Opinião: ‘Saudades da Mancha, Allianz Parque e meu Palmeiras’

Há tempos não sentia a falta desse calor da torcida. Do fervor dos jogos importantes, de cantar com milhares de outros que não conheço.

Há anos não vou ao Allianz Parque. Um oceano não permite, e eu vivo bem com isso. Mas a saudade bate, e bate forte de vez em quando. Num jogo do “Portuguesão”, numa segunda-feira qualquer, se fez presente numa experiência estranha, mas interessante.

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Cheguei ao Estádio José Alvalade pouco antes do jogo entre Sporting e Rio Ave. Até ali, parecia um jogo como qualquer outro. Grupos de torcedores reunidos, conversando. Milhões de camisas verdes e brancas – algumas belas em preto e dourado – tingiam a estação Campo Grande. A animação era contida, mas é compreensível. O jogo ainda estava longe.

Entrei, subi, sentei. Olhei o campo, as arquibancadas (ainda) vazias. Faltavam 20 minutos para o jogo e cadeiras vazias estavam em todos os pontos do olhar. As músicas da torcida ainda não tinham iniciado, e eu não poderia prever o que estava por vir.

Com o animado locutor, o estádio ganhou ânimo ao apito inicial. Em uníssono, os 36 mil presentes cantaram a versão sportinguista de My Way, de Frank Sinatra. Numa calmaria rara que, para mim, não pertence ao dia de jogo. Numa tranquilidade que transpareceu em campo, com dois times lentos e um jogo de poucas emoções.

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Não consegui entender. Acostumado com Mancha, Palmeiras, apoio do início ao fim, me mantive atento às arquibancadas – talvez com interesse maior do que em relação ao jogo, que pouco tinha de interessante.

Atrás de um dos gols, torcedores mais animados tentavam levantar músicas, mas sem êxito. Do outro lado, os cânticos eram diferentes, não homogêneos. O estádio ganhou vida com gols de Paulinho e Edwards, com paródias de músicas famosas para enaltecer os jogadores.

Apito final, emoção acabou. Breves celebrações pela vitória importante e a 1ª posição garantida por mais uma rodada. Todos saíram num silêncio estranho do estádio. E eu pensando como seria com a Mancha ali.

Há tempos não sentia a falta desse calor da torcida. Do fervor dos jogos importantes, de cantar com milhares de outros que não conheço.

Sair do estádio cantando. Entrar vibrando. E não parar por 90 minutos. Independentemente do setor, torcer acima de tudo. Apoiar a equipe e não parar nem com resultados ruins ou exibições abaixo – como tem virado costume.

Entrei no metrô com saudades da Mancha. Dormi sonhando com Palmeiras.