Carta aos céus sobre 2020

Oi, vô. Tudo bem?

Quanto tempo que não conversávamos. Uns três anos, né? Parecem tantos mais. Tanta coisa pra contar e contar. Histórias para relembrar. Ouvir, até cansar, você falando o que tem feito de bom por aí. Mas agora vou tentar ser mais sucinto. Eu sei, eu também gostaria de falar mais, mas eu prometo: 2020 tem coisa o suficiente pra esta carta. 

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Começar com a sua Portuguesa querida. Você, o torcedor mais louco que já conheci – louco o suficiente para presidir o clube duas vezes – já deve saber, mas sua Lusa tá de volta ao cenário nacional. Sim! Campeã da Copa Paulista e chegando com tudo na Série D. Ainda tem um chão, mas logo logo volta a ser a Lusa que você tanto amou. Comemorei bastante aqui, e logo no ano do centenário. Comprei uma camisa linda, tão bela que eu aposto que essa você não mandaria eu ‘jogar no lixo’. Também saiu o livro oficial e participei dele… participamos. Foi bom demais.

Texto presente no livro oficial do centenário da Portuguesa de Desportos

Além da sua Portuguesa, não podia faltar o meu Palmeiras. Você falou que 2016 era verde e acertou. Não pôde prever 18 e nem ver o que aconteceu em 20, mas digo: você jamais adivinharia. 

Começamos com Luxemburgo. Sim, loucura. Pleno 2020 e pensando como na década de 90. Deu certo… bem, mais ou menos. Ganhamos o Paulista, em cima do Corinthians ainda. Eu nunca tinha comemorado esse título. Consegui. O Patrick de Paula, você não conhece, mas é um menino bom de bola, viu, bateu o último pênalti com uma personalidade impressionante. Lá no ângulo. Daí corri pela casa, aqui em Portugal (sim, não estamos mais em São Paulo, mas isso fica pra outra carta, ok?), comemorando. Queria te ligar como fiz em 15, quando você e a vó, que de palmeirenses só têm o neto, comemoraram o título como se tivessem ganhado na loteria, mas não rolou. 

Depois foi só desgraça por um tempo, sabe? O time tava mal, eu tava me irritando. Desanimei um pouco, mas, mesmo assim, todo jogo tava eu lá, na frente da TV. Vi o Palmeiras empatar com Goiás, Fluminense, Inter, perder pro São Paulo, Botafogo, Coritiba. Aposto que se jogasse com a sua Lusa não vencia. No fim, caíram na real. Mandaram o Luxa embora e buscaram um técnico novo. 

Até ele chegar, o Cebola assumiu essa bronca. Treinou bem o time, me deu esperança. Quase veio um espanhol, chegou um português. E é bom, viu? Nunca vi um tão bom no Palmeiras. Cuca, Felipão, Marcelo e Oswaldo de Oliveira, todos esses. Nenhum me impressionou tanto. 

Começamos a ganhar e ganhar, mas ainda “não ganhamos um caralho”. Tamo na semi da Libertadores, lá vem pedrada com o River. Mas em 1999 foi assim também, e lembra no que deu? Eu não tava lá, mas sei bem. Espero que tudo se repita. 

E tá rolando uma pandemia também. Loucura isso. Todo mundo trancado em casa, saindo de máscara. Fiquei com um tempo livre e segui seu conselho, uns anos atrasado, e comecei a escrever. Não criei o blog que você tanto queria, mas tô em dois sites agora, falando de  futebol e de Palmeiras todo dia no Nosso Palestra, como eu fazia com você, mas agora pra muito mais gente. Quem diria? Eu certamente não. 

O ano foi maluco. Aconteceu muita coisa e não aconteceu nada. Loucura total. Os campeonatos ainda não acabaram, só em 2021, que tá logo ali. Hoje, inclusive, é o fim de 2020, seu aniversário de casamento (minha vó mandou um beijo), o começo de um novo ciclo e a lembrança de todos que já passaram. 

Foi isso que rolou. Espero que esteja tudo bem aí em cima, com muitos afazeres – sei que você não gosta de ficar parado -, projetando prédios, jogando bola, vendo sua Portuguesa e meu Palmeiras. Um dia estaremos juntos novamente, comemorando títulos dos dois times, um que você me fez amar desde pequeno, e outro que eu te fiz amar depois de velho. 

Um ‘beijo na cuquinha’, vô.

Saudade.

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