Arte e inspiração de ser humano

Somos um povo de espírito. Dependemos de inspirações para que possamos inspirar com o que fazemos de melhor. Uma classe emotiva, de sangue quente e alma verde. Temos por essência essa relação tão íntima com o coração e com os grandes seres humanos que se tornam heróis por nós e para nós.

São eles que ficam fazendo o bem pelas sombras, que se destacam por serem tão discretamente incríveis. Podem até não serem tão fãs dessa idolatria em palavras, mas não há como deixá-los de fora desse verso em tom de homenagem.

A palestrinidade surge ao forjar alguém para amar e que acaba renascendo campeão. Uma jornada intensa como só o Palmeirense se acostumou a viver. E por ser assim, a história nos coloca de frente com pessoas que carregam consigo a dor e a delicia de serem especialmente Palmeiras por serem tão humanas. Os heróis, eles são a história!

Jailson nasceu com o dom do físico. Na humildade de um interiorano com um sonho de vencer pelo clube que ama e fazer feliz um coração antigo. Com a predestinação para carregar sobre as costas treinadas com três décadas e meia de sofrimento um povo todo que sofreu por duas décadas à espera de um reencontro com a glória. Jailson tem o poder de ser tão humano ao ponto de ser preparado pela vida para essa missão gloriosa de forma sorrateira e discreta no norte do país. Estava tudo hermeticamente pronto. O caminho tortuoso típico de um herói.

Nem todos têm o dom da materialidade. Tem gente que nasceu com o presente de ser mais. Algo transcendental. Renan, o Pomerense de todos nós, é a prosopopeia do espírito alviverde. Está no mundo para dar lições diariamente e destilar talento para o povo ao qual pertence e pelo qual é tão exaltado. Aqui, um caso típico de benção muito além do futebol e que teria, já que o destino une os heróis aos seus semelhantes, o dever natural de dividir sua história.

(Foto: Marcelo Brandão/Click Palestra)

História que tem tons épicos de realidade. O cara que brigou pela vida através de sua mãe e de um cartão que lhe deu a chance de continuar sua jornada que inclui subir a pé a escadaria da Charles Miller porque o time ganhou a copa do Brasil de 2012. Ele que estava atrás do gol de Prass nos tiros livres que deram mais uma Copa do Brasil dentro de casa. Aquela mesma que ele desceu de rapel com sua cadeira. Sorte do Allianz e do Palmeiras: que visita!

Foi Marcos quem contou pro mundo que um dia Renan se tornou exemplo pra todos e foi ele que deu a Jailson a chance de ser o novo, ser a continuidade. Eles, sim, são o que há de mais Palmeiras nesse mundo. Foram unidos pela vida há alguns dias como se fosse uma celebração simultânea em que os dois estão no auge moral que um ser humano tem. A reunião de corpo e mente em uma sintonia que faz brilhar os olhos verdes, brancos, pretos ou vermelhos. Uma lágrima que escorre é o excesso de orgulho que temos ao assisti-los.

Não é à toa que os momentos sejam tão semelhantes, é a retribuição das coisas intocáveis do mundo para com essas duas pessoas que nos fazem melhores por sermos contemporâneos dessa história. A nós, além de uma religião dividida, é uma dose cavalar de inspiração!

O espírito é um sentimento que une e reconforta. Você sente e assume como seu. Esporadicamente, temos dúvidas sobre o que sentimos ou somos e são nesses momentos que recorremos aos heróis de cada dia. Lembramos do que são Jailsons e Renans, o que é corpo, o que é alma e o que é amor ao que faz. Não há nada mais revigorante. Nada tão grande como nossa profissão de fé de ser torcedor. De ser humano como eles são.