Opinião: ‘A melhor chance do Palmeiras se reencontrar era reunir os seus, e isso aconteceu’

Vencer o São Paulo é uma obrigação cívica, moral e ética, mas vencer o São Paulo nas condições deste último jogo, que todos vocês sabem bem quais foram, é poderoso

Vou dizer algumas obviedades aqui pra vocês, mas às vezes é preciso relembrar: o Palmeiras não vai bem quando tudo parece bem, quanto as soluções são óbvias ou quando não temos um motivo para reunir todas as alas da nossa família. Gostamos de brigar entre nós, mas de vez em quando arrumamos um inimigo em comum; e esse é um momento quase sempre ótimo.


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Não é nenhuma certeza de que o futebol de alto nível vá reaparecer em 3 dias, até porque ele está ausente já há algum tempo, mas o Palmeiras acomodado incomoda a nós, que torcemos, mais do que um empate aqui e acolá. Realmente não sabíamos qual seria o gatilho necessário para que o poder de mobilização do time reaparecesse, para que o ponto de conexão campo e bancada voltasse, mas talvez um gandula seja a resposta.

Vencer o São Paulo é uma obrigação cívica, moral e ética, mas vencer o São Paulo nas condições deste último jogo, que todos vocês sabem bem quais foram, é poderoso. Aos 57 do segundo tempo, na última bola, depois de erros grosseiros de apito, depois de ser provocado, com as costas na parede e às vésperas do maior jogo do ano, trazendo a torcida pra perto, é um pacote muito especial, é uma faísca, enfim, uma faísca.

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Vídeo: Luiz Bratfisch/Nosso Palestra

Falo com propriedade: tem me faltado vontade de ver e viver meu time, mas quando jogo acabou há algumas horas, eu só queria que amanhã fosse quarta-feira, que num piscar de olhos já estivéssemos no apito inicial da Libertadores. O quebra pau que sucedeu o Choque-Rei mexe no brio de elenco que deu mostras de comodismo, bem como trouxe no torcedor uma indignação que vivia em silêncio. Isso tudo promove um ambiente caótico.

O caos é o afago da Sociedade Esportiva Palmeiras, é o estalo de insurgência, é a convocação para que todos os tipos, credos, idades, humores e pavores se reúnam. Repare: nenhum de nós está pensando no jogador A ou B, se o treinador errou ou acertou, a gente está de alma armada e apontada para a cara do sossego que tanto incomodou. O resultado é uma soma de fatores, mas esse clube, no ódio, é bem mais amigo da vitória do que o que vivia perambulando a Barra Funda.