos por lá motivados pelo Palmeiras, e ele não hesita em dizer que somos ‘irmãos de cor’, nos convidando a sentar.

Foto: JG Falcade

A primeira coisa que Jorge Murta, profundo e apaixonado torcedor, contou foi que sua vida foi voltada ao Coelho. ‘De vice-presidente pra baixo, fui tudo’. Inclusive, é carinhoso ao lembrar de Alexandre Mattos, com quem trabalhou na base do América-MG, quando o cartola ainda era um jovem em desenvolvimento. Jorge diz que Mattos agora ‘é o melhor do Brasil, Galo e Palmeiras precisam de um cara igual a ele’.

Foto: JG Falcade

Jorge bateu papo sobre torcidas, sobre o dia em que vasos sanitários foram lançados do segundo andar do Mineirão sobre cruzeirenses e sobre como é boa a relação entre Atleticanos e Palmeirenses, uma verdade que fiz questão de ressaltar. A melhor história, no entanto, veio mais tarde, quando garçons e outros clientes já batiam papo conosco. Jorge se exaltou ao contar sobre o ‘maior América da história’ e como o Palmeiras impediu um sonho.

Foi em 1973, uma escalação que ele recitou em poesia, mas que tive de buscar nos registros para contar a vocês: Neneca; Luís Alberto, Baiano, Vander e Cláudio Sapo; Pedro Omar, Juca Show e King Cândido; Eli Mendes, Spencer e Tião.

O Palmeiras era a Segunda Academia, aquela dos inesquecíveis: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei, sob comando do eterno Oswaldo Brandão. Conhecido como o time que nunca perdeu, este 11 inicial do Palmeiras atuou apenas 18 vezes junto. Foram dez empates e oito vitórias, incluindo o 3 a 1 sobre o América em 1973.

E a conversa se aprofundou justamente no tema treinador. Conta Jorge que o então comandante do América era Orlando Fantoni, que levou o Coelho à quinta melhor campanha do Brasileirão de forma espetacular.

O América-MG de 1973

Segundo nosso entrevistado, o comandante pediu um aumento pelo desempenho, negado pela direção . Desvalorizado, Fantoni não tardou para ser demitido. Então, a eliminatória com o Palmeiras teve Barbatana na direção dos mineiros – a solução caseira e que não surtiu efeitos. O América-MG foi derrotado por 3 a 1, em jogo disputado no Pacaembu. Era o fim de um sonho.

Jorge se orgulha daquela campanha e ressalta que a saída de Fantoni impediu o ‘crime’ contra o lendário Palmeiras de Brandão. Hoje, o dono de restaurante, americano convicto e amante de futebol, diz que Mancini vai derrubar o Coelho para a Série B e que o time não é ruim como dizem. Também é veemente ao dizer que o palmeirense está ‘chato, reclama de tudo mesmo ganhando tudo’. Por fim, manifestou sua torcida pelo Verdão contra o Galo, na Libertadores.

Com dois chaveiros muito queridos, uma ótima foto e a certeza que encontramos um personagem excelente, nos despedimos de Jorge, de sua funcionária e fomos embora. Belo Horizonte tem muito mais Palmeiras do que se pode imaginar.

Sobre o Jorge Americano Restaurante

Localizado no Mercado Central de Belo Horizonte, o tradicional restaurante foi fundado em 1989. O dono, Jorge Murta, sempre está presente e faz questão de um atendimento muito qualificado, com atenção e eficiência garantidos. sobre o produto: Simples, caseiro e muito saboroso.

O Restaurante Jorge Americano já é um ponto turístico da cidade, ficando no corredor que circula todo o mercado, na loja 150. E, pra quem não sabe, o Mercado Central fica na Av. Augusto de Lima, 744, no Centro de Belo Horizonte.

Foto: JG Falcade