O amor prevalece e a história continua, Dudu!

Uma carta de dois palmeirenses que sonharam com esse dia

Em colaboração de Arthur Abramo

A história, disse você, não ia acabar. Lá no fundinho do coração dolorido pela sua partida, eu nunca duvidei disso. Sempre tive certeza de que a pausa teria fim. O choro contido veio, não nego. De longe, desejei seu sucesso, mas o maior dos sentimentos era a vontade de continuarmos juntos. Com raiva dos outros, com lágrimas de alegria, com comemorações descontroladas, com a voz serena para celebrar. Graças a Deus, né. Clareou, Dudu. Dizia o samba. 

Tanto diz, que faz acontecer. Volta quem nunca deixou o coração de quem te ama. Para somar em um time de cabeça fria e coração quente. Que agora também bate por ti. Não mais só por você, exigindo tudo de você, mas também por você, com todo amor do mundo. Porque se todos somos um, você é um entre todos, tão especial. Entre milhões de alviverdes que já te assistiram 305 vezes com essas cores. E estão preparados para mais trezentas. 

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Desde o primeiro beijo no escudo, até o breve adeus. O que você nos deu, dinheiro não compra. Até empresta, mas sai caro. E volta. Um retorno com lucro financeiro, esportivo e sentimental. O superávit que nenhum clube terá na temporada. Ter de volta o símbolo da sua própria reconstrução. Não há nada que supere o carinho. As cifras podem ajudar, mas o amor é definitivo. No futebol volátil e dos euros, a escolha pela idolatria é única e pavimentada com muito suor. Por vezes, com lágrimas e até gritos. Porém, sempre com um sorriso ao final. 

Nesse momento, nós, palmeirenses, sorrimos. Alguns de nós, choram, também. Pode até ser que alguns não liguem. Contudo, com certeza todos celebrarão quando você voltar a pisar em campo com o verde e o branco. Sutileza da vida que o Allianz Parque nunca tenha recebido seu povo sem te ter em campo. E só reabrirá seus portões contigo no gramado. Do verde que te fez marcar contra o Santos na Copa do Brasil de 15 e contra o Botafogo no Brasileiro de 16. Ou do branco que te abriu caminho para guardar contra o Flamengo pelo Brasileiro de 18. Alguns dos tantos que você decidiu. Dessa vez, a decisão não coube a você. O destino escreveu por ti e para nós. 

Esse mesmo destino, que fez Abel Ferreira cruzar nosso caminho ao cruzar o Atlântico. Ele que põe quem de Palmeiras é, onde o Palmeiras está. Será uma honra assistir-vos juntos. No rosto de indignação pela derrota. Na cara fechada do empate. E na lágrima escorrida da vitória. Vocês que não sabem perder. Não admitem perder. Não engolem derrota. Vocês, que mereciam conviver. Assim como nós. Porque nascemos para conquistar. Chegar à Glória Eterna. Dominar o país. Não há ninguém que possa nos impedir de trilharmos de novo esses mesmos caminhos. Agora, contigo, novamente. 

Quando você se foi, pensamos “o que será de nós?”. Agora, repetimos a pergunta. Mudamos apenas o tom. O que será de nós, campeões, com você, campeão? A resposta parece ser óbvia. Esperaremos ansiosos por isso. Talvez não seja de primeira, como em 2015. Caímos antes de chegar ao topo da montanha. Você também caiu, mas se reergueu. Nos reerguemos juntos. Conquistamos o Brasil por três vezes com a sua liderança. Será você o responsável por nos levar até lá novamente? Por enquanto, a resposta não precisa ser sim ou não. Basta ser possível. Porque até quando parecia não ser, você nos mostrou que era. Dudu sempre foi sinônimo de esperança. Nunca era um fim enquanto houvesse uma 7 apaixonada correndo por nós.

Durante sua ausência, as vitórias vieram. E que injustiça da vida tirá-lo desses momentos. Depois, quiseram muitos nomes para aumentar o poderio do já campeão Palmeiras. Mal sabíamos nós que o reforço seria o maior exemplo de torcida que já tivemos em campo. Não é preciso ser o mais habilidoso, nem o mais jovem, ou o mais caro, mas o mais Palmeiras entre todos. Mais do que uma referência técnica, a dimensão de receber um ídolo no berço que o criou é como abraçar o filho depois de uma saudade. A casa é sua, sempre foi sua e nunca deixará de ser.

Passar uma vida usando uma cor é subir a escada pra conversar com os Deuses de verde. É fazer parte do altar de cada palestrino. É morar nos nossos corações pra sempre. A história continua! E cada dia mais bonita, saudosa e campeã.