Opinião

Opinião: 'Crias pedem espaço para mudar convicção equivocada de Abel Ferreira'

Jovens mudaram dinâmica do duelo diante do Boca Juniors, mas, por insistência do treinador, tiveram pouco tempo para conseguir resultado positivo

Endrick chora após eliminação do Palmeiras (Foto: Leo Sguaçabia)
Endrick chora após eliminação do Palmeiras (Foto: Leo Sguaçabia)

Na noite de quinta-feira (5) o Palmeiras perdeu para o Boca Juniors nos pênaltis dentro do Allianz Parque, após empatar em 1 a 1 no tempo regulamentar, e foi eliminado da Libertadores.  Para o Campeonato Brasileiro, única competição restante no ano, a lição que fica é: Abel Ferreira precisa dar mais espaços para os jovens oriundos das categorias de base.

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A eliminação começou a ser desenhada antes do apito inicial no Allianz Parque, com Abel Ferreira insistindo na escalação com Mayke e Marcos Rocha realizando dobradinha, com o camisa 12 atuando como ponta. Endrick, Kevin e Luis Guilherme, por sua vez, iniciaram como opção no banco de reservas.  Em sete jogos com o esquema, apenas um gol.

O obvio se desenhou. O Verdão foi um deserto de ideias até Abel Ferreira mexer, no intervalo. O treinador mudou o rumo da partida ao colocar Endrick, Kevin e posteriormente Luis Guilherme, mas já era tarde. O time criou, merecia ganhar, é verdade, mas teve pouco tempo – precisamente 45 minutos a menos. Abel, em coletiva arrogante e desconexa com a realidade ainda rechaçou, tirando o mérito dos jovens, talvez para diminuir o vexame de suas convicções.

– Não foi a entrada da molecada, foi a alteração do sistema que eu fiz da primeira para a segunda parte. Alteramos a construção. No primeiro tempo, tínhamos dois médios que corriam muito para trás. Fizeram um gol do jeito que queriam, um gol feliz. Não vou esquentar muito a cabeça com o que aconteceu – destacou o treinador.

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Apesar do treinador negar a realidade, os jovens gritaram em campo por mais espaço e escancararam um erro de planejamento do treinador. Kevin, preterido durante  toda temporada, foi o escolhido para mudar o rumo da partida. Breno Lopes, jogador de confiança de Abel Ferreira, não entrou. O Cria da Academia somava, antes do duelo, apenas 80 minutos em campo na temporada. Por qual motivo não foi lapidado antes? Entrou com uma responsabilidade que não era dele, e deu conta do recado.

Endrick, que na última semana foi analisado por Abel como um atleta que não consegue se destacar contra defesas fechadas, foi o melhor em campo. Pilhou Rojo, que foi expulso no segundo tempo, e, mesmo com 16 ações com bola encontrou grande passe para Mayke finalizar, além de uma finalização bem defendida por Romero. Na coletiva, de imprensa, o treinador reafirmou a convicção.

– Quer que diga o quê? Que o responsável da derrota sou eu? Não há problema nenhum. Hoje sou o responsável máximo pela derrota de hoje. Nós seguimos o plano… Só que, dessa vez, houve um goleiro que não deixou que o plano seguisse o caminho certo – avaliou.

– Quem é o treinador desta equipe? Quem é que treina com eles diariamente? Quem é que conhece eles melhor do que ninguém? Quem é que faz tudo para o Palmeiras ganhar? […] Eu durmo na cama que faço. Eu perco e ganho com a minhas ideias. Se fosse fácil, todos os outros que tivessem sentados nessa cadeira, tinham ganhado quanto o que essa equipe ganhou – concluiu, esbravejando contra a imprensa.

Não é possível que Abel Ferreira não tenha entendido o recado do campo. As categorias de base, os ‘imaturos’, os atletas ‘crus’, merecem mais espaço, e de maneira instantânea. Insistir no erro e convicções erradas já custaram (mais) uma eliminação em Libertadores. Ao treinador, que tenha humildade de reconhecer os erros nas próximas eliminações.

Com a eliminação, o Palmeiras disputa apenas o Campeonato Brasileiro até o final da temporada. Atualmente na quarta posição, o Verdão volta a campo no clássico contra o Santos no domingo (8), às 16h (de Brasília), na Arena Barueri.  Que seja o início de uma grande reformulação, com mais espaço para Luis Guilherme’s, Endrick’s e Kevin’s.

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