Mauro Beting: Sorrindo mais do que sofrendo
O Palmeiras de 1983 vinha numa sequência de gols no final dos jogos e de empates por 2 a 2 contra o Santos. A maioria dos gols em lances de escanteios batidos por Jorginho Putinatti para Luís Pereira e Vagner Bacharel.
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Sim. A gente celebrava escanteios. Até por não ter muito a comemorar naqueles primeiros seis anos de fila (que ainda levariam mais 10 anos…).
Mas quando Lino fez 2 a 1 para o Santos aos 41 do segundo tempo no Morumbi, pelo SP-83, desliguei o rádio no quarto da minha avó. “Não vou ouvir mais. Não vai dar para empatar de novo”.
Sempre dá, Maurinho do passado. É possível. É Palmeiras.
Liguei o rádio menos de 10 minutos depois. Muvuca na transmissão da Jovem Pan (neste vídeo, a transmissão é da Rádio Globo, na voz do Garotinho Osmar Santos). Wanderley Nogueira correndo atrás do árbitro José de Assis Aragão para ele tentar explicar outra situação tão inexplicável quanto aquele Palmeiras de Rubens Minelli. Ou o Palestra desde 1914.
Em vez de Jorginho bater o escanteio da esquerda, Carlos Alberto Borges mandou pra área santista. A zaga desviou e o craque ambidestro Jorginho bateu uma bola que sairia à direita de Marolla. Não estivesse no caminho o árbitro próximo da trave direita alvinegro. Ao tentar se desviar do chute, Aragão virou o corpo em direção à meta. A bola bateu na perna dele e entrou.
2 a 2. Gol de juiz.
Inacreditável? Futebol, amigo. E aquele Palmeiras tão crível que, quando entendi, mais me fez gargalhar do que celebrar o empate em mais um final de jogo.
Mais ou menos como o gol de Danilo no Mineirão. Outro 2 a 2. Outro jogo em que eu não esperava mais nada. “Já fizemos muitas vezes esses gols no final em cruzamento do Scarpa. Já deu. Não posso mais pedir a Deus. Já foi. O time não foi bem. Não vai conseguir outra vez e…”
Sempre dá, Maurão do presente. É Palmeiras, meu. É Verdão, eu.
É o time do Abel. Cabeça fria, peruca morna, coração quente, e o cujo dito virado pra lua – também.
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