Admirável gado novo

Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Já é o décimo mês do ano. Uma paulada de dias. O quarto campeonato. O segundo treinador. Até quando? Ou desde quando não temos o mínimo da essência? Jogos esporádicos de algum desejo, regularidade na passividade. Tranquilidade no fracasso. Sumiço inexplicável e conivente de quem deveria mandar. Presidente, diretor de futebol. Coletiva de vitória? Só?

Jogador que dá chilique em campo, mas que nunca deu uma entrevista pós jogo? Que é criticado por vários companheiros de trabalho, como o lateral Diogo Barbosa. Será que é normal reclamar dos companheiros em todos os jogos? Desmerecer os adversários e ser vítima do melhor futebol que a maioria deles executa sobre ele? Não me parece.

Porque a comissão diretiva do clube se defende através de mudanças? Deixar Mano Menezes como escudo e surgir miraculosamente quando o campo traz resultado é mais fácil, mas pouco honesto. Lançar uma lenda ao fogo para defender a própria falha, senhoras e senhores, não é digno da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. O clube que surgiu como resistência.

E que hoje é soberba. É empáfia.

A culpa é arbitragem. É da federação. É da confederação. É do computador. É da tabela. É de Jesus Cristo na cruz, mas não é de quem comanda o barco. De quem é remunerado e tem carta verde para contratar e dispensar. Alexandre Mattos contratou 5 reforços na janela de verão. Dois, saíram. Um é uma chacota de 25 milhões de reais rasgados. Matheus, coitado, talvez precise mudar de nome e envelhecer 12 anos para ter minutos.

Quem explica Felipe Pires? E porque Arthur Cabral emprestado para ter Ceifador que nunca entrou em campo? Qual o critério? Por que Deyverson não foi vendido à China? Pedido do treinador que seria demitido semana depois? Obedecer uma hierarquia que nunca existiu? Satisfação pessoal ou preocupação com resultado?

Porque a base que, segundo Cícero Souza, tem tido um intercâmbio perfeito com o profissional, não tem minutos? Por que apostar em um empréstimo do atleta que atuava na Áustria em detrimento ao potencial de uma prata da casa? Eles são incapazes? O trabalho de base é ruim? Se ganham tantos torneios, por que não podem ao menos provarem o sabor de um jogo em casa?

Aliás, a casa alugada. De vez em quando, a temos disponível. Sem gramado, mas a temos. Como bem diz um amigo jornalista, o direito inalienável de ter saudades de um estádio humilde, mas sempre ali, pronto pra receber nosso jogo. Na época em que um ingresso custava um ingresso. E não uma entrada VIP para um show das estrelas do pop. Quando ver futebol era opção, era direito, não era privilégio.

E assim a vaquejada vai rolando. Que gado. Que momento. Que falta de tudo. Seguindo o berrante, sem alma e desejo próprio, sem sangue pelas veias, vai seguindo o roteiro de ser rico dos bens e paupérrimo de essência.

Que saudades de você, Palmeiras.