Amarcord: Internacional 0 x 1 Palmeiras, BR-16

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Eram 20 anos sem vencer o Corinthians no Pacaembu: 1 a 0 Palmeiras, gol de tirar o chapéu de Dudu, no Paulista de 2016. Eram 19 anos sem vencer o Inter em Porto Alegre: 1 a 0 para o líder, gol de Erik, em outro lance rápido e bem construído pelo ataque. Eram 22 anos sem 15 jogos tão pontuados no Palestra no BR-16. Desde o último ano em que o Palmeiras entrou tão forte, e jogando tão bem, como faz quase sempre em todos os inícios de jogos neste Brasileiro.
Não é acaso. É treino. Cuca monta o Palmeiras para sufocar. Assim fez na estreia de Falcão no Beira-Rio. Criamos as melhores chances, e pouco deixamos para eles. Mesmo sem Moisés (lesionado) no meio, e com Dudu guardado para a segunda etapa.
Thiago Santos, Vítor Hugo, Edu Dracena e Zé Roberto fizeram partida notável no desarme e no cadeado defensivo. Tão boa era a fase alviverde que nem o único erro de Zé foi determinante. No final do jogo, cometeu pênalti infantil em Ariel, não marcado pela arbitragem. Prass não praticou defesas no último jogo dele e de Gabriel Jesus antes da Olimpíada que o goleiro, por lesão no cotovelo, acabou não sendo dourado. Perderíamos muito dentro e fora de campo sem ele. O goleiro Vagner ainda não havia sido testado e nem estreara no clube. Na frente, eram boas as opções para substituir o artilheiro Gabriel Jesus, mas nenhuma à altura. A fase dele era tão boa que seguia perdendo quase que um gol cara a cara por jogo. Mas todo mundo seguia correndo atrás dele a cada jogo. Dele e do Palmeiras, que de novo abriu três pontos à frente do Corinthians.
E que foi, como em 2015, ganhando os jogos grandes. Como sempre fez como time de chegada. Na Taça Brasil de 1967, na semifinal do torneio que começou para nós em dezembro, os campeões de Rio e São Paulo entravam apenas na fase semifinal. Mas pegavam pedreiras como o Grêmio. No primeiro jogo, no Sul, eles venceram por 2 a 1. Na volta, no Pacaembu, devolvemos com juros e correção futebolística: 3 a 1. Mas não valia o saldo. Teria um terceiro jogo, apenas dois dias depois: mais um show de César. Dois a um no Grêmio. O mesmo placar da final do primeiro Robertão, no mesmo anono mesmo Pacaembu, com o mesmo artilheiro: César.
Na decisão contra o Náutico, 3 a 1 lá, mas bobeamos e perdemos por 2 a 1 aqui, em 27 de dezembro de 1967, depois do Natal. Dois dias depois, antes do peru de fim de ano, 2 a 0 para nós no Maracanã. O Recreio dos Bandeirantes viu a nossa terceira volta olímpica brasileira. A segunda no segundo semestre de 1967.
Em 1968 também teve Robertão e Copa do Brasil. Isto é, dois campeões nacionais (como a Argentina teve por muito tempo antes e depois, como já aconteceu em alguns estaduais, e também em 2000 no Mundial). Só que só o Palmeiras “unificou” cinturões, em 1967. Em 1968 seria impossível: os paulistas não jogaram a Taça Brasil. O Santos ganhou o Robertão, o Botafogo, a última Taça Brasil.
Só o Palmeiras ganhou dois nacionais em um ano. O mimimi é de quem nunca nem jogou a Taça Brasil que, diferente da Copa do Brasil, nunca aceitou convidados. Só campeões. Só o Palmeiras, caros coirmãos.
E ganhou o primeiro Robertão disputando duríssimo quadrangular decisivo. Venceu o Inter por 2 a 1 em Porto Alegre, empatou por 2 a 2 com o Corinthians, e buscou o empate por um gol de João Daniel (o Betinho daquela campanha) contra o Grêmio, no Sul. No returno, empate sem gols com o Inter, vitória de praxe com gol de César contra o fiel rival, e o 2 a 1 decisivo contra o Grêmio. Dois de César.
Campeonato muito mais difícil e melhor disputado que muitos campeonatos brasileiros desde 1971. Mas muita gente que acha que a vida na galáxia começou em 1990 não tem a menor ideia do que seja.

INTERNACIONAL 0 X 1 PALMEIRAS
17/07/2016 (domingo)
16h (Brasília)
Estádio Beira-Rio
Árbitro: Rodrigo Batista Raposo (DF) Auxiliares: Fabiano da Silva Ramires (ES) e José Reinaldo Nascimento Junior (DF)
Cartões amarlos: Raphinha, Paulão, Ariel (INT); Gabriel Jesus (PAL) Gols: Erik, aos 10 minutos do primeiro tempo.
INTERNACIONAL: Marcelo Lomba; William, Paulão, Ernando e Raphinha; Rodrigo Dourado E Fernando Bob (Ariel); Eduardo Sasha, Gustavo Ferrareis (Anderson) e Vitinho; Andrigo (Valdívia). Técnico: Paulo Roberto Falcão
PALMEIRAS: Fernando Prass; Jean, Edu Dracena, Vitor Hugo e Zé Roberto; Thiago Santos e Tchê Tchê; Róger Guedes (Leandro Pereira), Cleiton Xavier (Dudu) e Erik (Rafael Marques); Gabriel Jesus.
Técnico: Cuca