Opinião: Palmeiras pode e deve fazer mais por sua torcida, que tanto faz pelo clube
Quem empurrou o time ao longo de dez meses, ou 108 anos, merece mais que isso
O Palmeiras enfrenta o Fortaleza no Allianz Parque nesta quarta-feira (2), com grandes chances de sagrar-se campeão brasileiro pela décima primeira vez. No possível jogo mais importante do ano, o estádio sequer estará lotado.
Isso não por culpa da torcida, que, durante toda a temporada, marcou presença em peso como nunca antes desde a inauguração da arena. Mas por uma série de fatores que abarcam, em especial, falta de zelo pelos torcedores.
A começar pela persistente dificuldade na compra de ingressos. Ainda que a diretoria tenha se movimentado – depois de muita pressão – em relação aos recorrentes episódios de cambismo, pouca coisa mudou de fato. As filas virtuais são enormes, o sistema é falho e até mesmo o torcedor com o melhor plano de sócio se aborreça na compra.
Sim, se ele conseguir comprar. Porque são inúmeras as reclamações de palmeirenses que pagam o Avanti em dia e não conseguem usufruir de seu principal produto. É um teste de paciência. Desestimula qualquer um.
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Ultrapassada essa barreira, o torcedor ainda se depara com mudança de horário da partida. Das 16h (de Brasília) para as 21h30. Isso depois de garantir a entrada, se planejar e, em alguns casos, vir de outro estado para acompanhar seu time.
De certo, o principal culpado não é o Palmeiras nesse caso. A Rede Globo, responsável pela alteração, pouco se importa com qualquer consequência que não comercial. A CBF, quem negocia e autoriza a medida, torna-se refém do descaso com seu maior produto, o Brasileirão.
Ainda assim, percebe-se leniência da diretoria alviverde com todo o processo. Não há sequer uma pessoa para questionar a decisão, que obviamente lesa milhares de torcedores. Mesmo que não fosse possível reverter o quadro. O mínimo era que o clube se prontificasse a defender sua gente e pedir desculpas, pública e institucionalmente, pelo ocorrido. Ao final, apenas um informe.
Quem empurrou o time ao longo de dez meses, ou 108 anos, merece mais que isso. A torcida bateu recordes de público e média de pagantes nessa temporada; manteve ocupação de mais de 30 mil na maioria das partidas do Brasileirão; apoiou o time nas ruas e virou, na garganta, alguns dos principais duelos do ano.
Nesta quarta-feira, além dos outros problemas citados, o Allianz Parque terá sua capacidade reduzida, em função de show que acontecerá no fim de semana seguinte. Isso poderia ter sido evitado se o clube se planejasse para ter as arquibancadas em plenas condições com antecedência.
Uma solução, por exemplo, era pedir o adiantamento da partida, já que a rodada teve início na segunda. Seja qual fosse a solução, era dever de quem comanda uma instituição tão grande estar a frente destes problemas e não deixar que o acaso lidasse com eles.
Como paliativo, serão montados telões atrás do palco tal qual na final do Paulistão. Gratuita e exclusiva para sócios, a alternativa nem é de todo ruim, mas está longe de ser o que se espera de um dos clubes mais estruturados do país.
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