Árbitro de vidro: Palmeiras 0 x 1 Corinthians (3 x 4 pênaltis).
Como em 1999, não teve a volta olímpica pela conquista do Estadual (então pela briga generalizada, agora pela falta de educação geral de um túnel desinflado, a torcida única que impede a festa do visitante, a falta de respeito a tudo e a todos). Como em 1993, mais uma arbitragem polêmica de um Aparecido (com razões e emoções para os dois lados por erros capitais).
Desta vez, não foi como em 1993 e 1974. As duas vitórias que não têm como serem revertidas sem filas de lado a lado. Como foi a vantagem alviverde em Itaquera revertida, e perdida nos pênaltis.
O Corinthians não jogou bem quando perdeu para o Bragantino nas quartas, mas se recuperou na volta, em Itaquera. Jogou menos que o São Paulo nos dois jogos, mas se superou na última bola, na Arena, e Cássio foi o monstro que é nos pênaltis contra o São Paulo. Criou mais chances que o Palmeiras no primeiro jogo (6 x 3) mas não mereceu melhor sorte. No Allianz Parque, mesmo sem Clayson para articular (e Felipe Melo do lado verde para organizar a defesa e iniciar o jogo), o Corinthians foi feliz no primeiro ataque, com um minuto, em belo lance de Matheus Vital para Rodriguinho abrir o placar, em bola desviada de Victor Luís.
A trocação que se esperava se viu até 11 minutos. Duas chances para os dois lados, um lance de gol bem anulado para cada equipe, e o Corinthians só chegaria à meta de Jailson aos 50 do segundo tempo, em escanteio batido por Lucca. Matheus Vital já estava fora depois de ter criado muito para cima de Marcos Rocha e Antonio Carlos nos primeiros 15 minutos. E, depois, ficou especulando muito atrás, esperando um Palmeiras que criou mais (11 oportunidades), desperdiçou uma impressionante com Thiago Santos, aos 47 finais, em grande lance de Keno, Um que entrou bem (talvez só não devesse no lugar de Willian e sim de Lucas Lima), e, quando foi para a direita, aos 23, no lugar de Dudu (que foi o melhor em 90 minutos pelo que criou para cima de Sidicley), foi ainda mais perigoso.
O lateral corintiano levou um baile por 98 minutos. Até escapar pela esquerda e quase marcar um golaço de pé direito, em um jogo que ficou mais aberto no final, e com 10 minutos de acréscimo – e eternamente polêmico pelos erros da arbitragem.
Aos 26, Ralf dividiu com Dudu e mandou a bola para escanteio. Da cabine, a mais de 150 metros do lance, e com minha miopia galopante, não vi pênalti. Pela TV, em nenhum momento achei que Marcelo Aparecido de Souza acertou ao marcar o pênalti que ele demorou a definir. Erro crasso contra o Corinthians que poderia mudar o campeonato – embora pênalti, contra Cássio, não seja fácil, como mal sabem tricolores e aprenderam os palmeirenses, logo depois.
Mas o futebol é essa coisa tão maluca que o árbitro errou feio em um primeiro momento, e erraria ainda mais feio ao aceitar depois de muito tempo a informação trazida pelo quarto árbitro Adriano de Assis Miranda. (ADENDO: PELAS IMAGENS de nosso repórter RODRIGO FRAGOSO, quem pareceu levar ao quarto árbitro a informação foi o quinto árbitro, que estava perto da mesa dos representantes, e longe da ação). Ele que vinha atuando de maneira bastante intensa no auxílio do árbitro, do lado de fora. Ele que demorou demais para chamar o árbitro para acertar na decisão. Acertou no final das contas, e errou ainda mais por acertar essas contas com o mais do que provável uso indevido de interferência externa. Ao abusar do tempo além do recomendável, ele suscitou a mais que verossímil interferência externa que é proibida.
Uma pena. A arbitragem do Brasil é tão ruim e despreparada que erra até quando acerta – depois de ter errado tão feio. É o árbitro frágil. De vidro. Indevido.
Com o tempo parado por mais de sete minutos, o Palmeiras perdeu um pouco do ritmo que só readquiriu no final do jogo.
No final, em 180 minutos, o Palmeiras teve 14 chances contra 10 do Corinthians. Mas não teve tranquilidade e capacidade para fazer o gol que evitaria os pênaltis.
No canto onde conquistou a Copa do Brasil, mesmo com as meias brancas tão queridas em outras finais conquistadas não só contra o Corinthians, Dudu bateu no mesmo canto onde cobrara contra o Novorizontino, e Cássio foi muito bem. Como iria ainda melhor na cobrança de Lucas Lima. Mais uma vez fazendo e refazendo história pelo Corinthians.
O Palmeiras segue tendo mais jogadores de nível, melhores opções de elenco, mas ainda não tem mais time. Ou equipe tão encorpada como a do Corinthians há 16 meses treinado por um excelente profissional que há 9 anos está no clube.
O foco ainda é a Libertadores. Mas precisa ter mais fogo.