A meio-campista Ary Borges fez história no Palmeiras ao conquistar o Paulistão e a Copa Libertadores da América em 2022. Atualmente, a atleta atua pelo Racing Louisville, dos Estados Unidos, mas, mesmo longe do Verdão, segue acompanhando na torcida pelo clube em partidas do futebol masculino e feminino.
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A jogadora chegou ao Verdão em 2021 após se destacar no São Paulo. Em entrevista exclusiva ao NOSSO PALESTRA, Ary relembrou seu início do Verdão, destacando o carinho recebido da torcida e a importância do clube em seu crescimento como profissional.
– A Ary é muito ativa nas redes sociais, isso também aconteceu nesse processo de amadurecimento no Palmeiras. O clube me ajudou nessa questão de amadurecimento. A Ary não deixa de ser a Ary, espontânea, mas está mais madura. Em relação a isso de sair do São Paulo e ir para o Palmeiras, eu era muito nova e jogava no São Paulo. O torcedor palmeirense soube e viu que aconteceram coisas em redes sociais, mas quando eu tive o convite de ir para o Palmeiras, o Palmeiras me apresentou um projeto. A carreira da Ary é muito mais importante, sempre foi. Quando o Palmeiras me apresentou um projeto mais interessante e atrativo do que o do São Paulo… óbvio, eu queria uma renovação, tinha tido um ano muito bacana em 2019, era normal continuar no São Paulo, o time tinha subido. Era o roteiro a ser seguido, continuar no São Paulo. Mas o Palmeiras me apresentou um projeto muito mais interessante, muito mais atrativo para a minha carreira. Não era só mais um ano da Ary em um clube. Era o desejo de vestir a camisa da Seleção, que eu já não tinha tanto na época. Óbvio, eu sonhava, mas não era aquilo que brilhavam os meus olhos. O Palmeiras reascendeu essas chamas.
– Tinha uma questão familiar, meu pai é são-paulino doente e não queria que eu saísse. Hoje, se eu pudesse ter a chance de novo, eu sairia de novo. Foi um momento conturbado demais para a Ary como pessoa, não soube como lidar. Foi um burburinho muito grande em redes sociais, meu celular não parava no dia que eu fui anunciada pelo Palmeiras. Tinha uma mescla entre os torcedores me xingando e os torcedores palmeirenses felizes por eu ter chegado. Fiquei triste que saíram muitas inverdades sobre a minha transferência dizendo que eu já estava acertada com o Palmeiras desde a metade do ano. Isso nunca aconteceu. Fiquei muito chateada. Parei de olhar a parte ruim e comecei a olhar a torcida palmeirense me mandando mensagem. Se eu tivesse a oportunidade de escolher de novo, escolheria de olhos fechados poder ir para o Palmeiras. Foram três anos de muita reciprocidade, do clube comigo, dos torcedores comigo. No último ano eu pude retribuir saindo com o título, podendo marcar meu nome na história do clube que nem o clube marcou o nome na minha história. Até brinquei no dia do aniversário do clube que eu e Palmeiras fomos amor à primeira vista. Foi o casamento perfeito e é um clube muito especial para mim.
No clube, Ary conquistou títulos como um Paulistão e uma Libertadores – os principais da história do Palmeiras Feminino. Com ela, outra atleta que brilhou no Verdão nos últimos anos foi Bia Zaneratto, camisa 10 e capitã da equipe desde 2022.
As duas formaram uma importante dupla ofensiva nas Palestrinas, marcando gols importantes e com bom entrosamento em campo. Isso, contudo, não ficou restrito ao Alviverde, uma vez que as duas brilharam também pelo Brasil na última Copa do Mundo.
Apesar da eliminação precoce da Amarelinha na fase de grupos da competição, Ary e Bia encantaram o mundo na primeira partida da Seleção na competição com três gols da meia e um golaço da Imperatriz. Sobre isso, Ary deixou evidente o carinho que sente pela atacante, afirmando ser a maior artilheira da história do Palmeiras, uma vez que “a Bia não conta”.
– A Zane (Bia Zaneratto) é uma pessoa especial. Uma pessoa que tenho como ‘ídola’ no futebol. A gente sempre brincou, ela vinha, ficava seis meses, dava um gostinho de quero mais e ia embora. Vinha de novo, ficava um pouquinho e tinha que voltar para o clube porque estava sempre por empréstimo. A gente vinha conversando, falando: “Pô, vem para cá. Passa um ano com a gente, vamos ver que você pode ajudar a gente”. É uma pessoa que ano passado a gente se encontrou, não só a Bia e a Ary, mas o clube em si, principalmente na Libertadores. O clube e as meninas, a gente se entendeu com o grupo e a gente se uniu de uma forma que a gente nem sabe como e por quê, muito também pela vontade que a gente tinha de ganhar a competição. A dupla Ary e Bia ficou marcada por gols, jogadas, e a gente conseguiu ter um entrosamento muito bacana. Eu sempre falo, é muito fácil jogar com gente que é craque, que é diferente como a Bia. Era fazer o simples e deixar que ela fizesse a magia acontecer. Em diversos momentos, eu estava ali, levantando o braço e esperando uma bolinha dela e muitas vezes aconteceu. Eu falo que eu sou a maior artilheira da história do Palmeiras porque a Bia não conta. Eu tô em cima, a Beatriz vai embora e está tudo bem.
– Foi um orgulho, é uma menina de um coração gigante, muito humilde. Uma pessoa que tenho como amiga, que eu converso. Ela já me deu muitas coisas no futebol. Sempre pergunto como estão as coisas no Palmeiras. Lá na Seleção, o gol que aconteceu mostrou muito, né? O torcedor palmeirense lembrou muito das épocas que a gente vestia a camisa verde. Ela até me perguntou: “Cara, como você me viu?”. Eu falei: “Acho que só ouvi sua voz ali, eu sentia que você estava atrás de mim e eu sabia que podia tocar a bola para você. É os tempos de ‘Palmeirinha'”. A gente tem um entrosamento muito bacana, é uma pessoa que eu torço muito para que ela continue tendo sucesso no Palmeiras, que a gente continue tendo sucesso na Seleção porque é alguém por quem eu tenho um carinho muito especial.
VEJA NO NOSSO PALESTRA
Gol de Bia Zaneratto com assistência de Ary concorre ao Prêmio Puskás
O carinho de Ary, contudo, não está restrito a Zaneratto e suas ex-companheiras de equipe. Após entrar na história do Palmeiras, a atleta segue acompanhando os jogos masculinos e femininos do Verdão, indo inclusive ao Allianz Parque quando tem uma oportunidade.
Segundo ela, o sentimento pelo Maior Campeão Nacional é de “gratidão”. No entanto, como já explicou Joelmir Beting há muitos anos, é algo impossível de explicar, que surgiu naturalmente durante sua passagem pela equipe.
– Acho que o sentimento é de muita gratidão e muito carinho mesmo. Eu falo, eu saí dizendo isso: “Aqui é minha casa. Tenho o Palmeiras como minha casa”. É um lugar que eu me sinto à vontade. Quando eu volto ao Brasil, vou lá assistir uns jogos, ver as meninas. Acho que esse é o sentimento, de muita gratidão. O clube me ajudou, de colocar a Ary no cenário nacional. Vestindo a camisa do Palmeiras, eu vesti a camisa da Seleção de novo. Pela primeira vez com a principal. Eu tenho um carinho muito especial.
– Eu não consigo te dizer o porquê. Foi um processo natural, muito porque o Palmeiras quis muito a Ary. Quando você sente que o lugar te quer, você acaba se entregando. Você não consegue explicar o motivo, foi acontecendo durante os anos. Poder entender a história do clube, o que o clube precisava. Eu recebia muito essa forma de identidade, eu sentia que eu estava em casa, que eu vestia a camisa de um clube que eu podia representar da forma mais natural possível, que é o estilo de vida da Ary. Eu não sei exatamente o porquê, o que aconteceu. Foi muito natural, isso torna muito mais especial. Quando vou ao Brasil, eu vou lá visitar as meninas, eu vou lá assistir ao jogo. Se tem jogo do masculino, eu vou lá no Allianz Parque. Foi natural, muito especial. Com certeza eu vou levar para o resto da minha vida porque é algo muito bacana esse sentimento que tenho e recebo de volta das pessoas. Não sei explicar o que aconteceu, mas deu certo.
VEJA NO NOSSO PALESTRA
Ary comemora canta torcida em jogo do Palmeiras no Allianz Parque
Por fim, Ary falou sobre um possível retorno ao Palmeiras. Atuando nos Estados Unidos desde o início do ano, a atleta afirmou ter sonhos que ainda não foram conquistados, mas não descarta vestir a camisa palestrina novamente no futuro.
– O recado é de muita gratidão. Mesmo eu não vestindo mais a camisa do Palmeiras, eu tenho uma grande maioria de pessoas que me acompanham, que são palmeirenses e têm um carinho grande por mim. Eu sempre vejo as mensagens de vocês (torcedores) pedindo para voltar, falando que sentem falta. Eu também sinto falta de vocês. Não teve nada mais prazeroso do que sentir o carinho de vocês quando eu sair e sentir o carinho de vocês mesmo jogando em outro clube. É muito recíproco esse carinho, eu assisto todos os jogos do time no masculino, feminino. Sempre estou na torcida, sempre dou um jeitinho de conseguir estar ali com o celular assistindo. É um clube que eu tenho como a minha casa, um carinho muito especial. A camisa 8? Quem sabe daqui uns anos. A Ary tem alguns sonhos para vive e realizar. Quem sabe daqui uns anos a gente se vê de novo?
Agora sem Ary Borges, o Palmeiras busca seu segundo título da Libertadores Feminina. O Verdão entra em campo pela competição nesta quinta-feira (5) às 17h (de Brasília) diante do Barcelona de Guayaquil.
Veja a entrevista na íntegra: