Aqui é Sociedade Esportiva Jornalismo
Nunca recebi orientação como jornalista para falar mal de alguém, de uma empresa, de um clube, de uma associação, de uma federação, de uma confederação, de um partido (quando cobri política). Nunca.
Mas já recebi alguns toques e/ ou orientações e/ou ordens mesmo para evitar críticas para pessoas, clubes, associações, federações, confederações e parceiros comerciais. Eu e a esmagadora maioria dos colegas. A esmagada minoria dos que peitaram as ordens algumas vezes perderam empregos – mas puderam dormir mais tranquilos. Sempre.
Fui ameaçado de demissão em um intervalo de transmissão por criticar o estado do gramado e por falar que uma equipe era a reserva e o outro time era alternativo e por isso tudo o jogo não era bom. Com filho para criar, no segundo tempo fiquei lembrando histórias do confronto. Sem mais falar do pasto e das limitações técnicas. Dos jogadores e também minha.
Fui pior jornalista ou pessoa? Muito provável. Tinha muito o que fazer? Já havia feito além da conta e das que teria de pagar no fim do mês.
O colega comentarista e amigo Luiz Ademar deu a entender nas redes sociais que foi pressionado a falar mal do Palmeiras depois de a emissora em que trabalhava ter perdido a concorrência para a empresa em que trabalho para a transmissão por TV por assinatura do Brasileirão, a partir de 2019.
Ele não quer mais se pronunciar a respeito. Disse que já falou o que tinha de falar e que também não foi bem interpretado.
Conheço Ademar. Conheço muitos dos ex-colegas dele de emissora. Muitos também são meus amigos e os conheço há muito tempo. Conheço o canal. Trabalhei lá por dois anos. Era o principal comentarista da emissora quando a deixei em troca de proposta à época irrecusável. Sempre tive o maior respeito pelo canal. E a recíproca é real. Conheço quem comanda e sei a seriedade e profissionalismo com que e com quem trabalha.
Nunca recebi, entre 1995-96, nenhuma recomendação semelhante. Mas lá e em qualquer lugar isso muitas vezes independe do comando ou filosofia ou prática da empresa. Alguns irrealistas subordinados mais caxias que os reais chefes podem apimentar a pauta. Não necessariamente seguindo a receita dos masters. E não obrigatoriamente para todos os profissionais.
Ademar mesmo reafirmou que não sabe se outros receberam orientação semelhante. Certas coisas não se falam. Incertas podem ser feitas independente de orientação. E também dos fatos.
Mas insisto: pelo que já fiz em 28 anos no ofício, e pelo que sei de histórias anteriores e outras que ainda iremos contar – ou não: a maioria dos comentários e pautas saem das pessoas físicas mais do que das jurídicas. Somos responsáveis (ou não) pelo que fazemos, falamos e escrevemos.
Como tentamos fazer aqui, em NOSSO PALESTRA. Em nome da Sociedade Esportiva Jornalismo, nossa pauta é a nossa paixão. Só ela. Não somos situação e nem oposição – somos Palmeiras. Não fomos Parmalat e nem somos Crefisa – somos Palmeiras. Não somos apenas mídia palestrina e nem imprensinha – somos jornalistas em busca da melhor versão dos fatos do Palmeiras.
Vamos errar como todos e vamos tentar acertar como quase todos. Só não somos marechais para fazer campanha e nem jornalistas-propaganda para fazer merchan. Não somos mais e nem menos. Somos Palmeiras.