Amarcord: Cruzeiro 0 x 1 Palmeiras, BR-73

Quadrangular final do Brasileirão de 1973, turno único. Em 13 de fevereiro de 1974, uma quarta-feira no Mineirão, o Cruzeiro (que era um senhor time) enfrentava o então campeão brasileiro de 1972. A Segunda Academia de Oswaldo Brandão que não tinha o maior artilheiro da história do clube desde que se chama Palmeiras (César Maluco), e, por opção do treinador, preferiu apostar no mineiro Ronaldo na ponta-direita, deixando Edu Bala no banco.

Em casa, o Cruzeiro lamentaria demais a ausência do goleiraço Raul Plasmann, substituído por Hélio. Mas tinha um timaço. Nelinho (o mais absurdo cobrador de faltas que vi) na lateral-direita, o eficiente Vanderlei na outra. Na zaga, Perfumo, El Mariscal, um dos maiores zagueiros da Argentina, e Procópio, zagueiro que atuara no Palmeiras 10 anos antes, e que acabara de voltar a atuar depois de ficar 5 anos sem jogar depois de uma entrada horrorosa de Pelé, em 1968. No meio-campo, Piazza (campeão mundial em 1970), Zé Carlos (volante sensacional) e Dirceu Lopes (que deveria ter sido campeão mundial em 1970, e foi tão – ou mais jogador – que Tostão). Na frente, Baiano, Palhinha (outro baita jogador) e Eduardo (Amorim).

Time tão bom que pressionou o Palmeiras desde o início. Só não abriu o placar aos 20 minutos porque Leão fez o primeiro de tantos milagres numa bomba de Nelinho. Aos 25, Piazza só não marcou porque foi desarmado pelo imenso Luís Pereira que impediria aos 30 outro gol, depois de Baiano encobrir Leão e Luisão não apenas salvar sobre a linha como ainda saiu driblando Palhinha. Um monstro! Como Nelinho, aos 37, mandou outro balaço no travessão alviverde.

Na segunda etapa, o Cruzeiro seguiu pressionando e o Palmeiras não conseguiu atacar, até pelo recuo excessivo dos atacantes de Brandão. Mas havia Leão para fazer uma de suas melhores atuação na vida. Nelinho bateu falta para defesa espetacular dele, e, no rebote, Eduardo só não fez porque Leão fez outra grande defesa à queima-luvas. Aos 10, Edson Cegonha e Edu Bala vieram a campo. O velho mestre sacou o centroavante Fedato e o ponta Ronaldo. Edu foi jogar na dele, aberto pela direita, com Leivinha adiantado para ser o centroavante que havia sido no BR-72, e Edson fechando a área ao lado de Dudu, com Ademir da Guia dando um pé atrás e organizando o time mais à frente.

Mas o Cruzeiro seguiu melhor. Só não fez gols porque Luís Pereira não deixava a bola chegar na área verde. Quando ele era superado, Leão foi insuperável com mais alguns milagres até os 28 minutos, quando outro aconteceu. Nei recebeu bela bola de cobertuea de Zeca e cruzou no segundo pau. Hélio se enrolou com Vanderlei e Leivinha e, na sobra, Edu bateu de canhota a bola que passou por sobre o lateral e definiu o placar que seria mantido também pela cera de Leão, além de suas grandes defesas até o final.

No jogo seguinte, o Palmeiras venceu o Inter de virada no Morumbi, por 2 a 1. No jogo decisivo, empate sem gols com o São Paulo deu o bicampeonato nacional de 1973 ao Palmeiras.

Conquista iniciada naquele jogo em que Edu aproveitou a única chance em BH.

CRUZEIRO 0 X 1 PALMEIRAS
Campeonato Brasileiro/Quadrangular Final
Quarta-feira, 13/02/1974 (noite)
Mineirão
Belo Horizonte (MG)
Juiz: Arnaldo César Coelho (RJ)
Renda: Cr$ 684 794
Público: 74.865
PALMEIRAS: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Ronaldo (Edu), Leivinha, Fedato (Édson) e Nei
Técnico: Oswaldo Brandão
Gol: Edu 28 do 2º