Mauro Beting: ‘Beto Fuscão’

Nunca tive violão. Não tenho Teresa. Mas sou Palmeiras. Mas fui Fuscão

Quando Brandão, bandeira palmeirense, convocou o gremista Beto Fuscão para a Seleção, em dias de 1976 em que ainda era raro chamar gente que não fosse do Rio e São Paulo, o bairrismo do eixo berrou. Isso é nome de zagueiro? Quando se via quem era, mais ainda: ele era Fuscão pelo peito como se fosse o capô do carro da família brasileira. Se fosse Beto Pomba, até pelas pernas magrinhas, seria ainda mais propício como apelido a um bom zagueiro. Talvez não para seleção – embora outros chamados no período também não fossem.

Mas ele foi canarinho. Foi bem. E chegou ao Palmeiras como a resposta ao Luís Pereira que em 1975 tinha saído para a Espanha.

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A estreia foi num sábado à tarde. 2 de abril de 1977. Morumbi. Santos. Dia de Fuscão no Palmeiras, meus primos no porta-malas do Fiat 147 azul calcinha do Tio Flávio que se chamava Chico. Como Beto era de Rigoberto. Foi 2 a 0 no Santos do  goleiro Wilson, de camisa da cor do Fiat do meu tio. “Azul claro” eu chamava. Não sabia o que era cor de calcinha aos 10 anos. E contando.

Difícil esquecer aquela tarde com o tio, de primeiras idas ao estádio dos meus primos, de primeiros jogadores de seleção contratados pelo Palmeiras. Rosemiro deu um show. Vasconcelos fez gol. Podia ter sido mais do que foi Como Fuscão podia ter sido o que prometeram. Não que tenha ido mal. Foi vice brasileiro em 1978. Mas falhou no gol do título do Careca. Foi muito bem no maravilhoso Palmeiras de Telê,  em 1979. Ele e Polozi fizeram zaga de seleção. Mas, em 1980, Beto foi um dos símbolos do time 16º do Paulistão. O da pior campanha da história. O que levou pra Taça de Prata de 1981. Quando ele saiu do Palmeiras.

Não era craque. Não foi ídolo. Foi de seleção sem ser. Fuscão faz parte daquele  time que a gente lembra mais pelo nome do que pelos números. Para quem teve Luís Chevrolet, com o respeito devido às marcas, Fuscão em campo era outro jogo. Não era versátil como Fusca. Pau pra toda obra. De família.

Mas, hoje, depois da partida discreta, ele era mesmo de confiar. Ele nos levava pra todo lugar. Não era show e nem charme. Mas realmente não nos deixava na mão.

Nunca tive violão. Não tenho Teresa. Mas sou Palmeiras. Mas fui Fuscão.

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