A mão que apedreja é a que sempre tinha que afagar
Escrevi sobre a barbárie do ataque ao ônibus do Palmeiras feito por “palmeirenses” ou “palmandados”, do lado do estádio do Palmeiras, antes do jogo pela Libertadores do Palmeiras campeão brasileiro de 2018. Usei as imagens que usualmente não mostro para tentar identificar os delinquentes infantis – diferentemente do que defendo há anos contra quem ataca a civilização: não se deve mostrar esse tipo de corja que protesta com violência, pinta muro de clube e CT, invade campo, ataca em aeroporto, depreda metrô, ameaça em rede social.
Eles querem aparecer. Não os mostremos. Nem o que defecam e andam.
Mas fico ainda mais aturdido que as autoridades lendo alguns comentários nas minhas postagens, aqui grafados como zurraram e digitaram pelas próprias patas os indigitados: “você Beting é o retrato dessa geração de torcedor nutela, vc e eles merecem esses jogadores , cambada de bunda mole !”
O mesmo apedeuta depois responde a quem o critica que a pessoa “também merece uns tapa junto com esses vagabundo ganhando milhões”.
“VTNC você também Mauro Beting e esse bando de pipoqueiro”.
“Foi a época que o Palmeiras tinha cobrança! Virou coisa normal perder ou ser eliminado dentro de casa”.
“Foi pouco ainda. Time mimado do caralho”.
“Eu achei foi pouco. Pena que os polícia não deixaram atacar mais. Depois da eliminação tava todo mundo pedindo protesto, quando vamos protestar vem esses coxinha falso moralista querer xingar…”
E por aí não vai.
Mais não é necessário comentar. Não é este o mundo em que vivemos. É onde sobrevivemos.
Prefiro postar como resposta apenas a de um palmeirense como todos, de 56 anos: “eu sempre quis conhecer o estádio do Palmeiras mas nunca pude. Eu queria pelo menos uma vez na vida ver de perto os nossos jogadores como eles podiam ver bem pertinho. Mesmo passando rápido dentro do nosso ônibus na frente da nossa casa. Essas pessoas tiveram essa chance e fizeram isso. Muito triste. Eu como eles estou decepcionado com o nosso time. Como eu também estou com meu filho que vai muito mal na escola. Mas eu vou jogar garrafa no ônibus quando ele chega em casa?”
É isso.
E é tudo isso que deveria ser nada disso com o elenco que há 4 meses, quando chegava em cima do carro de bombeiros no meio da torcida na frente da Academia, celebrando o deca, me fez chorar de emoção com a cena que me remeteu a todo o amor incondicional que eu sinto por quem veste a camisa que também cobre meus filhos.
Jamais vou esquecer aquele caminhão vindo entre a torcida com os nossos campeões fazendo a festa que eles nos deram.
Jamais vou compreender quem ataca o Palmeiras e quem nos defendeu como campeões. E mesmo que não fossem, são pessoas como eu e você. E não bichos escrotos como os que atacam ônibus e os que defendem os agressores.