Amarcord: Palmeiras 3 x 0 Novorizontino, SP-17
O Novorizontino empatou com a Portuguesa no Canindé uma hora antes do final de Palmeiras x Ferroviária (já eliminada), no último jogo da fase semifinal do SP-90.
O Verdão de Telê Santana só precisava vencer no Pacaembu para se classificar para a final que seria contra o Bragantino de Luxemburgo.
Preciso dizer que não saiu do zero em 581 chances? E ainda perdeu um gol feito com o zagueiro Aguirregaray, lá pelos 947 minutos do segundo tempo, mandando a bola na trave de Narciso? Preciso lembrar que bestas do apocalipse verde ainda mancharam e depredaram a galeria de troféus no Palestra, logo depois?
Mas lembro que saí com amigos perdido ao final do jogo empatado no Pacaembu. Vi o nosso desespero na arquibancada em frente às numeradas. O jogo todo meio que achava que não sairia o gol. Meio que sabia que me perderia. Mais ou menos como estava debaixo do placar do portão municipal, deixando o estádio, e vendo outros idiotas querendo arrancar o alambrado com as próprias patas.
Quando vi uma camisa verde ainda pegando fogo. Corri até ela e apaguei com os pés a chama que já estava se apagando. Como o nosso Palmeiras. Não a nossa paixão.
Peguei aquela camisa que estava mais preta de esturricada que verde de Palmeiras. E a levei nas mãos como troféu de mais uma eliminação dolorida daquele Palmeiras tão pouco Palmeiras. O do XV-85, Inter-86, Bragantino-89, e, desde aquela noite dolorida, o combo Ferroviária e Novorizontino-90.
Já na rua, um espírito de porco como eu me chamou de corintiano. Imaginando que eu ateara fogo à nossa única pele. Nem retruquei como deveria. Como explicar a ele algo inexplicável? Como falar para quem queimou nosso manto que isso não se mata? Como zurrar para quem maculou nossa sala de troféus que só a nossa história sobrava então naqueles dias sem futuro?
Há um ano, no mesmo lindo Pacaembu de sempre, pelo SP-17, o Novorizontino perdeu por 3 a 0 para o Palmeiras que criou 16 chances. Willian fez o primeiro num chute errado do então sempre tão certo Tchê Tchê. Borja fez o segundo de canhota numa bomba de raiva como a minha em 1990. Dudu fez o terceiro coroando ótimo segundo tempo do melhor time e de melhor campanha em 2017.
Algo impensável em 1990. Ou mesmo 2014. Quando não quebraram salas de troféus por eles estarem guardados. Quando o time não caiu mais uma vez por esses sortilégios que existem no futebol.
Como quebrar troféu. Queimar camisa. E, em 1990, achar que Telê não era o treinador para o Palmeiras…
Jamais vou esquecer aquele ano. E só entendi em 12 de junho de 1993 como foi “bom” perder tanto para ganhar tudo aquilo desde então.
Mas isso é fácil olhando para o passado. Duro em 1990 era olhar o presente e não enxergar o futuro. Como em 2014.
Virou o jogo. Viramos. Voltamos.
Venha por tudo que ele pode fazer agora. Venha pelo nada que podíamos fazer então.
Aproveite e curta. E leve jogos como esse para sempre.
PALMEIRAS 3 X 0 NOVORIZONTINO | SP-17 – QUARTAS DE FINAL, JOGO DE VOLTA | Sexta-feira, 7 de abril de 2017
Pacaembu. 21h Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (SP) Assistentes: Alex Ang Ribeiro (SP) e Eduardo Vequi Marciano (SP) Público: 24.548 pagantes (29.145 total) Renda: R$ 1.031.020,00 Palmeiras: Fernando Prass; Fabiano, Mina, Edu Dracena e Zé Roberto; Felipe Melo (Thiago Santos); Willian (Michel Bastos), Tchê Tchê, Guerra e Dudu; Borja (Alecsandro) Técnico: Eduardo Baptista Novorizontino: Michael; João Lucas, Diego Sacoman, Domingues e Moacir; Eder (Railan), Doriva, Henrique Roberto, Roberto (Alexandro) e Fernando Gabriel; Everaldo (Rodrigo) Técnico: Silas
Gols: Willian, aos 32 minutos do primeiro tempo; Borja, aos 23, e Dudu, aos 43 minutos do segundo tempo |
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