Opinião: o pós eliminação da Copa do Brasil poderia ser traumático, mas o Palmeiras reencontrou sua melhor versão
É na bola e na força, nem sempre bem jogada, mas sempre extremamente desejada pelo curto elenco
Poderia ser muito difícil, bastante traumático e com prejuízos à sequência do ano palmeirense, mas os dias depois de uma noite de ótimo futebol e terrível arbitragem, que culminaram na eliminação do Verdão da Copa do Brasil, foram bons. Quatro partidas nas quais a liderança do Brasileirão estava em jogo, inclusive foi preciso retomar a posição em uma delas, quando o Atlético Mineiro jogou antes e passou o time de Abel Ferreira. A ponta da tabela é o objetivo, mas uma pressão, também. Chegar ao topo é duro, mas manter-se lá talvez seja a mais difícil de todas as tarefas.
E o atual Palmeiras, convenhamos, é construído dessa forma. São quase dois anos de alta pressão e ótimas respostas. E por respostas não entenda títulos, nem sempre será assim, mas é se colocar na disputa de tudo o que for possível. Esse time já venceu uma Libertadores na qual era o grande azarão, outra que foi marcada por um chaveamento muito duro, com rivais, grandes times e uma final contra aquele que era, em tese, o melhor do país. Nesse Brasileirão, os rivais se reforçaram e jogam bem, mas quem disse que o líder perde?
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Contra o Cuiabá, um a zero sofrido, duro, cheio de percalços, mas três pontos na conta. Contra o América-MG, um pouco de sorte no último lance do jogo, com o gol perdido mais feito do ano. Quem nunca venceu com um pouquinho de estrela, pois bem. Mais um placar mínimo e a soma máxima na tabela. Contra o Inter, que é muito chato, poderia ser derrota, mas um gol nos descontos trouxe mais três para Abel e seus comandados.
Tem sido assim, quase sempre. É na bola e na força, nem sempre bem jogada, mas sempre extremamente buscada pelo curto elenco. Contra o Ceará, no primeiro lucro prático da eliminação da Copa – uma semana sem jogos, um primeiro tempo daqueles, dois a zero e ótimo futebol, mas sempre surge um erro da arbitragem para minutos finais de emoção. E +3. E mais reclamação contra o sistema falido usado para arbitrar partidas, profissionais despreparados e o jogo sempre sob o risco de um erro fatal.
Nesses jogos que acabaram bem, algo poderia ter dado errado, não tenha dúvida disso, mas o mérito é maior. Entender que o futebol também é vencido por aqueles que querem mais, mesmo sob condições adversas, é uma virtude. Que é preciso jogar cinco minutinhos, mas se o placar for favorável, que se fure a bola, esconda, jogue pra lua, mas acabou. Não se perdem pontos nos minutos finais, dizia Felipão, mestre do portuga que hoje é o comandante. Mas se vence um jogo nos descontos, como no gol de Gabriel, que hoje é mais adulto que menino, e entendeu que a cabeça fria também vale para uma Cria em ascensão.
O Palmeiras, em sua melhor versão, ao menos naquelas comandadas por Abel, é a que se supera e encontra soluções no próprio quintal. Menino de volta, Dudu endiabrado, Scarpa artilheiro, Veiga voluntarioso – já que a técnica parece em reajuste, mais pernas do que mente, mas sempre focados num objetivo, que é vencer. Não importa o método, é pela vitória, pela liderança, pela classificação. Se for preciso jogar todas, que assim seja, mesmo não devendo ser. Seria melhor se as peças fossem em maior número, mas já que não são, é preciso conquistar dessa mesma forma, como já aconteceu antes.
Agora, a Libertadores está de volta. Dois jogos duríssimos contra um excelente rival. Na sequência, o segundo colocado do Brasileirão. Era preciso chegar para essa sequência com os pulmões cheios, o que não foi assim tão possível, mas com a cabeça boa, com confiança que dá pra fazer acontecer, como de costume. Que a receita de sucesso em campo segue válida e que pode ser difícil, pode ser sofrido, mas há de ser. O Palmeiras pode, mais uma vez. Pelo Brasileiro, pela Libertadores e pelo que mais vier a surgir pelo caminho.
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