Quatro turnos em um: como foi o Palmeiras na primeira metade do Brasileirão
Mudança de treinador, de sistema e de momentos marcaram a busca do Verdão pelo décimo primeiro título nacional
A vitória por 3 a 0 contra o Atlético-MG, na última segunda-feira (2), foi o ponto mais alto de um Palmeiras confuso e em ebulição no primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Com o triunfo, o Alviverde alcançou os 28 pontos e terminou a metade inicial do certame na sétima posição. Após 18 jogos disputados, visto que a partida de estreia, contra o Vasco da Gama, foi adiada devido à finalíssima do Paulistão, foram 25 gols marcados e 20 sofridos.
Olhando para os últimos três meses, a impressão é de que o Verdão viveu quatro turnos em um. Foram muitas alternâncias de escalações, esquemas, desempenhos, resultados e, inclusive, de treinador. Dessa forma, alguns problemas crônicos, como falta de apoios e lentidão na troca de passes foram se agravando. Consequentemente, a bola pouco chegou para Luiz Adriano, centroavante, que tem uma média de menos de 20 toques por partida e somente uma finalização (sem contar os bloqueados), por jogo, de acordo com o SofaScore.
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Desde o início do campeonato, o Palmeiras apresentou defeitos que persistem até hoje. Nas primeiras rodadas, a torcida criticou muito Vanderlei Luxemburgo pelos jogos chatos da equipe. O Alviverde não rodava a bola com objetividade, tampouco atacava espaços. Além disso, Gabriel Menino, excelente na lateral e no meio-campo, ficava isolado como um ponta direita, mesmo sem ter nenhuma aptidão para a função. A deficiência é escancarada quando percebe-se que a equipe é somente a oitava com mais toques na bola dentro da área.
Quando a manutenção do sistema se tornou insustentável, Luxa alterou a equipe. Lucas Lima foi escalado como um meia direita, saindo do lado para dentro, Zé Rafael, Gabriel Menino e Patrick de Paula formaram uma trinca de volantes e Wesley se consolidou na ponta esquerda. Não houve uma evolução em termos coletivos, porém, pela característica dos atletas, o time se tornou mais móvel e associativo.
Ofensivamente melhor contra Bragantino, Corinthians e Sport, um mito começou a cair: o da defesa forte. Ficou muito claro como o sistema defensivo do Palmeiras se sustentava pelas individualidades, uma vez que o mesmo padrão que faltava no ataque, inexistia na hora de defender. Sem qualquer tipo de pressão na bola, o Alviverde deixava o adversário jogar e acabava encurralado. Além disso, não havia cobertura e proteção na cabeça da área eficientes.
Por isso, o Palmeiras tem apenas o 10° melhor PPDA — índice que mede a intensidade da pressão — do campeonato, com 10.67. A melhor marca é a do Galo, com 6.66. Como se não bastasse, o Alviverde é o 17° colocado no ranking de interceptações por jogo, com média de 32.69.
Com todos esses problemas e muitos empates, o Verdão chegou à décima quarta rodada invicto. Mas, depois da derrota para o Botafogo, a mínima confiança gerada pelos resultados razoáveis foi para o espaço. Na sequência, o primeiro revés contra o São Paulo no Allianz Parque e contra o Coritiba derrubaram Vanderlei Luxemburgo.
O interino Andrey Lopes assumiu o comando do Palmeiras e perdeu na estreia, para o Fortaleza, em uma partida pavorosa do Alviverde. No entanto, no jogo seguinte algumas ideias começaram a aparecer e o time apresentou alguns padrões, com a marcação zonal com duas linhas de quatro, pressão constante no portador da bola, coberturas na linha defensiva e um contragolpe mortal.
A partir desses princípios e da utilização dos jogadores nas funções em que rendem mais, vide Raphael Veiga, o Palmeiras foi um time seguro, capaz de dar um chocolate no badalado Atlético-MG de Jorge Sampaoli. A evolução defensiva foi tamanha que duas das quatro clean sheets do Verdão no campeonato foram nos últimos dois jogos.
Agora, a bola está com Abel Ferreira. O treinador português, ex-PAOK e ex-Braga, estreia contra o Bragantino, na Copa do Brasil, e terá como missão aproveitar o bom momento deixado por Andrey Lopes e colocar o Palmeiras entre os primeiros colocados.
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