70 anos de Maracanã: ele sempre foi verde!

Foto: Arquivo Pessoal

Um dos maiores sonhos que este repórter que vos fala tinha na vida, era o de conhecer o Maracanã. Como um amante do futebol brasileiro, infelizmente não tive a chance de estar no antigo Maraca. Deveria ser uma cancha ainda mais estonteante. A felicidade e a simplicidade da famosa ‘Geral’ era uma coisa que me encantava, mesmo pela TV. Num tempo em que o futebol ainda representava o espaço de todas as camadas sociais do nosso país.

Mas o Campeonato Brasileiro de 2018 se afunilava para o seu final, e como já era de costume desde 2016, Palmeiras e Flamengo brigavam pelo topo da tabela. Era chegado o grande momento de pisar no Mário Filho. O enredo não poderia ser outro. Ver meu time diante da massa rubro-negra.

Cresci escutando meu pai me contando a história de quando foi ao Maracanã, ver o Palmeiras de Jorge Mendonça golear o Flamengo de Zico e Júnior por 4 a 1, pelo Brasileirão de 1979. Até hoje foi a única peleja que ele viu no estádio nos seus mais de 64 anos de vida.

Quase 40 anos depois, era a minha vez de ver um Flamengo x Palmeiras no maior palco do futebol. Contra a vontade dos meus pais, que achavam a ideia totalmente errada. ‘O Rio está muito perigoso!’, ‘Pra quê ir ver jogo fora?’, eram alguns dos questionamentos.

Saímos de São Paulo na manhã de sábado, 27 de outubro, em dois carros. Ainda na Dutra, ultrapassamos os diversos ônibus das organizadas do Verdão que também partiam para o jogo decisivo no Rio de Janeiro. A adrenalina só aumentava.

Chegamos na cidade maravilhosa às 14h. Uma rápida visita aos amigos do Palmeiras RJ para retirar os ingressos e depois partimos para o apartamento alugado, onde deixaríamos as malas.

A rivalidade entre Palmeiras e Flamengo só cresceu nos últimos anos. E o ambiente não era nada pacífico para os paulistas. As duas torcidas que possuem um longo histórico de brigas, protagonizariam mais um triste episódio na chegada dos ônibus da Mancha Alviverde no perímetro do estádio. Muito por culpa da despreparada PM do Rio de Janeiro e também dos donos da casa.

O ambiente muito hostil, as patadas da cavalaria e as bombas da polícia, praticamente nos encurralaram para dentro do estádio.

Mas entramos.

Ligação pra mãe pra avisar que está tudo sob controle e depois fila para comprar cerveja. No Estado do RJ é liberado beber dentro da cancha.

Em campo, o Palmeiras de Felipão vinha de uma duríssima derrota na La Bombonera pelo primeiro jogo da semifinal da Libertadores. Um resultado ruim diante do Flamengo, poderia não significar somente a aproximação dos cariocas na tabela, como também minaria a confiança do time que quatro dias depois precisaria reverter a eliminatória contra o Boca no Allianz Parque.

Felipão, até então invicto no Brasileiro, escalou um time todo remendado para encarar o Flamengo. Lembro-me de poucos momentos do primeiro tempo. A tensão somada a emoção de estar naquele lugar, vivenciando um jogo daquele tamanho, era muito grande.

O segundo tempo chegou, e com ele o gol de Dudu. Após belo passe de Antônio Carlos, o camisa 7 que pra alguns não é decisivo, matou a bola no peito tirando do zagueiro e fuzilando o canto esquerdo de César.

Daí pra frente foi uma completa loucura. A quantidade de cerveja que voou pelos ares simbolizava a alegria alviverde. O gol do craque do campeonato calou o Maracanã. A torcida alviverde tomou conta do Mário Filho assim como em 79 e em 51. O gol de Marlos Moreno não foi capaz de apagar a festa palmeirense.

O empate em 1 a 1 manteve a diferença em 4 pontos na tabela e as luzes se apagaram comigo agradecendo ao céus por ter vivido tal apoteóse.

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Hoje foi um dia muito foda. Obrigado futebol.

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O Maracanã realmente é diferente. E foi do jeito que eu sonhava. Um jogo do meu time, diante da maior torcida do Brasil. Calando-os por um bom tempo. Conhecer o Maracanã em jogo de Seleção ou em uma partida aleatória não seria a mesma coisa.

Infelizmente a incompetência dos órgãos públicos deve acabar com a torcida visitante também nos duelos interestaduais entre Flamengo e Palmeiras. É triste. Mas virou tendência entre os que deveriam lutar por suas torcidas e pelo espetáculo.

No fim, quem viveu, viveu.

Eu somente agradeço. E parabenizo o Maraca pelos seus 70 anos.