Alex! Palmeiras 3 x 0 River Plate! Há 21 anos, na Libertadores-99

(Paulo Pinto/Estadão)

Cabine do Alfredo Jaconi. Juventude x Internacional em Caxias. Semifinal da Copa do Brasil de 1999. O irmão-de-leite do Palmeiras, via Parmalat na época das vacas gordas, empatava com o Colorado favorito. Mas que seria eliminado. Como o Botafogo depois perderia a decisão no Maracanã e sua última lotação para mais de 100 mil pessoas.

O Juventude campeão da Copa do Brasil de 1999 fechava aquele semestre maravilhoso da cogestora palmeirense desde março de 1992. O time gaúcho campeão do torneio nacional. O Palmeiras seria campeão da Libertadores em 16 de junho, nos pênaltis, contra o Deportivo Cali.

No velho Palestra onde, há exatos (e bota certos nisso!) 21 anos, o Palmeiras entrava em campo para devolver a derrota em Núñez, para o River Plate. Foi só 1 a 0 para os Millonarios. Mas se fosse três ou quatro, nenhum absurdo. Porque o absurdo Marcos recém canonizado fez mais milagres em Buenos Aires e impedira a goleada que os argentinos mereciam. Mas Marcos, não.

Felipão errara a mão na ida. Escalara um time muito trancado, e com Alex como atacante. Não rolou.

Mas ali o camisa 10 de 1999 sacou que poderia fazer estragos na partida de volta se flutuasse atrás do volante Astrada e pouco à frente dos zagueiros. Onde combinara receber a bola que Zinho enfiou para ele abrir o 1 a 0 que levaria aos pênaltis. Mas com 17 minutos já não seriam necessários, quando Roque Jr., o substituto do lesionado Cléber, fez de cabeça o segundo gol.

O terceiro viria no fim. Em arrancada espetacular do time e do "sonolento" Alex…

Mas eu queria mesmo era voltar a Caxias. Onde, de fato, eu não queria estar naquela hora comentando a semifinal da Copa do Brasil pela Band, ao lado do Oliveira Andrade.

Nada contra o jogo acirrado que, de de fato, foi mais pegado do que bem jogado.

Mas tudo a favor da semifinal da Libertadores que, então, a Band não tinha os direitos. E eu, como ser humano, tinha todo o direito de estar com o coração no velho Palestra. E a cabeça como estava na semifinal da Copa do Brasil.

O problema é que a coordenação de nossa transmissão era de Lilácio Jr. O meu querido amigo Jumelo. O que dá nome às cabines de transmissão da Arena Corinthians, desde 2016. Quando partiu no voo da Chapecoense. Mais corintiano do que o craque Neto, Jumelo não me dava informações do placar no Palestra. E por estupidíssima ordem que vinha lá de cima, da chefia, não era para falar uma palavra da semifinal da Libertadores na transmissão da Band. Como se não existisse o jogo. Só pra não dar mais Ibope a quem já tinha mais Ibope do que a gente…

Sem internet no celular em 1999, sem nenhum radinho no Jaconi da torcida imediatamente à nossa frente, só me restou ligar com meia de jogo para um produtor que vou resguardar o nome – até porque hoje brilhante e conhecido jornalista. Para ele liguei perguntando quanto estava o jogo no Palestra, mas disfarçando que a ligação tinha algo a ver com nossa transmissão em Caxias.

Quando soube que já estava 2 a 0, fora o show, virei para a câmera da nossa cabine e xinguei Jumelo e nossa solerte produção com todas as palavras e gestos e dedos em off.

O golaço do Alex nos 3 a 0 já nem me preocupava.

Mas quando o vi mais tarde no hotel, celebrei como se estivesse lá no Parque Antarctica.

Sempre quis ter visto a semifinal de 1995 no Palestra.
Até Alex ter feito o milagre de eu a rever in loco em 2015.

Quando Alex se aposentou oficialmente no Allianz Parque. Quando tive a honra de ser o mestre de cerimônia da partida. E a "honra" de levar uma ovada na cabeça de São Marcos durante a transmissão da ESPN Brasil…

Mas o choro veio mesmo em 2015 quando Alex fez na sua última exibição um replay ao vivo do segundo golaço contra o River Plate, em 1999.

Repetindo um gesto técnico absurdo como o seu futebol. Do mesmo jeito, no mesmo local, na mesma meta – então do placar eletrônico, hoje o Gol Norte.

A história se repetiu como festa.

E dessa vez, com minha família presente, pude celebrar o gol que não tinha visto em 1999.

Mas revi em 2015.

Coisa de craque.