Marina Barrios: ‘O que o Palmeiras me ensinou’

A mudança brusca de emoções foi tão grande que em todos esses momentos eu travei em tela azul, voltando à realidade verde após o gol do Patrick de Paula, no apito final do árbitro Esteban Ostojich ou quando vi Breno correr perdido em pleno Maracanã

Entendi a importância do Palmeiras para a minha vida aos quase 4 anos de idade, durante a final da Libertadores de 1999. Apesar da pouca idade, lembro do meu pai indo para o nosso Logus verde, de olhos fechados e ouvindo música no último volume em seu fone de ouvido, enquanto a disputa por pênaltis passava na televisão. Depois da cobrança perdida por Zapata, minha mãe foi avisá-lo de que o melhor havia acontecido.

Vendo aquela cena, me questionei sobre o que era essa coisa que fazia meu pai se isolar no carro, fugindo de qualquer comunicação e, logo em seguida, estar pulando e chorando de tanta alegria. Eu não sabia o que era e nem porque o rapaz ter errado aquele chute era motivo de felicidade naquela noite. Hoje, passados mais de 20 anos desse dia, eu sei o que é.

Era o Palmeiras.

Acho que não vou encontrar um jeito de desvencilhar quem sou do que sinto pelo Palmeiras pois, apesar dos percalços, das tristezas, dos momentos de raiva, foi esse sentimento que ajudou a formar da minha personalidade, influenciou minhas escolhas, até mesmo as profissionais, e me deu sensações preciosas.

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Todo palmeirense lembra onde estava no primeiro rebaixamento, no segundo e no quase, justo no ano do centenário, e sabe exatamente o que sentiu quando Prass bateu o pênalti da final no ano seguinte. Das conquistas recentes, ainda deve ter torcedor tentando entender o que aconteceu dentro de si durante aqueles segundos finais do Paulista 2020 ou enquanto a bola voava ao encontro de Breno Lopes, para pintar a América de verde pela segunda vez.

E eu me incluo nisso. A mudança brusca de emoções foi tão grande que em todos esses momentos eu travei em tela azul, voltando à realidade verde após o gol do Patrick de Paula, no apito final do árbitro Esteban Ostojich ou quando vi Breno correr perdido em pleno Maracanã.

Nesse 26 de agosto, além dos 107 anos do Palmeiras, celebro os ensinamentos que esse clube me ofereceu até aqui. Aprendi, antes de tudo, sobre a nobre história desse time, suas divinas Academias e as merecidas conquistas do passado. Agradeço as belas vitórias, que rendem uma série de elogios e aquelas que, no melhor dos pleonasmos, ‘só termina quando acaba’, como uma classificação vinda da derrota para o melhor time sul-americano.

É dia de lembrar das defesas previsíveis e os gols salvos que apenas um santo como São Marcos seria capaz de conceder. Os gols dignos de fotografia emoldurada e aqueles que saem num bate e rebate na área. Agradeço até mesmo as derrotas que constroem o imaginário e formam caráter de quem daria a vida para ser campeão. Esses momentos marcaram a minha vida, pelo bem ou pelo mal, e sei que os levarei comigo ao longo dos anos até que a memória e saúde me permitam.

A gente não nasce sabendo para qual time de futebol vai torcer. Mesmo que te vistam com o uniforme do clube para sair da maternidade, registrem todas as vezes em que usar a camisa ou façam aniversários decorados com as cores desse time, nada garante que você vai seguir gostando dele para sempre. Quis o roteiro da minha vida que as táticas do meu pai funcionassem, me tornando palmeirense e apaixonada por esse time que vive para testar nosso coração.

Parabéns, Palmeiras, e Avanti, Palestra!

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