Bate-papo exclusivo: Tchê Tchê opina sobre treinos abertos, quer carinho do torcedor para marcar época

Em 2016, ele deixou o Grêmio Osasco Audax com o vice-campeonato do Paulistão como uma das peças mais importantes daquela equipe comandada por Fernando Diniz para chegar ao Palmeiras. No time Alviverde, Tchê Tchê já disputou, como titular, 37 das 38 rodadas do Campeonato Brasileiro em que o clube levantou a taça e encerrou 22 anos de jejum no torneio. Em 2017, ele manteve a regularidade e foi o jogador de linha que mais atuou na temporada, mesmo sem conquistar nenhum título. Nesse ano, ele completou 100 jogos com a camisa do Palmeiras e é titular absoluto da única equipe da Série A que segue 100% na temporada.

Desde que chegou ao Palmeiras, Tchê Tchê trabalhou com Cuca, Eduardo Baptista, Alberto Valentim e, agora, Roger Machado. Embora tenham estilos diferentes, todos elogiaram e utilizaram o jogador no meio-campo de seus trabalhos. Tchê Tchê já atuou em todas as posições de meio e ainda ajudou, quando necessário, em ambas as laterais. Aos 23 anos, Danilo das Neves Pinheiro chegou ao Palmeiras concedendo entrevistas coletivas rápidas e tímidas, mas agora, aos 25, ele domina a sala de imprensa, como fez na semana passada, e não tem medo de falar o que pensa.

“Infelizmente tem gente leiga que tenta formar opinião em rede social e cria rótulo em cima de algumas pessoas. Não me importo em ser carregador de piano. Se sempre que troca o treinador eu continuo jogando, é porque tenho algum valor e tenho de ter respeito também”.

Nessa entrevista exclusiva que você vai ler agora, questionei Tchê Tchê sobre o quanto sua função tática pode ter gerado críticas ao seu futebol, perguntei a ele se poderia recusar uma proposta milionária, como fez Dudu, para marcar época no Palmeiras, falei sobre sua principal função dentro de campo, que envolve Lucas Lima, e como a atitude de Roger Machado abrir os treinamentos e expor os jogadores às lentes das câmeras da imprensa repercutiu no grupo.

Confira a entrevista na íntegra:

Rodrigo Fragoso – Recentemente fiz uma análise aqui no blog sobre as tuas funções dentro de campo sob o comando do Roger Machado. Nela, pude perceber que você parece trabalhar como um pêndulo do Lucas Lima. Onde ele não está, você aparece, seja na frente ou atrás. Essa é uma das suas principais funções?

Tchê Tchê – Sim, ele tem características mais de armação, de achar passe, estar mais próximo da área e eu procuro analisar o que ele está fazendo durante a partida para fazer o contrário, ou seja, se ele for buscar a bola, eu vou para a frente. Se ele estiver mais na frente, eu vou buscar a bola para ajudar o Felipe Melo na saída de jogo. Podemos chamar de pêndulo, mas a melhor palavra seria tentar se completar durante a partida.

Rodrigo Fragoso – O jogador chamado de tático no futebol brasileiro, cujas funções não necessariamente sejam dar uma assistência ou fazer gols, não é muito reconhecido no futebol brasileiro. Atualmente você é um dos jogadores táticos do Roger e, por isso, muitas críticas acabam surgindo. O que você pensa sobre isso?

Tchê Tchê – Acho que tem umas pessoas que são despreparadas, não entendem muito bem de futebol, só olham na televisão quem fez o gol ou quem bateu o pênalti. Então, infelizmente é a cultura do nosso futebol. Os jogadores táticos são pouco reconhecidos, mas não me deixa triste isso. Se eu estou jogando sempre, de alguma maneira meu trabalho está sendo reconhecido. Então, me importo mais com o que o meu treinador vai achar do que as pessoas de fora do clube.

Rodrigo Fragoso – O técnico Roger Machado costuma abrir os treinamentos, falar didaticamente sobre o que quer do time e dos jogadores com a intenção de elevar o nível do debate do futebol brasileiro em todos os setores. Os outros treinadores do Palmeiras mostravam muito menos do trabalho no CT. O que os jogadores têm achado desse estilo mais aberto de trabalho sob o comando do Roger?

Tchê Tchê – O Roger usa isso de uma maneira boa. Ele explicou pra gente que essa é a forma de tentar trazer as pessoas que estão vendo de fora para o nosso lado, para que as pessoas entendam o que está sendo trabalho e não só vejam o jogo e entendam algo de maneira errada.

Rodrigo Fragoso – Você já está na história do Palmeiras com o título do Campeonato Brasileiro. Olhando para o que aconteceu com o Dudu, que recusou uma grande proposta da China com o objetivo de fazer mais história pelo clube, você se imagina recusando uma grande proposta para marcar época no Palmeiras?

Tchê Tchê – Eu estou muito feliz aqui. Minha permanência depende do meu desempenho, claro, mas também da maneira como eu vá ser tratado pelas pessoas. Temos que estar felizes e em um lugar que você seja reconhecido pelo trabalho, pelas pessoas de dentro do clube, e também pelos torcedores. Depende muito mais disso. Dentro do clube, sou muito querido por todos e espero permanecer por muito tempo.