A glória que não precisou ser vista – 20 anos da América Alviverde

Não vi mesmo. Tinha 5 anos e mal sabia do que se tratava aquela camisetinha verde que ganhei dos meus pais e com a qual faziam mil fotos minhas para "que ele veja quando for mais velho e entenda do que se trata". Eu dormia quando os penântis chegaram para Deportivo Cali e Palmeiras. A minha geração inteira deixou de ver com o desespero do ao vivo aquela eternidade, mas ela invadiu nossos corações e mentes para que soubessemos eu, os mais velhos, os mais novos, os que nasceriam já com aquele elenco aposetado ou até os que se foram na esperança da conquista, que a América se tornaria verde em 16.06.1999.

Sabe o porquê celebrarmos esse aniversário de algúem que não podemos conversar ou trocar olhares? Porque a conquista não tem prazo, não se encerra na própria história. Ela vai se perpetuando em cada lembrança de cada pessoa que sentiu e viveu à sua maneira, que buscou saber sobre, mesmo que o curso temporal não tenha ligado corpo e fato diretamente. É muito maior do que isso. Os relatos que são passados como herança dos menos novos aos mais sedentos por conhecer, é um legado da paixão de ser Palmeiras.

E foi assim, com o afeto pelo que viveu, que esses que aqui publicam começaram a se lembrar daquele momento de conquista. Primeiro, para contar por onde passou aquela jornada do título. Pela América afora, viajou..

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O garoto lembra que em 1999 voltava da escola que estudava nas noites e ia voando para casa porque sempre tinha jogos às terças, quartas e sextas. No dia 16 de junho, saiu mais cedo da escola. Pediu para a mãe buscar porque não tinha idade para ter dispensa. Tinha 16 anos. E no dia 16 assistiu, aflito, de casa, a corrida de Evair para a bola, o pênalti desnecessário de Júnior Baiano, o gol de Oséas, o pênalti desperdiçado por Zinho, Júnior Baiano se redimindo, Rogério dando esperança, a vibração de Roque Júnior, a bola de Euller na bocheca da rede. E Marcos correndo para a conquista. O mural de heróis de um torcedor garoto que hoje desenha sua memória mais bonita.

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O Palmeiras de 2019 é forjado no de 1999 que foi construído com base no de 1914. No desejo de seus fundadores, no amor de seu torcedor, na competência de seus nomes. Na mão de Sampaio que ergueu a América. Em todos nós que hoje celebramos a data e a reavivamos no coração de todo alviverde. Nessas artes, nesses artilheiros que foram da zaga ao ataque, do erro à redenção. Do Baiano, do Alex, do Evair. Importa pouco o detalhe, mas vale tudo o calor desse legado que fazemos questão diária de falar, de contar, de escrever.

Hoje, não importa quem somos ou como passamos o dia 16.06.1999. É todo mundo como família, como o Palmeiras que não deixa morrer os seus maiores nomes e que faz questão de exaltá-los. Ontem, hoje e sempre, campeões da Libertadores da América.

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Texto e finalização: João Gabriel Falcade
Roteiro e Arte: Thiago Rocha