Opinião: ‘Torcida exigente é o maior combustível que um clube de futebol pode ter’

Gana de vencer e um ódio incontrolável pelo fracasso é a história e a essência do clube que escolhi amar

Há quem prefira um clima mais pacífico, mais entediante, e está tudo bem. Há outros, porém, que são entusiastas de discussões acaloradas, incentivos empolgados e uma exigência alta – sou parte deste time. Cientes de que não existe torcedor melhor ou pior, me vejo na obrigação de celebrar o clima incendiário da última sexta-feira.

Com muita raiva do insucesso, o palmeirense queria respostas, queria em campo o mesmo desejo que ele sente, e conseguiu se ver espelhado em jogadores e comissão, principalmente após os protestos que surgiram na ida para o intervalo. Como em qualquer cobrança de trabalho, a indignação tende a gerar mais ódio, e esse é um sentimento que pertence aos melhores dias da SEP.

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Sem falso puritanismo, entendemos e concordamos que este clube, do porteiro ao ponta-esquerda, se sente bem quando as águas estão agitadas, porque o grande se faz grande quando é necessário. Senti um Palmeiras adormecido e pouco incomodado nas rodadas passadas, custando pontos fundamentais na caça ao Botafogo.

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No jogo passado, vitória magra com atuação gorda, não. Havia na arquibancada um saudável sangue no olho e nas palavras, e isso chegou ao gramado, com atletas ávidos até por cobrarem laterais com agilidade mesmo já na dianteira do placar. Pra mim, essa gana de vencer e uma repulsa incontrolável pelo fracasso são a história e a essência do clube que escolhi amar.

Não concordo com quem vê isso tudo como exageros ou violência – nunca houve qualquer gesto hostil – contra um grupo vencedor. Pra mim, é um momento em que o coração do torcedor foi buscar o espírito esmorecido de muitos caras importantes, foi lá na marra lembrar que eles ainda podem ser responsáveis pelo décimo terceiro. Abel precisava sentir que pode, e os quatro pontos de distância são muito plausíveis.

Tem que ter raiva. Tem que ser Palmeiras.