Confira a coluna de Mauro Beting para o NP sobre a goleada do Palmeiras contra o Independiente del Valle: Nos engana que a gente gosta
O Palmeiras de Luxemburgo estreou na Libertadores de 2020 numa terça-feira ganhando do Tigre por 2 a 0, na Argentina. No mesmo dia, pela semifinal da Copa da Grécia, o PAOK venceu por 3 a 2 (de virada) o Olympiakos, que saiu na frente com dois gols em 9 minutos. Naquele mesmo 4 de março, há mais de um ano, o Athletico treinava para o Paranaense, depois da vitória dos aspirantes contra o Operário de Ponta Grossa, no sábado anterior.
Você já imagina aonde quero chegar – onde não delirava como palmeirense até outubro: a Glória Eterna do bicampeonato da Libertadores, em 30 de janeiro de 2021.
Aquele Palmeiras que ganhava sem convencer na primeira fase (ainda que pela terceira vez seguida com o melhor desempenho nos grupos) acabou com a segunda melhor campanha de um campeão de Libertadores desde 1960 (com ao menos 10 partidas).
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Naquela estreia em março de 2020, se eu perguntasse a quase todos os palmeirenses – e a mim mesmo e outros colegas – quem era Abel Ferreira, só o Rafa Oliveira conheceria. Se eu dissesse que Danilo (quem conhecia esse
baita todo-campista em março de 2020?) lançaria quilometricamente para Rony milimetricamente colocar a bola na cabeça de Breno Lopes no gol da vitória aos 98min28s de Maracanã… Quem teria alguma ideia de quem era aquele atacante que só jogou cinco jogos pelo Furacão e marcou um gol em 2020, até voltar ao Juventude?
No frigir das bolas: não sabemos nada sobre qualquer coisa.
Mas não podemos desdenhar de quem se prepara. E nem desenhar uma partida que só o jogo conhece.
Abel enfim preparou os titulares para o segundo jogo na Libertadores. Não deu nem uma semana depois da sofrida vitória merecida no Peru contra o fraco Universitário. Esperava uma vitória apertada palestrina. Deu o quarto 5 a 0 nos últimos seis jogos de Libertadores no Allianz Parque. Contra um bom Independiente del Valle que ainda tem no time base sete que meteram 5 a 0 no Flamengo, na temporada passada. Mas que sentiu demais a ausência de Ortiz (quem mais assiste, chuta, dribla e marca no ataque equatoriano).
A equipe que sabe jogar, ficar com a bola (em média tem impressionantes 66% por jogo, e ficou com ela nos 0 x 5 por 63%!). Mas que perdeu bolas que normalmente passa bem e inverte melhor desde a saída de jogo. Com botes precisos palmeirenses nas vezes em que o time de Abel apertou e foi feliz no seu 3-4-1-2 com a bola (5-3-2 sem).
O primeiro de Rony, o segundo de Luiz Adriano, e o terceiro de Patrick de Paula (o gol 12 mil da história palestrina) foram bolas retomadas no campo de ataque. Tanto por mérito tático e disposição dos alviverdes quanto por falhas técnicas equatorianas. O quarto gol (o segundo de Rony) foi todo um lance bem trabalhado. O quinto foi de bola parada, com Danilo Barbosa.
Mais alguns poderiam ter acontecido não fosse o bom goleiro Ramirez e as falhas finalizações palmeirenses com 10 ótimas chances. Como o Independiente del Valle teve a metade. Duas delas só não foram gol porque Weverton segue numa fase impressionante que já vem desde 2018 na meta palmeirense.
Como desde 1914 (pelo que se vê por aí) o Palmeiras só goleia pela fraqueza rival. Só vence o próprio palmeirense que corneta e vibra como sempre.
Não é o “contra tudo e contra todos” pedido por Abel – que também sabe jogar pra galera. Mas acaba mesmo sendo por ser o palmeirense tão corneteiro que ele até parece palmeirense.
E somos todos.
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