A vida é Palmeiras 3 x 1 São Paulo, BR-18

A vida é Palmeiras 3 x 1 São Paulo numa noite de sábado. Não pelo resultado – que deste lado gostaria que fosse sempre assim (e tem sido no Allianz Parque desde 2015) e do outro o contrário (ou como tem sido desde 2002 no Morumbi). Mas o que a gente vive e sobrevive foi o Choque-Rei vencido pelo time que teve cinco chances na segunda etapa e guardou três contra a equipe que teve cinco no primeiro tempo e fez um gol (e ainda criou mais uma oportunidade no final do jogo).

O São Paulo iniciou o clássico confirmando o favoritismo impensável há um mês. Tocava a bola com mais calma, criava com mais confiança, chegava com mais perigo. Até quando aos 29 bateu um lateral com Reinaldo e a bola recuada de Edu Dracena foi curta para Jailson que se atrapalhou com Marcos Guilherme e ela entrou bisonha na meta verde. Daqueles gols de desarvorar qualquer um. Ainda mais um Palmeiras aparvalhado e desfolhado pelo outubro com rigor de inverno de Game of Thrones.

O de Roger parecia destronado no intervalo vaiado. O São Paulo poderia ter ampliado na primeira etapa pela dinâmica inteligente de Diego Souza, a técnica e a fase de Nenê, a velocidade de Marcos Guilherme, a eficiência de Everton. Todos muito bem defendidos por um sistema que funcionava e não deixava a bola chegar a Sidão.

O problema foi quando ela chegou aos 9 e Willian aproveitou o rebote na primeira boa de Keno pelo fundo. O Palmeiras empatou um segundo tempo em que enfim vinha para o jogo. Dudu não estava impedido no lance complicado para a arbitragem e para Sidão. E o gol que apavorara o Palmeiras num tempo ruim virou de lado. Foi o São Paulo que deixou de segurar a bola e o rival. Foi o time de Roger que lembrou que pode se aproximar, deve se associar, tem como jogar mais e melhor com a mesma inteligência e disposição. Tem como jogar com e como Willian. Na sobra de uma dividida entre Bruno Alves e Hyoran (que de novo entrou muito bem pela direita), Willian de velho fez outro golaço – ainda que em posição de impedimento, e discutível marcação do lance pela bola ricocheteada.

Mais dois minutos e Moisés deu um passe de quem merece mais chances (também pela troca de posições entre ele e Hyoran) para este avançar e tocar para o peixinho de Dudu. Aquele que muitos não queriam nem pintado de verde e que mostrou na celebração que, mesmo mal, ainda pode. Como todo o Palmeiras pode virar um jogo, um astral e um time quando quer. Vencendo o São Paulo pela sétima vez no Allianz Parque (21 x 4 no agregado). Um Tricolor que ainda era invicto no BR-18 depois de oito rodadas. Um São Paulo que vai se encontrando e não pode se perder por uma derrota. Como o Palmeiras não pode se achar por causa do segundo tempo dela.

Ainda é pouco pelo potencial do time do Roger que precisa ser cobrado. Mas não tão cornetado. Nem ameaçado. Assim como o São Paulo virou o jogo e as expectativas em um mês, o Palmeiras pode virar um clássico e a fase num só tempo. É só dar esse tempo a ele.

É só ter paciência para entender que o futebol é assim. A vida é assim. Maluca como foi esse Choque-Rei. Intensa como precisa ser. Insana como não precisava. Mas é.