Opinião: ‘Ainda que se comporte como tal, Leila Pereira não é dona do Palmeiras’

A palavra de ordem da gestão é a terceirização dos problemas para evitar (e silenciar) os questionamentos e críticas que recebe

O Palmeiras vive sua pior fase desde que Abel Ferreira e seus auxiliares assumiram o comando técnico da equipe. A turbulência política finalmente começou a se refletir dentro de campo. Era óbvio que o ambiente externo eventualmente contaminaria o futebol.

As necessidades do elenco eram conhecidas e foram amplamente apontadas pelo treinador e pelos torcedores. Na falta de resultados positivos em um grande clube, é normal e necessário que a insatisfação gere questionamentos. E é aí que está o maior erro da gestão de Leila Pereira.

Em recente entrevista coletiva exclusiva para alguns veículos selecionados, na qual a mandatária deveria se desculpar com os torcedores e corrigir suas rotas, a falta de reforços foi justificada sob o argumento de violência, usando como exemplo a pichação em lojas da Crefisa. A narrativa é fantasiosa e ofensiva à inteligência. Todos os clubes contratam e aumentam a receita de seus respectivos patrocínios, enquanto os valores do Palmeiras são os mesmos desde 2015.

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Torcida do Palmeiras protesta contra presidente Leila Pereira

A palavra de ordem da atual gestão é a terceirização dos problemas, arrumando desculpas para evitar (e silenciar) os questionamentos e críticas que recebe.

Em nome da boa memória e da honestidade, Leila precisa ser questionada sobre quando, enquanto apenas patrocinadora, passou meses negando que concorreria à presidência para depois colocar o clube no maior conflito de interesses do futebol brasileiro. Em qual outro lugar a patrocinadora, que se tornou credora, assume o cargo mais alto da instituição?

Alguém já viu outro presidente diminuir publicamente o clube que comanda? E tratar como favor e caridade todas as medidas que toma mesmo que resultem em benefício próprio?

Não se pode esquecer que seu ingresso na política palmeirense aconteceu via alteração de estatuto, possibilitando um atalho em seu caminho para a eleição, sem que os devidos documentos existissem nos arquivos do clube.

Os torcedores precisam lembrar para sempre das promessas vazias sobre ingressos populares, camisas oficiais mais baratas e reforços badalados que manteriam a equipe sempre como protagonista. Bastaram poucos meses de gestão para que a verdade viesse à tona.

Ainda que se comporte como uma monarca, ela terá que seguir as regras democráticas que construíram o clube, mesmo sem a devida naturalidade. Leila precisa entender que o Palmeiras não tem dono. E tem que seguir assim acima de qualquer coisa.