Artur Abramo: ‘O que devo a Dani e ao Palmeiras’
"Eu tive muitos professores marcantes durante minha vida escolar. Mesmo longe de São Paulo, conheci palmeirenses"
Poucas coisas no mundo são tão difíceis de retribuir quanto o amor por um time de futebol e os ensinamentos de um professor. E, por ensinamentos, eu priorizo a construção de virtudes acima de qualquer aprendizado técnico-teórico. Na escola, esse processo de formação é norteador para o resto da vida.
Eu tive muitos professores marcantes durante minha vida escolar. Terminei o ensino médio durante a pandemia, então não pude me despedir pessoalmente da maioria deles. Com alguns, mantive contato pelas redes. Trocamos mensagens na datas comemorativas, nas lembranças e nos gostos em comum.
Mesmo longe de São Paulo, conheci professores palmeirenses, entre os quais a Dani. No primeiro dia de aula com ela, estava em outra sala que não a que estudei durante todo o ensino médio. Bagunceira, a turma tinha de ser controlada a rédeas curtas. Dani assim o fez.
Houve quem não tenha gostado, mas eu, que também não era nenhum santo, observei cativado. A disciplina também me era de grande interesse, o que facilitava manter o foco. Mas, à época, o mais me chamava atenção era a altivez daquela professora diante de uma turma nada fácil.
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Mais tarde, retornei a minha classe de origem, na qual as aulas rendiam mais. Por infortúnio, o último período com Dani como professora foi em meio à pandemia. Quase todo o ano letivo aconteceu no formato virtual. Ainda assim, as aulas dela eram uma das poucas que levantava da cama para assistir.
Entre as coisas extraclasse que Dani comentava durante as aulas, a principal era Marquinhos, seu filho. A turma nutria grande carinho por ele e sempre perguntava novidades do pequeno. Há muito, eu não ouvia notícias dele senão por uma foto ou outra no Instagram.
Na última semana, Dani me procurou para contar que pretendia levar Marquinhos ao estádio pela primeira vez desde que ele tinha um ano, para assistir a Palmeiras e Corinthians. Pouco depois, avisou que não havia conseguido conseguir ingresso na venda pelo site. Assim que soube, fui atrás da pessoa que melhor poderia resolver isso – o que se provou verdade.
Meu amigo e colega de trabalho (que eu chamo de chefe, embora ele não goste), João Gabriel Falcade, tinha em mãos duas entradas para o Dérbi. Em dúvida sobre ir ao jogo, ele, de coração maior que o time que torce, decidiu dar a Marquinhos a oportunidade de ver o Palmeiras de pertinho, ao lado de seu pai, João.
E o pequeno, que nasceu na época certa para ser palmeirense, viu mais uma vitória do Verdão sobre o maior rival. Dessa vez, aos próprios olhos, sem ter que escolher o canal. Trajado com a 7, do também baixinho Dudu, ele me contou ter ficado muito feliz com a experiência.
Ao final do jogo, Dani disse não ter palavras para agradecer. Mal sabe ela que todas as palavras que ela precisava, já teria dito durante dois anos inteiros da minha vida.
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