Bastidores do fracasso: história da ‘não-contratação’ de Aníbal pelo Palmeiras

Verdão tentou, mas se deparou com obstáculos financeiros e desistiu da negociação com o atleta do Racing-ARG

Apesar de Aníbal Moreno, do Racing-ARG, ter feito grande esforço para ser o reforço tão esperado pela torcida do Palmeiras, o Verdão não conseguiu contratá-lo. Após uma corrida contra o tempo e complicações por parte do clube argentino, o Alviverde desistiu do negócio e viu a busca pelo camisa 5 ficar cada vez mais distante.

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Sem o meia como novidade no plantel, a diretoria palmeirense perdeu o prazo de inscrições para as oitavas da Libertadores, encerradas neste sábado (29), e pode ver a janela de transferências sendo fechada no início da próxima semana com as ‘mãos abanando’.

Pensando nisso, o NOSSO PALESTRA fez um passo a passo de como foram os bastidores desde o início da negociação com Aníbal até o desfecho decepcionante para clube, para torcedores e atleta.

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Anderson Barros afirmou em coletiva que o Palmeiras estava atrás de um volante

A primeira proposta

Na semana do dia 19 de julho, o Palmeiras fez a primeira proposta por Aníbal Moreno e já teve uma prova de que a negociação seria complicada. O Racing, resistente desde o início, não pensava em aceitar menos de US$ 8 milhões (cerca de R$ 38 milhões na atual cotação) limpos para os cofres do clube.

A venda só aconteceria caso o Verdão atingisse as cifras almejadas pelos argentinas ou pagasse da multa rescisória de US$ 25 milhões (R$ 120 milhões na cotação atual) do jogador.

Abel pediu, e Aníbal queria

Dia 20 do mês em questão, soube o NP que o técnico Abel Ferreira chegou a conversar com Aníbal, pedindo para que o jogador considerasse as propostas feitas. O atleta, por sua vez, deixou claro o desejo de jogar no Verdão. Isso porque, em janeiro, depois de recusar ofertas pelo jogador, diretores do Racing fizeram a promessa de que, em caso de boa proposta na janela do meio do ano, ele seria vendido.

No entanto, se tratar de uma disputa direta pela Libertadores, a promessa não foi cumprida, irritando o jogador e todo seu estafe. Sem uma possível negociação e sem aumento salarial no clube argentino, Aníbal começou a pressionar para vestir a camisa palmeirense.

Aníbal Moreno pensava em jogar no Palmeiras (Foto: Divulgação/Racing)

A vontade incessante de Aníbal

Mais tarde, já no dia 27, o Racing ofereceu um aumento de salário ao jogador, o que o tornaria o atleta mais bem pago do elenco. Contudo, a oferta foi recusada. Aníbal foi ficando cada vez mais irritado e incomodado, já que o time de Avellaneda seguia colocando obstáculos para evitar sua saída.

O meia continuaria pressionando todos os envolvidos por não estar bem naquele ambiente e por não querer mais defender o azul e branco. Apesar disso, sabia que ser contratado pelo Palmeiras não seria algo fácil e, assim, foi ficando cada vez mais desesperançoso.

Fora da lista de relacionados em três jogos consecutivos da equipe por alegar desgaste físico, Aníbal, frustrado até aquele momento, pressionou cada vez mais os responsáveis pelo clube argentino para que o liberassem, irritando também técnico e diretoria.

A reunião

No dia 28 houve uma reunião entre Palmeiras e Racing pelo jogador. O Verdão, em uma última cartada, cumpriu todas as exigências iniciais dos argentinos e ofereceu o pagamento do preço estipulado de US$ 8 milhões (cerca de R$ 38 milhões na atual cotação), desejando a saída do atleta no mesmo dia.

Apesar de um início de conversa promissor, os respectivos dirigentes que participaram da negociação ouviram, ao final, que o clube argentino estaria aumentando o preço em uma espécie de “tudo ou nada”, se aproveitando do pouco tempo que o Alviverde tinha para buscar outras opções. Avisaram Aníbal que queriam mais dinheiro do time brasileiro ou então ele não sairia. Com isso, a negociação não caminhou, e o meia ficava cada vez mais decepcionado e triste.

Leila Pereira e Anderson Barros (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

O limite e o fim

Na noite do dia 28, Anderson Barros deu uma declaração ao “GE” dizendo que o Verdão estava desistindo da contratação de Aníbal Moreno. De acordo com o diretor de futebol, o clube deve manter a responsabilidade para não errar em tomadas de decisões grandes, além de ter “chegado ao limite” com o Racing.

– O Palmeiras trabalhou muito para acontecer a negociação, mas não conseguimos equilibrar os números. Temos uma responsabilidade muito grande com todas as nossas obrigações. Não podemos errar nas tomadas de decisões – disse o dirigente.

– A gente se esforça, a presidente (Leila Pereira) deu o respaldo para concretizar a operação. O financeiro também, mesmo com alguns limites. E da mesma forma que a gente em alguns momentos não quisemos dar prosseguimos às propostas que recebemos, o Racing também não quis. Fomos ao limite – completou.

Nota da autora: Erros na abordagem e no planejamento

A diretoria do Palmeiras sabia da saída do Danilo há exatamente um ano. No fim de 2022, o volante deixou o clube para encarar os gramados da Inglaterra ao lado de Gustavo Scarpa no Nottingham Forest. Com total ciência, todos os responsáveis deixaram a busca por uma peça de reposição em segundo plano, acreditando que o elenco sem modificações poderia seguir vitorioso.

O problema, porém, foi se arrastando até chegar no ponto em que está atualmente. Jogadores bons para a posição acabaram ficando mais caros do que poderiam ser se a procura tivesse sido feita mais cedo, como foi o caso de Aníbal. Com um certo desespero e despreparo, as tentativas por novas peças foram falhas.

O limite atingido foi o de tempo e de tolerância. É preciso que haja, claro, uma responsabilidade financeira para que o clube não quebre. Porém, uma consciência é ainda mais necessária. A consciência de que um plantel campeão só se dá com bom planejamento e manutenções certeiras, além de novos nomes que possam equilibrar o alto nível pré-existente.

Esconder os erros nas abordagens e nas negociações atrás dos títulos conquistados nos últimos anos é tentar tapar o sol com uma peneira, como bem diz o ditado. O desgaste natural ao longo da atual temporada só acontece por conta da falta de opções no banco. Não há terra arrasada, mas há preocupações. Quando um jogador se esforça para ser contratado, não dá para perdê-lo. Resta saber quais serão os próximos passos e se eles serão falhos ou de sucesso.