Não perdemos Maradona

Certo dia, como treinador da Seleção Argentina, Diego disse: ‘Eu tenho uma ligação direta com Deus’. E quem tem tamanho para questionar essa intimidade? É incrivelmente óbvio que Maradona era amigo do cara lá de cima. Encarnou em terra o que a figura divina é em outro plano. A diferença é que ele era nosso.

Ele errava todo dia, era construído nos solavancos da vida, dono de um dom generosíssimo e alguém que era super gentil com seu dom, ele precisava de uma coragem sobre-humana para suportar tamanha especialidade sendo tão comum. Ele não foi imune as vícios, aos equívocos, mas ele nunca tentou ser.

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Maradona se entregou à tarefa de protagonizar. Ele colocou no campo, pra todo mundo ver e amar, alguma coisa de celestial. Ninguém havia vencido o mundo com um país nas costas nem tão largas e com pés nem tão grandes. Ninguém havia quebrado uma lei, sido desonesto e dissimulado e, ainda assim, sido capaz de colocar o ato na conta de Deus.

Maradona foi elevado a níveis que ninguém foi. Ele não teve fãs, teve devotos. Teve uma religião com seu nome. Foi maior que a rivalidade, foi maior que aqueles que foram mais capazes que ele. Lutou por vitórias nos campos, nas brigas, nos socos e pontapés, na dependência, na doença, na dor, no vício. Era ele contra rapa.

Até poderia ser um problema, mas ele tinha a bola como aliada. Ela tinha verdadeira adoração pelo pé esquerdo de Diego. Ela o procurava com uma paixão encantadora. Eles se amaram como ninguém poderá sentir igual. Eles se ajudaram, se fundiram. Maradona não foi o futebol, mas o futebol não existe sem Maradona.

Vá em paz, hermano! Vá tranquilo. A gente viverá o luto pelo corpo que não estará mais visível aos olhos, mas sabemos que não te perdemos. Amanhã, logo cedo, estaremos bem porque sabemos onde você está. Todos sabemos e não é de hoje. Sua passagem por aqui foi demoníaca(mente) angelical. Uma hora, ela precisaria acabar. A ligação com Deus é direta e você avisou. Jogue com ele.

Hasta siempre, Diego!

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