A história do Palmeiras pelas lentes fotográficas

De Palestra a Palmeiras, um olhar inesperado dos 106 anos alviverde

Fotografias possuem a raridade de eternizar momentos marcantes, congelar pedaços do tempo e narrar fatos com precisão, criando uma cronologia que explica como chegamos até os dias atuais. Em 106 anos de Palmeiras, diversos momentos foram imortalizados pelos clicks das câmeras. A fim de resgatar os valores da Sociedade Esportiva Palmeiras, o Análise Verdão trás esse conteúdo inédito, contando a trajetória vencedora do clube apenas pelas lentes fotográficas. 

Muito mais do que o texto presente em cada imagem, o real propósito desse projeto é contar desde nossas raízes a até os dias atuais apenas com o olhar realístico de uma imagem. Confira a seguir as mais de 70 fotos que viajam desde o centro da cidade de São Paulo na década de 1910 até o pênalti convertido por Patrick de Paula em 08 de agosto de 2020.


Centro de São Paulo nos anos 10. A cidade e o estado cresciam juntamente com a vinda de imigrantes e o sucesso do café (Foto: Hagop Garagem / Restauração: Análise Verdão) 

Marco inicial da história alviverde, a foto datada no início da década de 1910 nos remete ao extinto Salão Alhambra, situado na Rua Marechal Deodoro, região da Praça da Sé. Impulsionados pela excursão do Torino e do Pro-Vercelli ao Brasil no início do século, 46 interessados, sendo a maioria funcionários da Indústrias Matarazzo, fundaram no dia 26 de agosto de 1914 a Società Sportiva Palestra Italia, primeiro clube de imigrantes italianos em São Paulo.


Salve Palestra Italia, a cidade de Votorantim dava as boas vindas ao novo clube da capital (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Quase cinco meses após a fundação, o jovem clube estreou dentro de campo. No dia 24 de janeiro de 1915, em Votorantim, região de Sorocaba, o Palestra enfrentou o Savoia, equipe também de imigrantes italianos. De pênalti, o zagueiro e capitão Bianco, anotou o primeiro gol da camisa alviverde. O atacante Alegretti ainda ampliou. Na foto, minutos antes da partida, a bandeira nas tribunas do estádio dão as boas vindas ao Palestra.


Primeiro elenco do Palmeiras a disputar o campeonato Paulista realizado pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

O primeiro elenco a disputar o Campeonato Paulista. Depois de passar 1915 apenas realizando amistosos, o Palestra enfim se filiou a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA). A estreia no Campeonato Paulista ocorreu no dia 13 de maio de 1916, no empate por 1 a 1 com o Mackenzie, vice-campeão estadual na temporada anterior. Apesar do bom resultado, o clube acabou na penúltima colocação.


Da esquerda para direita: Forte, Federici, Serafini, Ministro, Oscar, Heitor, Martinelli, Primo, Severino, Bianco e Picagli. O primeiro time campeão paulista pelo Palmeiras (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Na quinta temporada seguida disputando o Campeonato Paulista, enfim o Palestra Itália conquistou a sua primeira taça de grande relevância. Após 16 jogos e 15 vitórias, uma derrota na última rodada diante do Paulistano forçou um jogo extra para decidir o campeão. Fora de casa, o Palestra bateu o mesmo Paulistano de Friedenreich por 2–1 e levantou o caneco. O campeonato também marcou a maior goleada em jogos oficias dos 105 anos de história: 11–0 sobre o Sport Club Internacional. 


Entrada do Parque Antarctica antes de uma partida em 1921 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Local de disputa das maiores partidas de São Paulo no início dos anos 1900, o Parque Antárctica foi fundado em 1902. Jogando lá desde 1917, o Palestra comprou o terreno por 500 contos de réis (em torno de 65 milhões de reais) em 1920, ato que foi chamado na época como ‘’a loucura do século’’. Na foto, tirada em 1921, percebe-se as primeiras construções e melhorias realizadas pela diretoria do Palmeiras.


A afiada dupla Heitor (esq) e Romeu (dir) conversam dentro de campo antes do apito do juiz (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

No raro clique da Gazeta Press, a conversa na beira do gramado em 1931 entre os dos dois maiores ídolos da era Palestra Itália: Heitor (esq) e Romeu Pellicciari (dir). Heitor (também chamado de Ettore), detém a maior artilharia do clube até os dias atuais, com 317 gols em 359 jogos durante 1916 e 1931. Já Romeu, entre 1930 a 1935 e 1942 anotou 108 gols em 161 partidas.


O elenco palmeirense para a temporada de 1933 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Bicampeão Paulista entre 1926 e 1927, além das conquistas da Copa dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo e Campeonato Paulista Extra em 1926, o Palestra formou um time multi-campeão no fim da década de 20. No início dos anos 30, ainda colhendo frutos das conquistas, venceu o tri Paulista (1932/33/34) e o Torneio Rio-São Paulo 1933 (foto). Em 05 de novembro de 1933, em partida válida pela penúltima rodada do Campeonato Paulista e também pelo Rio-São Paulo aconteceu a maior goleada da história dos Derbys entre Palmeiras x Corinthians, com a vitória por 8–0 do Palestra. Gols anotados por e Romeu Pellicciari (quatro vezes), Imparato III (três) e Gabardo.


Com a reforma, o estádio palestrino ganhou novas arquibancadas de cimento armado, se tornando o mais moderno de São Paulo (Foto: Academia de História do Palestra Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Em 1933, o estádio passou por amplas reformas, com a construção de novas arquibancadas de cimento armado e tribunas sociais erguidas em mais de cinco anos de arrecadação e trabalho. Pela grande reforma passou a chamar Stadium Palestra Italia. Em 1937, foi instalado o primeiro circuito de iluminação para jogos no estádio. Já o eterno Jardim Suspenso viria a ser construído apenas em 1964.


A Arrancada Heroica: Na frente o goleiro Oberdan Cattani e o capitão (General) Adalberto Mendes. Seguidos por Junqueira, Begliomini, Zezé Procópio, Og Moreira, Del Nero, Cláudio, Waldemar Fiume, Echevarrieta, Villadoniga e Lima (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Segurando a bandeira do Brasil, os jogadores do Palmeiras entram em campo ao som de forte vaias da torcida do São Paulo no 20 de setembro de 1942. Após ser pressionado a mudar o nome de Palestra Italia para Palestra de São Paulo em março de 1942, o clube foi obrigado a tirar o Palestra em setembro, virando definitivamente Sociedade Esportiva Palmeiras em 14/07/1942. No primeiro jogo com a nova alcunha, a vitória por 3–1 diante dos tricolores rendeu o nono Campeonato Paulista para a esquadra alviverde liderada por Oberdan Cattani e Waldemar Fiúme. O episódio foi batizado como Arrancada Heroica.


Elenco perfilado com a faixa de Campeão Paulista de 1947, o primeiro de Oswaldo Brandão pelo clube (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

O título paulista de 1947 ficou marcado por ser o primeiro de muitos conquistados pelo técnico Oswaldo Brandão. Recém aposentado dos gramados, o ex jogador já estava na sua segunda passagem pelo clube, após um breve comando em 1945. Sem ser campeão paulista desde 1944, os comandados de Brandão impediram o tri campeonato do São Paulo e levaram para a sede social o décimo primeiro Campeonato Paulista do Verdão. Brandão ainda conquistaria com o Palmeiras mais três estaduais e três brasileiros, se tornando o técnico que mais dirigiu a equipe, com 385 partidas no banco de reservas.


Jair da Rosa Pinto motivando Oberdan Cattani e Nestor no intervalo do ‘Jogo da Lama’, o clássico contra o São Paulo que decidiu o Campeonato Paulista de 1950 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

A eterna foto do ídolo Jair Rosa Pinto no intervalo da partida decisiva do Paulistão de 1950, contra o São Paulo, na qual o jogador grita com o elenco palmeirense pedindo raça. Perdendo o jogo por 1–0, a equipe dependia apenas de um empate para ser campeão. O discurso surtiu efeito e no segundo tempo Jair deu assistência para Achilles, que marcou o gol do título. 


Jair Rosa Pinto (ao centro), capitão do Palmeiras, recebe o troféu da Copa Rio de 1951 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Um ano após o Maracanazo, o futebol brasileiro novamente dava alegrias ao país. Para um público de 100.933 pagantes no mesmo Maracanã do pesadelo de 1950, o empate por 2–2 diante da forte Juventus de Turim consagrou o título Mundial de 1951 para o Palmeiras, que já havia vencido o primeiro jogo da decisão por 1–0. O gol da conquista foi anotado pelo atacante Liminha aos 22 minutos da etapa final. Embora ainda hoje exista uma grande discussão sobre a validade do troféu como conquista mundial, a FIFA já reconheceu o torneio de forma oficial em um documento de 2014, apesar de voltar atrás pouco tempo depois.


Momento de descontração. O ‘’Pai da Bola’’ Waldemar Fiume joga sinuca antes da final da Copa Rio de 1951 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Na concentração, os atletas jogavam sinuca para descontrair. Na foto, Waldemar Fiume aparece com trajes palmeirenses em um clique durante o momento de relaxamento. Conhecido como ‘’Pai da Bola’’, o meio campista e zagueiro atuou por 17 anos no elenco profissional, somando 601 partidas e 27 gols. É um dos cinco jogadores homenageados com um busto na sede do clube. 


O jovem Mazzola chora nos vestiários do Pacaembu com o empate por 4–4 diante do Corinthians (Foto: Acervo Ricardo Bacconi / Restauração: Análise Verdão)

A dor de um empate com gosto de derrota. Aos 17 anos, o jovem atacante Mazzola chorava nos vestiários do Pacaembu após a igualdade por 4–4-entre Palmeiras e Corinthians pelo Campeonato Paulista. Em 114 jogos e 89 gols com a camisa alviverde, o atacante foi vendido ao futebol italiano logo após a Copa do Mundo de 1958, proporcionando dinheiro para a formação da equipe conhecida como Primeira Academia e a construção do jardim suspenso no Parque Antárctica.


Palmeiras Supercampeão em 1959. Em pé: Djalma Santos, Valdir, Valdemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Geraldo Scotto. Agachados: Julinho Botelho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Apesar de boas equipes, o Palmeiras não conquistava nenhum título no futebol profissional desde 1951. No Paulistão de 1959, o empate em número de pontos entre alviverdes e santistas forçou uma série de partidas para definir o campeão. Após empates por 1–1 e 2–2, o terceiro jogo reservou um dos grandes duelos da história palmeirense: a vitória de virada diante do Santos de Pelé e consequentemente a conquista de mais uma taça. Pela grandiosidade e equilíbrio entre as duas esquipes, o torneio passou a ser conhecido como Supercampeonato Paulista de 1959.

O triunfo marca o início Primeira Academia, responsável pela Taça Brasil de 1960, Torneio de Florença e de Guadalajara em 63, Rio-São Paulo de 65, Paulista de 63 e 66, Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa no mesmo ano: 67.


Julinho Botelho e a tradicional Kombi que levava os jogadores para o treinamento na década de 60 (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Com a imagem de Nossa Senhora Aparecida na mão, o camisa 7 Julinho Botelho protagonizava uma cena de religiosidade antes do treino para a final da Libertadores diante do Peñarol. Apesar da devoção, a equipe alviverde não conseguiu parar o esquadrão uruguaio e ficou com vice campeonato continental. Vale ressaltar que foi a primeira vez em que um clube brasileiro foi a final do torneio. 


A construção do jardim suspenso em 1963 (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Rara imagem da construção do famoso jardim suspenso, grande marca do Palestra Italia e uma das maiores saudades do torcedor alviverde. Como o estádio era localizado em uma área sujeita a alagamentos desde o início do século, o projeto tinha como ideia acabar com o problema. A reestreia no Parque dos Sonhos aconteceu em 7 de setembro de 1964, em vitória sobre o Guaratinguetá por 2 a 0 pelo Campeonato Paulista, com gols marcados por Ademar e Rinaldo. O público de quase 50 mil torcedores rendeu mais de 19 milhões de cruzeiros para os cofres do clube na época.


O Palmeiras era Brasil no Mineirão. Da esquerda para direita: Valdir, Servílio, Julinho, Carabina, Ademir da Guia, Djalma Dias, Djalma Santos, Rinaldo, Ferrari, Dudu e Tupãzinho (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

No dia 7 de setembro de 1965 o Palmeiras representou a Seleção Brasileira contra o Uruguai, em amistoso disputado no Mineirão na comemoração da independência do Brasil. Com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano, a equipe entrou na história como primeiro clube a representar a seleção verde-amarela. Entre os destaques do elenco estavam o lateral-direito Djalma Santos, bicampeão mundial (58 e 62), o goleiro Valdir de Moraes, o zagueiro Valdemar Carabina, o atacante Julinho Botelho e os meio-campistas Dudu e Ademir da Guia, além do treinador Filpo Núñez, único estrangeiro a dirigir a seleção.


Palmeiras campeão brasileiro em 1969. Em pé: Eurico, Leão, Nelson, Baldochi, Dudu e Zeca. Agachados: Cardoso, Jaime, César, Ademir da Guia e Pio (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Após a décima colocação no Paulistão de 1968 e a derrota na final da Libertadores do mesmo ano, o Palmeiras sofreu uma grande mudança. Já com a Primeira Academia enfraquecida e velha, o elenco foi totalmente remodelado para a temporada de 1969, sobrando apenas Baldochi, Minuca, Ademir e Cesar, além de Leão, Eurico e Luís Pereira, que chegaram no fim da temporada de 68. Remodelado a partir de um trabalho minucioso de Rubens Minelli, a equipe conquistou a Taça Roberto Gomes Pedrosa em 1969 (foto), o quarto Brasileirão palmeirense, e o Paulista de 1970, dando início Segunda Academia.


O rolinho entre as pernas de Pelé aplicado por Ademir da Guia. Confronto entre os dois era constante ao longo das décadas de 60 e 70 (Foto: Arquivo O Globo / Restauração: Análise Verdão)

Protagonizando uma das rivalidade mais acirradas das décadas de 60 e 70, Palmeiras e Santos eram liderados por Ademir da Guia e Pelé. No Paulistão de 1971, uma cena eternizou a história do clássico: Em uma jogada no meio campo, o Divino dá um sútil rolinho entre as pernas do Rei do Futebol. Se não bastasse o drible, o Palmeiras venceu a partida por 2–1 dentro da Vila Belmiro mesmo jogando com dez quase o segundo tempo inteiro, uma vez que o zagueiro Baldochi foi expulso antes dos cinco minutos da etapa final.


A equipe dos sonhos de qualquer torcedor. Em pé: Eurico, Leão, Dudu, Luís Pereira, Alfredo e Zeca Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir e Nei (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

No ano de 1972, a equipe disputou 80 jogos, teve 49 vitórias, 26 empates e apenas 5 derrotas. Campeão Paulista e Brasileiro, a temporada consolidou a Segunda Academia e também completou a escalação mais famosa dos 105 anos palestrinos. Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei estavam enfim juntos para ganhar além das duas conquistas de 1972, o Brasileiro de 1973 e o Campeonato Paulista de 1974. Comandados por Oswaldo Brandão o plantel se eternizou nas memórias alviverdes.


A maior dupla da Sociedade Esportiva Palmeiras. Dudu e Ademir se completavam em campo (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Muitos costumam dizer que ‘’Dudu e Ademir’’ são na verdade uma pessoa só. Completando um ao outro, Dudu representava a garra, vontade de vencer. Já Ademir era a classe daquele meio campo. Se o primeiro era a explosão de vitalidade, o segundo era a técnica apurada, a qualidade que poucos viram na história do futebol brasileiro. Somados, totalizam 1511 jogos com a camisa palmeirense e mais de dez conquistas entre Campeonatos Paulistas, Brasileiros e torneio de menor importância.


Rei das cabeçadas, Leivinha era o ponta de lança da Segunda Academia (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Mais à frente da dupla Dudu/Ademir estava localizado Leivinha, ponta de lança da equipe. O camisa oito disputou 263 jogos pelo Palmeiras entre 1971 e 1975, totalizando 105 gols. Um dos melhores cabeceadores da época, conquistou os Campeonatos Paulista de 1972 e 1974, além do Bicampeonato Brasileiro em 1972/73.


Ídolo, o zagueiro Luís Pereira atuou não só na Academia, com também na amarga década de 80 (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

E para sustentar a defesa, a equipe contava com o grande defensor Luís Pereira. Em duas passagens pelo Palmeiras, o baiano de Juazeiro somou onze temporadas, 576 jogos e 36 gols. O número o credenciou a ser o zagueiro mais goleador da centenária história alviverde.


Luís Pereira, Leivinha, Ademir e Leão conversavam após um jogo em 1974 (Foto: O Globo / Restauração: Análise Verdão)

Foto de Luís Pereira, Leivinha, Ademir e Leão em 1974. Como coroação de um elenco que encantou o Brasil durante o início da década, o Palmeiras levou seis nomes para a Copa do Mundo em 1974. Além dos quatro já citados, o zagueiro Alfredo Mostarda e o centroavante Cesar também integraram o plantel que foi quarto colocado no Mundial sediado na Alemanha Ocidental.


Toda a categoria de Ademir da Guia na final do Paulistão de 1974 (Foto: Agência Estadão / Restauração: Análise Verdão)

22 de dezembro de 1974. Para mais de 110 mil torcedores do Corinthians no Morumbi, o centroavante Ronaldo entrou para a história dos clássicos Derby ao marcar o gol do título alviverde. Com um favoritismo plantado pela mídia, a equipe do Parque São Jorge sentiu a pressão, não levou perigo a meta de Leão e continuou o longo calvário de mais de duas décadas sem levantar uma taça. Logo após a última conquista do auge da Secunda Academia, o elenco começou a se desfazer, buscou forças para beliscar o Paulistão de 1976 e embarcou na fila que durou até 12 de junho de 1993.


Luís Pereira da um leve tapa na cabeça de Rivelino, no lance que originou o gol de Ronaldo (Foto: Agência Estadão / Restauração: Análise Verdão)

No início do lance que culminou no gol de Ronaldo, Luís Pereira e Rivelino dividiram uma bola no campo defensivo palmeirense. Após o desarme do zagueiro palmeirense, o craque corintiano pediu falta e o juiz não deu. Então, o camisa 3 alviverde deu um leve tapa na cabeça do Reizinho do Parque como forma de consolo. A foto tirada no momento exato do lance representa até hoje a conquista que deixou mais um ano o Corinthians na fila.


Sobe o Palmeiras para carimbar a faixa contra o Corinthians (Acervo Colecionismo S.E. Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Subia as escadas do Morumbi a equipe do Palmeiras campeã Paulista de 1976 para o primeiro jogo após a conquista, diante do Corinthians. Campeã no Palestra Itália para 40 283 presentes (recorde da história do antigo estádio), a equipe voltava a campo apenas para cumprir tabela. Vitória por 2–1 com dois gols do meio campista Jorge Mendonça, que entrou com bola e tudo em um dos tentos. A jogo marcava também a primeira partida da complicada fila de 17 anos sem conquistas. 


Capa da Revista Placar noticiando o histórico gol do árbitro do clássico entra Palmeiras e Santos em 1983 (Foto: Revista Placar / Restauração: Análise Verdão)

‘’Gol de Aragão, gol de Aragão, Aragão empata o jogo’’ gritava incrédulo Osmar Santos na transmissão da Radio Bandeirantes. No Clássico da Saudade entre Palmeiras e Santos, a vitória do alvinegro praiano parecia definida até os 42 minutos da segundo etapa, momento em que o chute torto de Jorginho Putinatti bateu no árbitro José de Assis Aragão e entrou na meta santista. Empate em 2–2 com um gol inusitado para o Palmeiras. Após o fim da partida, santistas e jornalistas cercavam o juiz, que pouco pode fazer além de anotar o ocorrido em sua súmula.


Time do Palmeiras perfilado para a semifinal do Campeonato Paulista diante do Corinthians em 1986. Elenco ficaria marcado por perder a final contra a Inter de Limeira (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Sem saber o que era ser campeão desde 1976, o elenco palmeirense de 1986 era com sobras o melhor desde a última conquista. Com um Morumbi lotado, o primeiro jogo da semifinal entre Palmeiras e Corinthians (foto) foi marcado por erros grotescos da arbitragem e consequentemente a derrota alviverde por 1–0. Já no segundo embate, prevaleceu a técnica alviverde que conseguiu aos 42 minutos do segundo tempo marcar um gol chorado com o atacante Mirandinha. Na prorrogação, Mirandinha e Éder, olímpico, sacramentaram a goleada e carimbaram o passaporte para a final contra a Inter de Limeira.


Após errar no segundo gol, o lateral Denys sofre com o ataque da Inter de Limeira na final do Campeonato Paulista de 1986 (Foto: FolhaPress / Restauração: Análise Verdão)

O placar eletrônico já anunciava que a modesta Inter de Limeira ganhava do Palmeiras dentro do Morumbi por dois a zero. Com o empate sem gols no jogo de ida, o placar favorável aos limeirenses coroava o primeiro título do interior em mais de 80 anos de futebol paulista. Apesar de ainda descontar com Amarildo, a equipe palmeirense não conseguiu empatar e viu o clube interiorano fazer a festa na capital.


1986, o porco era definitivamente aceito pelos torcedores palmeirenses (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Também em 1986, o porco foi adotado como um novo simbolo da torcida. Embora sem confirmação oficial, para muitos, o dia 29 de outubro de 1986 é data que marcou a “adoção” do animal como mascote palmeirense. O palco foi o estádio do Pacaembu, na vitória por 1–0 diante do Santos. Segundo relatos, as organizadas puxaram o grito “E dá-lhe Porco, e dá-lhe Porco… olê, olê, olê”. Dali para frente o Palmeiras, enfim, assumiu o apelido. A ofensa virava motivo de orgulho. Dá-lhe porco!


A primeira foto oficial com a parceria de sucesso do Palmeiras com a marca de leite Parmalat (Foto: Arquivo Diário SP / Restauração: Análise Verdão)

A primeira foto oficial com a Parmalat estampada no peito e com o uniforme listrado, marca da década de 1990. O acordo fechado no dia 07 de abril de 1992 é tido como a grande virada de página na história do Palmeiras. Em quase nove anos de parceria com a multinacional, foram conquistados 3 Campeonatos Paulista, 2 Brasileiros, 2 Torneios Rio-São Paulo, 1 Copa do Brasil, 1 Libertadores, 1 Copa Mercosul e 1 Copa do Campeões.


Edmundo, Zinho e Evair. Era o início de um time campeão estadual, regional e brasileiro (Foto: Arquivo Diário SP / Restauração: Análise Verdão)

Com o alto investimento, o clube começou a montar um plantel de luxo. Na foto, três grandes ídolos da equipe durante toda a Era Parmalat: Evair chegou da Atalanta-ITA no fim de 1991, já com status de bom jogador, e se tornou o maior artilheiro da equipe na década. Com mais de 300 partidas no Flamengo, o meia Zinho também já era consagrado no mundo da bola. E a promessa Edmundo chegava representando a juventude, vindo de uma ótima temporada pelo Vasco em 1992.


Evair, Tonhão, Antônio Carlos e Zinho comemoravam a volta olímpica no Morumbi carregando a pesada taça com o Palácio dos Bandeirantes (Foto: Arquivo Diário SP / Restauração: Análise Verdão)

12 de junho de 1993, o dia da paixão palmeirense. Depois de amargos 17 anos de fila e a maldita década de 1980, o Palmeiras enfim voltava levantar uma taça. Mesmo perdendo a primeira partida por 1–0 e sofrendo a conhecida provocação de Viola, os comandados de Luxemburgo reverteram o placar com uma exuberante vitória por 4–0. Os gols foram de Zinho, Evair e Edilson no tempo normal, e novamente Evair na prorrogação. Ao todo, em 38 partidas, o Verdão encerrou a competição com 26 vitórias, 6 empates e apenas 6 derrotas. inaugurando uma nova era em sua história.


‘’E agora eu vou soltar a minha voz’’. A imagem de Evair era eternizada após a cobrança do pênalti que deu o título paulista ao Palmeiras (Foto: Arquivo Diário SP / Restauração: Análise Verdão)

O gol do título ficou a merce do maior artilheiro do Palmeiras na década de 90, Evair. Já na prorrogação e com 3–0 no placar, Ricardo cometeu pênalti em Edmundo. Na cobrança, um simples toque do artilheiro para deslocar o goleiro. Na comemoração, a foto que ficou na memória do torcedor junto com a voz de José Silvério recitando a frase ‘’E agora eu vou soltar a minha voz’’. E realmente soltou, era o final do pesadelo de 17 anos.


Destaque com o Bragantino no fim da década de 80, Luxemburgo foi o responsável por tirar o Palmeiras da incômoda fila de 17 anos (Foto: Lance Net / Restauração: Análise Verdão)

O escolhido para a virada de página foi o ainda jovem Vanderlei Luxemburgo, que havia encantado o futebol paulista em 1990 com o Bragantino. Contratado para substituir Otacílio Gonçalves já no meio do Campeonato Paulista de 93, Luxa permaneceu no Palmeiras até 1995, acumulando dois títulos estaduais, dois Brasileirões e o Torneio Rio-São Paulo de 1993. Conhecido pelo seu estilo mais disciplinado, o treinador foi peça chave na onda de conquistas. Na foto, ele posa com a faixa de bi-campeão Paulista, depois da vitória contra o Santo André.


Capa da Revista da Folha com Luxemburgo e o quarteto ofensivo Luisão, Rivaldo, Muller e Djalminha (Foto: Revista Placar/ Restauração: Análise Verdão)

Cem gols. Sem palavras. O envolvente time do Palmeiras em 1996 colecionava vítimas. Sem perder nenhum clássico, o “placar agregado” contra os rivais ficou 8 a 0 contra o Santos, 5 a 2 contra o São Paulo e 5 a 3 contra o Corinthians. O toque de bola encantava a torcida e os próprios números mostram o estilo do time: dos 102 gols, apenas oito foram feitos em chutes de fora da área. Ao todo, a maquina de Luxemburgo conquistou 27 vitórias, dois empates e sofreu uma única derrota. O regulamento previa uma final entre os campeões de cada turno, no entanto, a avassaladora campanha antecipou o fim do Paulistão. Foram 83 pontos (contra 55 do São Paulo, vice) e apenas 19 gols sofridos, resultando em um saldo de gols de 83 positivo.


Rivaldo vive um dia de Pelé na Vila Belmiro e comemora como o Rei do Futebol (Foto: Paulo Pinto/Estadão / Restauração: Análise Verdão)

Dos 102 gols do Palmeiras na inesquecível campanha do Paulistão de 96, seis foram marcados num único clássico contra o Santos dentro da Vila Belmiro. Numa tarde ensolarada de domingo, o Verdão anotou uma de suas 13 goleadas ao longo da competição. No sexto gol, Rivaldo repetiu a histórica comemoração de Pelé, pulando sob o ar e socando o vento. Imagem que ficou na memória do torcedor e colocou números finais na goleada: 6–0!


Oséas comemora o gol espírita no Morumbi (Foto: Evelson de Freitas/Folhapress / Restauração: Análise Verdão)

Cruzeiro e Palmeiras viviam forte rivalidade na década de 90, especialmente após a final da Copa do Brasil de 1996, e se encontravam novamente na decisão em 1998. Precisando de um gol para ficar com a taça, o Palmeiras conseguiu uma boa falta aos 44 minutos do segundo tempo. Zinho chutou colocado, no canto esquerdo, o goleiro Paulo César caiu para encaixar, mas deixou a bola escapar. No rebote, Oséas apareceu sem qualquer tipo de ângulo, na linha de fundo e encheu o pé no teto da rede. Um gol espírita, sem qualquer tipo de explicação matemática e física. 2 a 0 Palmeiras e o inédito título da Copa do Brasil.


A canonização de São Marcos nas quartas de finais da Libertadores de 1999 (Foto: Antônio Gaudério/ Folhapress / Restauração: Análise Verdão)

Nasce um santo! Em uma das atuações mais espetaculares da história alviverde, Marcos segurou de todas as formas o ataque corinthiano nos dois jogos das quartas de finais da Libertadores de 1999. Após a vitória no primeiro jogo por 2–0 e a derrota no segundo duelo pelo mesmo placar, a classificação foi decidida nos pênaltis. Nas cobranças, novamente brilhou a áurea do camisa 12, que voou para espalmar o chute de Vampeta, selando a passagem alviverde para a semifinal da competição mais importante das Américas. Na comemoração, o agradecimento aos céus, marca registrada em seus vinte anos de casa.

Era a definitiva canonização de Marcos, que no dia seguinte já estava estampado em todas as capas de jornais e revistas esportivas com os dizeres ‘’São Marcos de Palestra Italia’’. 


Chiqui Arce e Roque Júnior comemoram a classificação com a torcida no Palestra Itália (Foto: Paulo Pinto / Estadão / Restauração: Análise Verdão)

Após a derrota por 1–0 na Argentina em uma das melhores atuações da carreira de Marcos, Palmeiras e River Plate voltaram a se encontrar pela partida de volta da semifinal da Libertadores. Diferente do primeiro confronto, Marcos pouco trabalhou no segundo jogo e assistiu o Palmeiras atropelar o River Plate no Palestra. 3–0 com dois gols de Alex e um de Roque Júnior. Atuação perfeita e vaga carimbada para a grande final. 


Tensão estampada nos jogadores durante as penalidades contra o Deportivo Cali (Foto: Alex Ribeiro/Folhapress/ Restauração: Análise Verdão)

Toda a tensão da equipe durante as cobranças de pênaltis na decisão da Libertadores de 1999. Com mais de 30 mil espectadores no Parque Antárctica, o Palmeiras venceu o Deportivo Cali por 2–1 e reverteu a derrota por 1–0 do jogo de ida. Com o batedor oficial, Evair, expulso no último lance da partida, a equipe viu o camisa 11 Zinho errar o primeiro chute, dando mais nervosismo para as cobranças. A dor diminuiu quando Bedoya perdeu para os colombianos e deixou tudo igual. A definição então ficava entre Marcos contra Zapata.

Autor do gol colombiano no tempo normal, Zapata chutou forte e rasteiro. Marcos arriscou o canto direito. A bola lentamente rumou para o lado esquerdo, beliscou a ponta da trave e se perdeu pela linha de fundo. O Palmeiras era enfim campeão da Libertadores!


Capitão no Paulista de 93, Cesar Sampaio levantava a conquista da Libertadores (Foto: Evelson de Freitas/ FolhaPress / Restauração: Análise Verdão)

A missão de erguer a taça ficou à mercê do capitão e experiente César Sampaio. Ídolo alviverde, o volante que soma mais de 300 partidas pelo Palmeiras também foi o dono da braçadeira na importantíssima final do Campeonato Paulista de 1993, que tirou o Palmeiras da fila de 17 anos. Com a medalha no peito e troféu entre os dedos, a equipe quebrava o tabu após duas finais de Libertadores perdidas (1961 e 1968) e enfim levava o troféu para o Parque Antárctica.


Luiz Felipe Scolari e a tão sonhada taça da Libertadores (Foto: Acervo Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

O gaúcho Luiz Felipe Scolari chegou ao Palmeiras em 1997 com a clara missão de conquistar a América. Após a montagem de um elenco completo e uma identidade clara de jogo, o ‘’Scolarismo’’ começou a colher seus frutos com os títulos da Copa do Brasil e Mercosul em 1998, até chegar a Libertadores em 1999. Considerado o maior treinador a comandar o Palmeiras, Felipão conquistou no Verdão duas vezes a Copa do Brasil(1998, 2012), Libertadores (1999), Campeonato Brasileiro (2018), Torneio Rio-São Paulo (2000) e Copa Mercosul (1998), somando ao todo 484 partidas e 237 vitórias.


Conhecido pela raça Galeano vibra o seu gol sem querer (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

Assim como em 1999, Palmeiras e Corinthians duelavam mais uma vez no mata-mata da Libertadores. Diferentemente do ano anterior, nesta ocasião a vaga daria passaporte a grande final do torneio. Tendo perdido o jogo de ida por 4 a 3, o Palmeiras precisava vencer o duelo de volta por pelo menos um gol de diferença para levar a decisão aos pênaltis. Com o relógio batendo os 25 minutos da etapa final, o jogo já caminhava para um empate por 2–2 quando o juiz marcou uma falta perto da meta corinthiana. Alex cobrou dando um balão para área e encontrou o desequilibrado Galeano, no segundo pau, para completar de barriga e a bola morrer no fundo da rede do arqueiro Dida. 3–2 Palmeiras e a classificação seria disputada novamente nos pênaltis.


A mão do santo parou o pé de anjo. Palmeiras eliminava o Corinthians mais uma vez na Libertadores com Marcos defendendo pênalti de Marcelinho Carioca (Foto: Nelson Coelho/Diário SP / Restauração: Análise Verdão)

O placar eletrônico marcava 5–4 para o Palmeiras durante os pênaltis. Na bola, para a última cobrança, Marcelinho Carioca. O Pé de Anjo. Contra o Santo. Marcelinho bateu firme, forte, no canto. Marcos voou tão firme quanto para o lado direito. A bola explodiu no braço destro do arqueiro e se perdeu na linha de fundo. Enquanto na voz de José Silvério se eternizava a frase ‘’DEFEEEEEEEENDEU MARCOS!’’, o arqueiro alviverde corria loucamente pela linha de fundo e deslizava com um peixinho comemorando o seu feito com a torcida. Pelo segundo ano seguido, as mãos de São Marcos eliminavam o Corinthians da Libertadores. 


A reza de Euller após o primeiro gol da partida entre Palmeiras x Corinthians, pelo segundo jogo da semifinal da Libertadores 2000 (Daniel Augusto Jr/LancePress / Restauração: Análise Verdão)

Entre todos os clicks tirados no Morumbi aquela noite, essa sem duvidas é a que retrata melhor tudo o que houve dentro e fora de campo. Aos 38 minutos do primeiro tempo, Euller venceu Dida e abriu o marcador para o Palmeiras. Na comemoração, o ‘Filho do Vento’ se ajoelhou na bandeira de escanteio e rezou. Junto com o camisa 7 milhões de palmeirenses também rezavam. Era questão de vida ou morte, era mais um Derby eliminatório na Libertadores!


Placar do Morumbi estampava o empate de Palmeiras e Boca Juniors na final da Libertadores de 2000 (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

No entanto, o desejo pelo bi-campeonato da América esbarraria no Boca Júniors liderado por Juan Román Riquelme. Apesar do empate por 2–2 em La Bombonera na primeira partida da decisão, o apático 0–0 no Morumbi levou a decisão para a sorte grande das penalidades. Na disputa, prevaleceu a estrela do goleiro Óscar Córdoba, que defendeu as cobranças de Asprilla e Roque Júnior. O Boca converteu as quatro tentativas e comemorou o tricampeonato diante de um Morumbi em silêncio. 


Alex logo após chapelar Rogério Ceni e entrar para a história (Foto: Acervo Estadão / Restauração: Análise Verdão)

E que golaço! Em partida valida pela 11ª rodada do Torneio Rio-São Paulo de 2002, Alex anotou um dos gols mais emblemáticos da história alviverde. Aos 27 minutos da etapa final, o camisa 10 recebeu a bola, aplicou um lindo chapéu no marcador, deixou a bola quicar o necessário para outro sútil toque que encobriu Rogério Ceni. Sem deixar a bola cair, arrematou de voleio para estufar as redes. Era o terceiro gol da goleada palestrina por 4–0 em pleno Morumbi. 

Ao longe de muito tempo, o gol foi lembrado também pelo fato de ser marcado na última vitória do Palmeiras sobre o São Paulo na casa tricolor. O tabu, porém, caiu em 6 de outubro de 2018, com uma vitória por 2 a 0.


Valdívia e Edmundo no Derby em 2006 (Foto: Marcelo Ferrelli/Gazeta Press/ Restauração: Análise Verdão)

O encontro do velho com o novo. Edmundo já se encaminhava para a aposentadoria quando retornou ao Palmeiras no início de 2006. Em contrapartida, a equipe acabava de contratar a jovem promessa chilena Jorge Valdívia. Entre o pouco mais de um ano e meio em que a afiada dupla atuou lado a lado, um jogo certamente ficou na memória do torcedor. Para mais de 30 mil espectadores no Morumbi, goleada palmeirense por 3–0 diante do Corinthians no Campeonato Paulista. Autor de dois gols, Edmundo comemorou um dos tentos brandando o grito de ‘Eu sou f…’’, para delírio da torcida. Além dos dois gols, o Animal ainda deu assistência para Osmar Cambalhota deixar o dele.


Chororô! Comemoração virou clássica no Palmeiras após a expressão realizada por Valdívia (Foto: Globo Esporte / Restauração: Análise Verdão)

Com o Corinthians rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro, Palmeiras e Corinthians disputaram apenas uma edição do Derby em 2008. No único gol do jogo realizado no Morumbi, Kleber recebeu de Diego Souza e chutou para defesa parcial de Júlio César. No rebote, Valdívia completou para as redes dando números finais ao confronto.

Após marcar o gol, o irreverente meia chileno comemorou como se estivesse chorando. O gesto, que ficou conhecido como “chororô”, sendo uma reposta ao zagueiro corintiano William, que teria chamado o camisa dez de “chorão”. 


Jogadores levantavam a taça de campeão paulista de 2008 após bater a Ponte Preta no Palestra Italia (Foto: Gazeta Press / Restauração: Análise Verdão)

O chororô terminou em conquista do Campeonato Paulista de 2008. Comandados por Vanderlei Luxemburgo, as vitórias por 1–0 e 5–0 nas finais diante da Ponte Preta sacramentaram o último título do Palmeiras no antigo Palestra Italia. Com a liderança de Marcos no gol, também se destacaram Valdívia e Diego Souza, além do bom ataque com Kléber e Alex Mineiro. 


Alex Mineiro, o veterano e craque no Palmeiras em 2008 (Foto: Divulgação Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

No comando do ataque, Kléber Gladiador fazia ótima parceria com o irreverente camisa 9 Alex Mineiro. Com 33 anos, o artilheiro ídolo do Athletico Paranaense aliou sua experiência com o enorme potencial nos jovens valores presentes no elenco. Peça chave para a conquista do estadual, foram 18 gols em 23 jogos na campanha do título e, ao todo, 67 partidas e 37 gols com a camisa verde e branca.


Cleiton Xavier classificava o Palmeiras para as oitavas de finais da Libertadores em 2009 nos momentos finais em Santiago (Foto: AFP / Restauração: Análise Verdão)

Em 29 de abril de 2009, valendo uma vaga para as oitavas de finais da Libertadores, o Palmeiras viajou a Santiago precisando exclusivamente da vitória. Em meio a uma partida truncada e com um jogador a menos desde os 17 minutos, o empate parecia se consolidar no placar. No entanto, quando o cronometro batia os 42 da etapa final, em meio ao apitaço da torcida chilena, Cleiton Xavier recebeu passe de Willians, retrocedeu alguns metros, limpou o marcador com a perna esquerda e com a direita fuzilou a 40 metros do gol. Milimetricamente a bola voou forte, no angulo do goleiro Muñoz. Silencio no Monumental, o Palmeiras estava classificado. 


Marcos se ajoelha após defender a penalidade, marca característica em sua passagem ao Verdão (Foto: Otávio de Souza/AFP / Restauração: Análise Verdão)

Sagrada na mão de um santo nossa devoção. O chute forte à meia altura do lateral Dutra parou nas mãos de Marcos, que já havia defendido outras duas cobranças naquela noite. Além dos pênaltis, Marcos operou milagres nas oitavas de finais da Libertadores, diante do bom e aguerrido Sport. Vitória alviverde por 1–0 em São Paulo e a derrota pelo mesmo placar em Recife obrigou a decisão ser definida nas penalidades. Brilhava a estrela de Marcos, que estava voltando de lesão.


Os últimos clicks do antigo Palestra Italia (Foto: Academia de História do Palestra Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

22 de maio de 2010, o Palmeiras se despedia em jogos oficiais do Palestra Italia. Para um público de 18 365 pagantes, Ewerthon (2x), Maurício Ramos e Cleiton Xavier anotaram os últimos gols do estádio na vitória diante do Grêmio por 4×2 na terceira rodada do Campeonato Brasileiro. Pouco mais de quatro anos mais tarde, seria inaugurado o moderno Allianz Parque no mesmo local da antiga casa alviverde.


Marcos Assunção ergue a taça da Copa do Brasil (Foto: Divulgação/SE Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

12 anos. Esse foi o período que o torcedor do Palmeiras esperou para ver o clube vencer novamente uma competição de expressão nacional. Nem os mais de 30 mil torcedores do coxa branca foram capazes de intimidar a equipe alviverde, que mesmo após o gol de Ayrton, manteve a cabeça no lugar e buscou o empate na bela cabeçada de Betinho. Com a vitória por 2–0 no primeiro confronto, bastou tranquilidade para administrar o jogo e garantir o troféu conquistado de maneira invicta pelos comandados de Felipão. Meses mais tarde, o mesmo elenco campeão amargaria a queda para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.


O centroavante Betinho comemora o seu primeiro gol com a camisa do Palmeiras no Couto Pereira (Foto: Gazeta Press / Restauração HD: Análise Verdão)

O improvável herói Betinho, responsável por selar a conquista palestrina no Couto Pereira. Com um sutil toque de cabeça, o atacante empatou a partida e deu tranquilidade para o restante da equipe. Emprestado pelo São Caetano, o camisa 33 foi contestado por boa parte da diretoria e chegou apenas pela escassez de dinheiro em caixa. Pelo gol na final, renovou seu contrato até o final da temporada, mas pouco pôde fazer para evitar o rebaixamento. Ao todo deixou o clube com apenas 18 jogos e dois gols.


No mesmo local do Palestra Italia, o Allianz Parque era erguido (Foto: Thiago Fatichi / Restauração HD: Análise Verdão)

Quatro anos após a demolição do antigo Palestra Italia, estava pronto o Allianz Parque, a moderna arena com capacidade para mais de 42 mil pessoas. Inaugurado no dia 19 de novembro de 2014, o Palmeiras não conseguiu sair vitorioso da primeira partida e foi facilmente batido pelo Sport por 2–0. O primeiro triunfo viria apenas em janeiro de 2015, na vitória por 3–1 diante do Shandong Luneng (CHN) no amistoso que marcou a estreia da parceria com a Crefisa. 


Dudu comemora o seu segundo gol na vitória sobre o Santos, pela Copa do Brasil (Foto: César Greco/Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

Principal reforço para 2015, Dudu teve um início turbulento dentro do Palmeiras. Mesmo com boas atuações, o camisa 7 ficou marcado pela cobrança de pênalti desperdiçada contra o Santos, na final do Campeonato Paulista, além de ser expulso no segundo jogo da decisão por empurrar o arbitro da partida. 

Porem, quis o destino que Dudu tivesse a oportunidade de reescrever sua história contra o Santos ainda em 2015, na final da Copa do Brasil. Depois de sair derrotado do primeiro duelo por 1–0, palmeirenses e santistas se reencontraram no Allianz Parque. Para mais de 40 mil presentes, Dudu anotou os dois gols do Palmeiras, que mesmo com a vantagem construída deixou o título cair das mãos aos 42 minutos do segundo tempo, após gol do centroavante alvinegro Ricardo Oliveira. 2–1 e disputa de pênaltis para definir o campeão.


Fernando Prass chuta firme e comemora o título contra o Santos (Foto: Cesar Greco/Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

Nas penalidades, após defender o chute de Gustavo Henrique e comemorar o chute para fora de Marquinhos Gabriel, bastava o goleiro Fernando Prass converter sua cobrança, a última da série, para o Palmeiras se sagrar campeão. Fazendo o caminho inverso de toda a carreira, Prass foi bater o primeiro pênalti de sua vida. Em um chute forte e seco praticamente no meio do gol, a bola estufou as redes e fez tremer não só o Allianz Parque como todo os palmeirenses. Após anos de crise, vacas magras e dois rebaixamentos, o alviverde voltava a ser imponente e conquistava a primeira taça dentro da nova casa, um ano após sua inauguração. 


Enrolado na bandeira alviverde, Fernando Prass vibra a conquista da Copa do Brasil (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press / Restauração HD: Análise Verdão)

Mais importante do que o pênalti batido, Prass participou de todo o processo de reconstrução do Palmeiras em parceira com a Crefisa. Remanescente da Série B de 2013, o goleiro foi um dos únicos que permaneceu no clube após a chegada da investidora, responsável por trazer mais de 25 reforços para o clube na temporada de 2015. Ninguém merecia tanto essa conquista como Fernando Prass!


Dudu, Zé Roberto, Erik e Roger Guedes. A conquista misturava experiência e juventude (Foto: César Grego/Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

22 anos após a última conquista no Campeonato Brasileiro, o Palmeiras chegava ao eneacampeonato e se isolava como o maior vencedor da liga nacional. Alcançada de forma incontestável, a equipe somou 80 pontos, conquistados em 24 vitórias, oito empates e seis derrotas. Sendo o time que mais venceu, menos perdeu, mais marcou gols (62) e menos sofreu (32).


Dudu e a merecida taça de campeão brasileiro (Foto: César Grego/Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

Dudu foi o principal pilar do Palmeiras na conquista do Campeonato Brasileiro 2016. Em 38 rodadas, o meia atacante atuou em 33 partidas, com seis gols marcados e dez assistências, sendo o líder da competição neste fundamento. Escolhido pelo treinador Cuca como capitão da equipe após a grave lesão de Fernando Prass, o camisa 7 assumiu a responsabilidade e conduziu a equipe à taça.


Jogadores comemoram o gol de Lucas Lima na Bombonera. Ao fundo a torcida palmeirense vibrava no setor de visitantes. (Foto: César Grego/Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

A Argentina é verde e branca! No duelo valido pela quarta rodada da fase de grupos da Libertadores 2018, o Palmeiras foi até a temida La Bombonera e não se intimidou perante ao Boca Juniors. Com gols de Keno e Lucas Lima, a equipe foi apenas o quinto clube brasileiro a sair vitorioso do mítico estádio, sendo o primeiro a vencer por mais do que um gol de diferença. Delírio para os mais de 5 mil torcedores alviverdes que lotaram o setor de visitantes e calaram a torcida xeneize


Capitão Bruno Henrique levanta a taça em um ano de altos e baixos no Palmeiras (Foto: Divulgação SE Palmeiras / Restauração HD: Análise Verdão)

Com Luiz Felipe Scolari novamente no banco de reservas, o Palmeiras chegava ao deca campeonato. Após um primeiro semestre ruim sob comando de Roger Machado, o experiente treinador voltou ao alviverde para dar ordem na casa. Terceiro lugar na Libertadores, a equipe atuou no Brasileirão com a equipe mista durante boa parte da competição, mesmo assim emplacou 23 partidas de invencibilidade, saindo de sexto lugar até a primeira posição.


Com gol de Deyverson Palmeiras venceu o Vasco em São Januário para garantir de vez o decacampeonato (Foto: César Grego / Restauração: Análise Verdão)

Deyverson recebeu passe de Willian e livre apenas completou para as redes de Fernando Miguel. Com o gol do camisa 16, o Palmeiras vencia o Vasco por 1–0 e matematicamente garantia o título brasileiro de 2018. Vale ressaltar que não foram poucas as partidas decisivas na conquista com participação fundamental de Deyverson. Fez dois gols na vitória por 2–0 sobre o Grêmio, marcou no triunfo sobre o Corinthians no Allianz Parque e voltou a balançar as redes sobre o São Paulo na vitória por 2–0 no Morumbi, duelo responsável por quebrar o tabu que já durava 16 anos na casa do rival.


Luan Cândido, Gabriel Menino, Yan e Alan comemoram mais um gol na final diante do Vitória (Foto: CBF / Restauração: Análise Verdão)

Desde 2014 trabalhando para otimizar as categorias de base, o Palmeiras conquistou pela primeira vez o Campeonato Brasileiro Sub-20 em 2018. Diante de mais de 20 mil torcedores no Allianz Parque, a equipe bateu o Vitória por 5–2 com gols de Yan, Luan Cândido (x3) e Papagaio. Além do Brasileirão, a categoria sub-20 é tricampeão paulista (2017, 2018 e 2019), campeã da Copa RS 2018 e Copa do Brasil 2019. Se considerarmos todas as categorias, foram 34 conquistas da base em 2019 e 23 em 2018.


O Palmeiras comemora a primeira conquista no futebol feminino após anos de inatividade (Foto: CBF / Restauração: Análise Verdão)

Com gols de Bianca e Stella, a equipe feminina do Palmeiras bateu o São Paulo de virada no Estádio Nelo Bracalente, em Vinhedo, e consagrou-se campeão da Copa Paulista 2019. Foi o primeiro título da equipe feminina do Verdão desde o retorno da modalidade no clube. Cereja no bolo de uma grande temporada, as Palestrinas conseguiram também o acesso para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro, além de terminaram o Paulistão na terceira colocação. 


Dudu deixou o dele diante do Guarani, no tricentésimo jogo do atacante com a camisa do Palmeiras (Foto: Cesar Grego / Restauração: Análise Verdão)

Dudu, 300! Maior ídolo palmeirense após a aposentadoria de São Marcos, Dudu completou 300 partidas com a camisa alviverde em fevereiro de 2020. Emprestado ao futebol catari em julho, o camisa 7 deixou um legado de 70 gols e 78 assistências em pouco mais de cinco temporadas no clube, sendo o grande protagonista nas conquistas da Copa do Brasil 2015, Campeonato Brasileiro 2016 e 2018. 


Mesmo com 37 anos, o polêmico capitão Felipe Melo foi peça chave para a conquista do título que não era ganho desde 2008 (Foto: Globo Esporte / Restauração: Análise Verdão)

100 anos após a primeira conquista estadual, o Palmeiras se sagrou campeão Paulista pela 23º vez. A final, diante do Corinthians, teve ares de revanche após a polemica decisão do Paulistão de 2018. Com um elenco repleto de jovens revelados pela vitoriosa categoria de base alviverde, foi a primeira conquista em cima do arquirrival desde o Campeonato Brasileiro de 1994. 


Patrick de Paula converteu o último pênalti da decisão (Foto: Divulgação/Palmeiras / Restauração: Análise Verdão)

Dignidade. Foi dos pés de Patrick de Paula que a conquista do Paulistão foi consumada. Descoberto na Taça das Favelas no Rio de Janeiro, o jovem meio campista de apenas 20 anos chamou a responsabilidade e bateu a quinta e última cobrança na disputa de pênaltis diante do Corinthians. Destaque do estadual ao lado do parceiro Gabriel Menino, Patrick faturou o prêmio de revelação da competição, além de integrar a equipe do campeonato.


FAIXA BÔNUS: O PALMEIRAS DE TODOS

Um Palmeiras de múltiplas etnias, classes e nacionalidades. O Palmeiras das diferenças. (Foto: Divulgação / Twitter Oficial Palmeiras / Restauração em HD: Análise Verdão)

De todas as idades, classes, etnias e nacionalidades. O Palmeiras surgiu e até hoje existe abraçando as inúmeras diferenças presentes nos mais de 16 milhões de torcedores espalhados Brasil a fora. Um clube fundado por operários, que teve seu nome mudado pela perseguição e nem por isso deixou de lutar.

Palmeiras, 106 anos de lutas e glórias! 

26/08/1914 — 26/08/2020