Análise: Gabigol pode ser tratado como peça de reposição do atacante Dudu no Palmeiras?

Fotos: Ivan Storti/Flickr Santos e Cesar Greco/Ag. Palmeiras

O torcedor palmeirense foca toda a sua concentração e energia nas discussões sobre quais jogos são essenciais para conquistar o decacampeonato brasileiro, porém muitos já param para refletir sobre o planejamento da próxima temporada, principalmente ao pensar que Dudu tem sido um dos principais jogadores da equipe de Felipão e deve deixar o time no final do ano. Surgiu nessa semana a informação de que Gabigol é alvo do Palmeiras para 2019. Seria ele uma possível peça de reposição para Dudu?

De acordo com uma breve análise que faço aqui, Gabigol pode ser tratado como reforço de peso para a temporada de 2019, entretanto há mais diferenças do que semelhanças entre o futebol jogado por ele e por Dudu. É possível dizer que um complementa o outro em termos de potencial de jogo em certos critérios.

SEMELHANÇAS:

1 – Drible: Dudu e Gabigol costumam chamar a atenção por puxar a responsabilidade de uma jogada individual, mas na maioria das vezes os dois preferem ganhar do adversário utilizando um corte em velocidade, deixando o drible como segunda opção. No Campeonato Brasileiro, por exemplo, Dudu é o 15º jogador que mais dribla, acumulando 27 tentativas bem-sucedidas. Já Gabigol aparece na 25ª posição com apenas três dribles a menos na competição.

2 – Passes: Dudu e Gabigol gostam de aparecer no centro das ações ofensivas, procuram a bola, e por isso dificilmente trazem ao torcedor a sensação de terem desaparecido ou se escondido do jogo. O envolvimento deles com as jogadas é semelhante quando o assunto é receber e passar a bola, tendo Dudu uma média aproximada de 23 passes por partida e Gabigol de 26 toques para companheiros por jogo.

3 – Perdas de posse de bola: Dudu e Gabigol, como eu já disse, não têm a característica de se esconder nos jogos e, por isso, acumulam média de 4 perdas de posse de bola por partida, tendo uma variação média pequena de maior perda por parte de Dudu. O palmeirense perdeu a bola 126 vezes em 26 jogos de Brasileirão, enquanto Gabriel Barbosa teve a bola roubada 129 vezes em 31 jogos do mesmo campeonato.

DIFERENÇAS:

1 – Cruzamentos para a área: Dudu é um ponta acima da média e, por isso, acumula também qualidade nos cruzamentos para a área. É corriqueiro assistir a gols de bolas na área cruzadas pelo camisa 7. Nesse Brasileirão, o atacante palmeirense já deu 156 cruzamentos até a 32ª rodada, enquanto Gabigol cruzou apenas 49 bolas, ou seja, menos de 1/3.

2 -Artilharia: Embora Dudu faça gols decisivos e tenha bons números no quesito, Gabigol vive grande temporada quando o assunto é bola na rede. O santista tem quase o dobro de gols do palmeirense. São 25 gols pelo Santos no ano, enquanto Dudu marcou 13 pelo Palmeiras. Além disso, vale destacar que Gabriel Barbosa é o artilheiro do Campeonato Brasileiro com folga, quatro gols a frente de Pablo, segundo colocado.

3 – Assistente: Dudu e Gabigol carregam nesse critério a maior diferença de característica no futebol de cada um. Desde que chegou ao Palmeiras, o camisa 7 é habitualmente um dos maiores assistentes da equipe, senão o maior, ao fim das temporadas. Nesse ano, até agora (32ª rodada do Brasileirão), o palmeirense acumula 11 assistências para gol e é o líder da competição no critério, enquanto Gabigol tem apenas dois passes para gol no torneio. No ano, Dudu tem ainda mais quatro assistências contra nenhuma de Gabigol, somando portanto um placar de 15 a 2 no critério.

POSICIONAMENTO E DEDICAÇÃO:

O atacante Gabigol atualmente tem atuado mais pelo centro do ataque santista, embora possa aparecer pela ponta direita, onde Dudu também tem atuado pelo Palmeiras. Na esquerda, Gabigol não costuma render tudo o que rende do lado oposto, enquanto Dudu tem tido desempenho semelhante em qualquer uma das pontas.

Para exemplificar um pouco da dedicação de cada atleta em jogos nos quais suas equipes exigiram um ‘algo a mais’, separei o mapa de calor nos nervosos jogos entre Internacional e Santos, e Flamengo e Palmeiras. Repare como ambos participaram bastante no jogo tanto nas fases ofensivas quanto nos momentos defensivos.

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Do seu lado direito, você vai observar um gramado com pontos cinza que mostram onde Dudu atuou durante a partida contra o Flamengo, no Maracanã (Imagem: Footstats)

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Do seu lado direito, você vai observar um gramado com pontos cinza que mostram onde Gabigol atuou durante a partida contra o Internacional, no Beira-Rio (Imagem: Footstats)

CONCLUSÃO:
Há diferenças e semelhanças muito claras entre Gabigol e Dudu. Como eu disse, ambos poderiam jogar juntos para que pudessem complementar um ao outro. Enquanto Dudu é o maior garçom do Brasileirão, Gabigol é aquele que mais marca gols. De resto, ambos gostam do jogo em velocidade, usam o drible com frequência tão parecida quanto o passe para o companheiro. Com Gabigol em campo, talvez o Palmeiras ganhasse em poder de fogo, mas perdesse em poder de criação. Tudo depende de como Felipão escolheria utilizar o jogador e qual seria a adaptação de Gabigol ao esquema e aos companheiros alviverdes. Falando objetivamento sobre campo e bola, Gabigol não seria uma contratação ruim ou pouco útil, mas a característica final (finalização/assistência) mudaria e, por isso, talvez não pudesse ser caracterizado exatamente como peça de reposição para o atual camisa 7 palmeirense.
Números e imagens: Footstats