Baixaria na estreia na Taça Brasil-67: Grêmio 2 x 1 Palmeiras

Campeão do primeiro Robertão em junho de 1967, o Palmeiras estreou na Taça Brasil em 6 de dezembro, na fase semifinal do torneio que vencera em 1960. A Taça Brasil ainda definia os dois brasileiros na Libertadores-68. O primeiro Robertão (1967) foi organizado por Ferj e FPF. A CBD desde 1959 cuidava da Taça Brasil, que teria sua última edição já esvaziada em 1968. Por isso o campeão e vice da Taça Brasil de 1967 seriam os brasileiros na Libertadores.

 

No último ano com a participação dos paulistas, o Palmeiras acabaria campeão. Bicampeão da Taça Brasil. Torneio que em 2010 seria considerado pela CBF como título brasileiro.

 

A Taça Brasil só aceitava campeões estaduais e ainda o campeão da edição anterior do torneio. O Palmeiras disputou o campeonato de 1967 como campeão paulista de 1966. Não havia convidados. O critério do campeonato era técnico. Clubes como Corinthians e São Paulo jamais disputaram a competição, por não terem conquistado títulos estaduais no período. E nem mesmo vice-campeonatos nos anos em que o Santos vencia tudo. Ou quase tudo.

Os clubes paulistas e fluminenses tinham a regalia política e esportiva de entrar direto na fase semifinal. Jogavam menos partidas que os rivais. Mas todas mais que decisivas.

Eles não estavam ali apenas por fatores extracampo. Eram campeões estaduais. Não estavam de favor.

Como muitos torneios importantes, não eram muitos jogos disputados pelos campeões. Mas para chegar lá era preciso ser campeão.

Era preciso ser preciso como mais uma vez seria o Palmeiras em 1967. O ano dos dois títulos brasileiros. Incontestáveis. De fato e de direito.

Mas isso era Brasil. E a estreia em Porto Alegre acabou antes da hora. Aos 43 do segundo tempo no Olímpico, na confusão depois do gol da vitória do Grêmio por 2 a 1, o árbitro Aírton Vieira de Moraes encerrou a partida por não ter condições disciplinares de prossegui-la. Expulsou quatro atletas paulistas e o time ficou com seis em campo.

Quando Joãozinho fez 2 a 1, os palmeirenses reclamaram com o bandeirinha Arnaldo César Coelho de impedimento do atacante rival. Reservas gremistas entraram na confusão com o policiamento e não teve mais jogo.

O Palmeiras já estava com 10. Tupãzinho (que em 1969 jogaria no Grêmio) foi expulso aos 24 do segundo tempo, por revidar falta feia de Altemir. Na saída para o vestiário, depois de alguns minutos de catimba, foi agredido por outro reserva do Grêmio e por pessoas não identificadas que estavam no gramado.

O Palmeiras de Mário Travaglini (que assumira o time depois da saída de Aymoré Moreira em 17 de setembro de 1967) não tinha o ponta-direita Cardosinho (lesionado). Valdir de Morais seguia na reserva do goleiro Pérez, que se aproveitara da lesão do titular no quadrangular final do Robertão para seguir na meta. Outros craques como Djalma Santos e Dorval (ex-Santos) estavam no banco, ao lado do preparador físico Financial, do médico Nelson Rossetti e do massagista Reis.

Por opção de Travaglini, Djalma e Valdir tinham perdido a titularidade no começo de novembro. Pérez e Scalera (ex-Ferroviária, na foto) assumiram a meta e a lateral-direita. Mas a equipe ainda oscilava. Perdera a chance do bicampeonato paulista para o Santos de Pelé. E já planejava 1968: o Palmeiras queria o retorno dos emprestados Ademar Pantera (centroavante do Flamengo), Rinaldo (ponta do Fluminense essencial na conquista do Robertão, no primeiro semestre), Suingue (meio-campista no Flu) e o meia-atacante Jair Bala (Cruzeiro).

Para a estreia na Taça Brasil em Porto Alegre, Servílio retornou de lesão para jogar como centroavante na função de César Maluco. Sem Cardosinho, o Maluco voltou a ser deslocado para a ponta-direita, com Tupãzinho na esquerda. O meio-campo no 4-3-3 de Travaglini era mais cauteloso: Zequinha mais plantado, Dudu e Ademir da Guia. Todos entre os 50 melhores jogadores da história alviverde.

Na mudança tática (em parte usada no empate sem gols com o São Paulo pelo SP-67), Ademir tinha de abrir muito pela esquerda, quase como um ponta ao lado de Tupãzinho. César entrava bastante por dentro, cortando em diagonal.

O jogo foi duro desde o início no Sul. Muita pancadaria dos dois lados. Alcindo (centroavante do Brasil na Copa-66) fez 1 a 0 Grêmio, aos 10, aproveitando de cabeça cruzamento de Babá. Aos 18, o volante Cleo empatou, marcando contra, depois de tiro livre indireto cobrado por Tupãzinho. Ele e Servílio fizeram belos lances depois, mas o goleiro Arlindo estava inspirado.

Na segunda etapa, o Grêmio foi melhor. Pressionou mais, e com a vantagem de um homem a mais nos últimos 20 minutos, chegou à vitória. Chute de Joãozinho (impedido) quicou no gramado e enganou Pérez.

A confusão no final acirrou ainda mais os ânimos. Pérez, Ademir da Guia, Ferrari e Dudu foram expulsos pelo árbitro. Com apenas seis atletas do Palmeiras, não tinha mais como haver jogo.

Não havia por regulamento suspensão automática. Sorte nossa. Estavam todos liberados para o jogo de volta.

A delegação palmeirense só deixou o estádio depois de uma hora da manhã.

Servílio e Tupãzinho foram os melhores do Palmeiras no Sul. Teriam de ser ainda melhores na volta, na outra quarta-feira, no Pacaembu. O Verdão teria de vencer por qualquer contagem para levar a decisão por uma vaga na final da Taça Brasil de 1967 para o terceiro jogo. Dois dias depois, no Pacaembu.

GRÊMIO 2 X 1 PALMEIRAS – SEMIFINAL DA TAÇA BRASIL-67

Data: quarta-feira, 6/dezembro (noite)

Estádio: Olímpico, Porto Alegre (RS)

Juiz: Aírton Vieira de Moraes (SP)

Renda: 61,313 cruzeiros novos.

GRÊMIO: Arlindo; Altemir, Paulo Sousa, Áureo e Everaldo; Cleo e Sérgio Lopes; Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Técnico: Carlos Froner.

PALMEIRAS: Pérez; Geraldo Scalera, Baldocchi, Minuca e Ferrari; Zequinha, Dudu e Ademir da Guia; César, Servílio e Tupãzinho. Técnico: Mário Travaglini.

Gols: Alcindo 10 e Áureo (contra) 18 do 1º; Joãozinho 43 do 2º

Expulsão: Tupãzinho 24 do 2º; Ademir da Guia, Dudu, Ferrari e Pérez, aos 44