Abel Ferreira, do Palmeiras, vence ação contra jornalista após ser chamado de ‘colonizador’

Juiz julgou parcialmente procedente ação movida contra Menon e o condenou ao pagamento de R$ 30 mil; decisão cabe recurso

Em setembro de 2022, o técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, moveu dois processos contra os jornalistas Mauro Cezar Pereira e Menon e suas respectivas emissoras, após os dois afirmarem que o português possui uma visão de ‘colonizador’. O treinador bicampeão da América pediu R$ 50 mil em indenizações por danos morais e retratações públicas.

Nesta quinta-feira (24), segundo a sentença que o NOSSO PALESTRA teve acesso, o Juiz Dimitrios Zarvos Varellis julgou parcialmente procedente a ação movida contra Menon, condenando os réus – jornalista e emissora – ao pagamento de R$30.000,00 (trinta mil reais) ao comandante palmeirense a título de indenização por danos morais. A decisão cabe recurso. Em relação ao processo movido contra Mauro Cezar Pereira ainda não há sentença.

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No entendimento do Juiz, o jornalista relacionou, indevidamente, a livre opinião manifestada pelo autor a atos de subjugação e escravidão de povos, acabando por atingir a honra de Abel Ferreira.

Em uma espécie de analogia, buscou o magistrado demostrar que Menon possivelmente utilizou elementos históricos fora de contexto para insinuar uma associação injusta e inadequada das declarações do treinador palmeirense, com o intuito de discriminar o técnico por sua nacionalidade e, portanto, caracterizar um comportamento xenofóbico, mesmo porque, as declarações do português eram relacionadas à formação de jovens jogadores de futebol, não compartilhando as mesmas implicações históricas e culturais, como quis fazer crer o jornalista.

Em resumo, Dimitrios Zarvos Varellis não poupou argumentos para indicar que o comunicador extrapolou os limites da crítica legítima e da opinião informada ao fazer uma associação injusta e sensacionalista entre as declarações de Abel Ferreira e eventos históricos dolorosos, possivelmente com o intuito de desvirtuar a imagem do técnico e sugerir uma conexão injustificada com ações do passado. A abordagem de Luis Augusto Simon foi desproporcional e injusta, sugerindo um viés preconceituoso em relação à nacionalidade do comandante do Palmeiras.

As falas que originaram as ações foram originadas após uma coletiva de imprensa em que o treinador foi questionado sobre a postura de Gabriel Veron. Na ocasião, o atacante havia sido filmado ingerindo bebidas alcóolicas em uma balada paulistana às vésperas de um Choque-Rei decisivo pela Copa do Brasil de 2022.

– Já disse várias vezes que os brasileiros são, de longe, os melhores que já vi jogar. Mas precisam evoluir muito a nível de educação e como homens, porque eles não têm essa formação. Eles às vezes não têm noção nenhuma do que estão fazendo. E isso está na formação – afirmou o português.

A fala, no entanto, foi considerada como ‘colonizadora’ por Menon, colunista do UOL. O jornalista o comparou com José de Anchieta, padre espanhol que veio à América do Sul para catequizar os povos indígenas.

– Abel Ferreira se comporta diante de brasileiros como José de Anchieta ou Manoel da Nóbrega, também europeus, diante dos indígenas: é preciso ensinar, domesticar, colonizar. Precisamos crescer como homens. Não temos educação. Somos botocudos. Não somos europeus. Abel se orgulha de ser português. Se orgulha de ser europeu. Abel Ferreira tem orgulho da colonização portuguesa na África? Quantos e quantos mortos em Angola e Moçambique? E o que a europeia Bélgica fez no Congo? – escreveu Menon.

Abel Ferreira chegou ao Brasil em 2020. Desde então, venceu duas Libertadores, uma Copa do Brasil, dois Campeonatos Paulistas, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa do Brasil e um Campeonato Brasileiro.