Ovación, Uruguai e a terceirização do acaso

O reconhecido e classudo jornal uruguaio ‘Ovación’ publicou em suas linhas, na manhã desta terça-feira (17), uma reportagem que tratava, com argumentos, que Matías Viña se infectou antes do período de reunião da Celeste. Há, de fato, indícios claros e que mostram que o jogador não adquiriu o vírus enquanto esteve concentrado, mas o jornal usou de uma frase complexa: ‘A culpa é do Palmeiras’.

Até onde se sabe, o Palmeiras ainda não é capaz de criar um vírus mundial e causar pânico e desespero ao redor do planeta. Ao que parece, não existe na Academia de Futebol uma central de infecção para jogadores. As chaminés da Casa das Caldeiras, na Matarazzo, não estão lá para dar vazão aos resquícios de fabricação viral.

Acontece que o clube, tal qual o Planeta Terra, foi acometido por um inimigo invisível, incolor e imperceptível. São vários os casos que atormentam o Verdão, e ninguém jamais saberá qual é a pedra fundamental desse problema todo. Aeroporto? Negligência de alguém que vacilou? E se foi comendo um lanche, mesmo de casa? Acontece.

A terceirização da culpa é desonesta, é covarde e acusatória. O Palmeiras deve ter sido o ponto de partida de um jogador infectado, mas e os outros? Qual garantia se tem de que cada um não foi acometido por circunstâncias independentes? Não há como rastrear esse tipo de inimigo. Nem mesmo com má vontade.

Na hora do acalento, porrada. Na hora de estender um gesto de solidariedade, culpa. Não deveria ser assim. Que pena, Uruguai. Que pena, Ovación. Vacina pra Covid-19 devemos ter em breve, mas remédio pra sacanagem não existe.

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