NP na Copa: 10 soldados e um gênio
Danny é Messi, mas sua mágoa é não ter sido, até então, umbilicalmente ligado à terra onde nasceu
Havia humor, havia ação, também aventura, jogo, amizade, sorte e azar. A Trilogia Ocean´s, um sucesso secular de bilheteira, ficou conhecido no Brasil como “Onze homens e um segredo”. Nestes filmes, vimos imagens de jogatinas, grandes casinos e a temática de apostas. Logo ela, que é um grande retrato da vida. Apostamos pra tudo. Viver é uma aposta diária.
Quando Danny Ocean sai da prisão, sua missão de vida é a vingança contra o poderoso Terry Benedict, que investia todas as fichas em Tess Ocean, sua ex-mulher. Danny, então, decide reunir um bando de mercenários para roubar três casinos que pertencem a Terry – Mirage, Bellagio e o MGM Grand, três ícones de Las Vegas, a capital do pecado e das apostas. Esta, de Danny, uma de alto risco.
Esta história avança por mais muitos minutos em três filmes, que não pretendo revelar como acabam, até para que você, se ainda não conhece, possa ter essa oportunidade deliciosa. Fato é que os mercenários de Danny trabalham e se arriscam por uma cabeça mais brilhante, que arquiteta, comanda e pensa por todos eles, executores e alta qualidade. É uma hierarquia de trabalho. No filme, mais brutal e mortal do que no futebol, que é mais afeiçoado à lágrima de alegria.
Danny é Messi, mas sua mágoa é não ter sido, até então, umbilicalmente ligado à terra onde nasceu. Desde cedo na Espanha, com a cultura, costumes e comportamento europeus, foi o gênio sem casa. Os argentinos sempre amaram o maior que veremos em vida, mas faltava sangue da lealdade para selar a relação. Em sua last dance na maior competição do mundo, reuniu mercenários que iluminariam o caminho para que pudesse brilhar, à imagem de seu povo.
Muchachos, ahora nos volvimos a ilusionar!
Ilusão é um pilar das apostas. Toda vez que colocamos poucos ou muitos reais em algo que pode ou não acontecer, acreditamos na ilusão de vencer. Confiamos no imponderável, que pode mudar tudo em questão de um segundo. É um salto de fé sem saber se o paraquedas abrirá. Morrer ou voar. E quando se aposta, os sonhos vão juntos, conduzidos pelo amor, pela empolgação e pelo entusiasmo. O povo argentino deu all in em Lionel Messi.
Que convocou seu próprio exército, lutadores irrequietos e irredutíveis na missão, que é lutar. Eles não são os mais habilidosos, inteligentes ou agraciados pela técnica. Eles são operários. Matam e morrem pela causa, dividem cada centímetro de campo, defendem 120 minutos, se preciso for, se duplicam, triplicam, se dividem para conquistar, tudo isso sob o comando de um gênio, que parece saber os momentos de desfilar. Parece não, ele sabe. Tem pleno domínio do tempo-espaço e alenta, comanda, lidera, emociona.
O mais bonito disto tudo, além do filme, dando razão ao trecho acima escrito de que no futebol a hierarquia e a luta são mais sobre lágrimas de amor, a história de Messi e sua Seleção assume as dores. Juntos, cantam cada um dos fracassos e bradam que: “no volverá” a tristeza que sentiram quando o gol da Alemanha chegou na prorrogação. Eles estão nessa jornada por vingança, como Danny, e se apegam na própria história pra vencer.
10 soldados e um gênio. Juntos. Até a morte ou a taça. Nos pés do ídolo que Maradonizou-se, que tomou pra si a gíria dos bairros periféricos de seu país – que mirá, bobo?, que gesticulou como Riquelme, que cantarola como a hinchada, que balança mãos e braços no mesmo ritmo dos que o reverenciam como um Deus, que ainda encontrou na Terra um substituto para Lionel nesse esporte chamado futebol.
Léo precisa dar à Copa do Mundo a honra de ser erguida por ele.
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