Opinião: Abel Ferreira quebra silêncio do Palmeiras com desânimo aparente
Treinador do Verdão concedeu entrevista coletiva esclarecendo algumas coisas e colocando outras nas entrelinhas
O silêncio do Palmeiras foi quebrado após o empate sem gols com o Internacional no Brasileirão. Abel Ferreira concedeu coletiva após quatro jogos sem falar, seja pela blindagem feita pela diretoria ou pelas suspensões. Nela, respondeu algumas coisas, mas deixou outras nas entrelinhas com um tom não muito animador para o futuro.
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A fase do Verdão não é boa, isso é fato. Talvez esse seja, inclusive, o momento de maior preocupação para a torcida na ‘era Abel’. Uma vitória em oito jogos, cinco sem vencer no nacional, eliminação para um rival na Copa do Brasil… Tudo isso somado com a falta de reforços e planejamento parece desanimar o treinador.
Apesar de tudo, nunca pode ficar em silêncio. Ainda que com um semblante e falas que aparentam um desgaste, ele sabe como controlar os ânimos de quem o ouve e torce. Sabe exatamente o que dizer para que todos se fechem com o grupo e não abram mão.
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O problema é que o português sempre foi um ótimo treinador, mas está longe de ser santo milagreiro. Tirou leite de pedra em muitos momentos e lapidou nomes que hoje são consolidados, fazendo do Palmeiras o time mais vitorioso do país nos últimos anos, mas isso não pode servir como escudo para os problemas de bastidores.
A falta de reforços parece incomodar Abel, que cansou de pedir por eles desde que Danilo e Scarpa se despediram do clube. O técnico deixou claro que precisava de jogadores prontos, que chegassem para resolver, e o que recebeu foi uma base. Uma base vitoriosa, de fato, mas que ainda não atingiu o mesmo patamar dos titulares.
Claro que o português tem sua parcela de culpa em alguns momentos, quando substitui jogadores de maneira equivocada e aposta em outros que claramente precisam amadurecer muito para vestir a camisa do Palmeiras. Mas é uma parcela mínima, um abismo de distância das que possuem os dirigentes.
Ao dizer que está pronto para treinar qualquer time do mundo pelo que fez em três anos de clube, Abel não mente. Ele está certo, mas a despedida também aparenta ser certa em questão de tempo. O limite parece estar quase sendo atingido, com uma linha praticamente arrebentando, mas que é sustentada pelo “todos somos um”, pela gratidão dos palmeirenses e, principalmente, pelo espírito de não desistente do treinador.
Os próximos meses irão definir se a relação seguirá sustentável ou se o fim desse ciclo surreal está mesmo quase batendo na porta, coisa que nem o mais pessimista quer pensar, mas que é preciso, já que talvez chegue o momento em que isso seja o melhor a se fazer para que a cabeça volte a ser fria com o coração sempre quente de deveres cumpridos.