A televisão me deixou burro

(Foto: Futeboldecampo.net)

A morte do presidente que nunca foi eleito. A prisão do embaixador que jamais foi capaz de intermediar um assunto. Você já sabe que não vai acontecer e ainda assim, cria narrativas que fazem refletir a esperança. É sagacidade de quem faz. Inocência de quem recebe. Migalhas.

Porque em uma noite de Paulistão, do poderoso, relevante e convincente torneio, a Arena que tem nome e sobrenome foi parar na televisão? Os outros estavam disponíveis. Brigavam por algo maior. O rival de muros jogava vida. O da baixada, a melhor campanha, o belo e encantador futebol de seu comandante. Porque o ultrapassado bigodudo?

Porque fomos escolhidos!
Para não termos espaço.

Jogo diante da Ferroviária, com time reserva. Ao vivo. Clássicos? De sábado. “Exclusivo”, dizem. Para ninguém ver, acrescento. A fase inicial do mata-mata do Paulistaço tem 8 confrontos. O palmeirense não terá uma chance sequer de ver seu time em ação. Se quiser, que sustente seu canal a cabo e a extensão de mais vários reais. Porque só o verde e o branco estão acobertados nas assinaturas?

É uma punição pelo jogo leal de não aceitar contratos abaixo dos rivais? É pressão pra comprar mais? É birra? Quais seriam os motivos que levam ao cerceamento seletivo do alviverde? Porque dobrar a visibilidade de alguém e zerar a de outro?

Além de deixar a todos “burro, muito burro demais”, a televisão também não deixa mais torcer em igualdade. Não deixa mais sentir que as coisas ficam em patamares semelhantes.

A má notícia é que ano sim, ano também, não há birra no mundo que evite as imagens de uma taça sendo erguida. E presidente sendo eleito. Ou preso.