O 12 de junho é conhecido como o “Dia da Paixão Palmeirense”. Isso porque foi nesta data, em 1993, que o clube venceu o Corinthians, na final do Paulistão, e encerrou o jejum de títulos que vivia. No entanto, esta não é a única relação entre o Palmeiras e o amor existente entre palestrinos.
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Leonardo e Ingrid são um bom exemplo disso. Palestrinos desde o berço, apesar dos caminhos diferentes para isso, se juntaram através de um amigo. O primeiro beijo num gol marcante, pedido de casamento internacional. Em conversa com o NOSSO PALESTRA, o casal explicou a trajetória e o papel do Verdão na história.
Amor pelo Palmeiras
Cada um tem seus motivos, únicos e pessoais, para desenvolver a paixão por um clube de futebol. Em muitos casos, o sentimento vem dos pais. Para Léo, porém, a situação é diferente. Com família rival, ele teve contato com o Palmeiras através do padrinho e do avô, numa visita à casa palmeirense em 2002.
– Meu caso é um pouco curioso. Minha família, a maior parte não é palmeirense. São mais são-paulinos e corintianos. Mas a primeira vez que fui num jogo, foi num jogo do Palmeiras. Meu padrinho me levou com o meu vô. Hoje sou palmeirense por causa deles. Foi em 2002, Palmeiras e Guarani, eu não lembro o resultado, só sei que o Palmeiras venceu e virei palmeirense. Meu pai tentou, me levando no Morumbi ver o São Paulo, mas não deu. Via o São Paulo ganhando, meu irmão gêmeo são-paulino comemorando, e o Palmeiras naquela fase horrorosa, mas permaneci palmeirense.
Para Ingrid, foi diferente. O pai era palmeirense. A mãe, são-paulina. A briga para decidir o time da criança que iria nascer parecia inevitável. Eles, porém, tinham outros planos e, para isso, encontraram uma solução.
– Boa parte da minha família paterna é palmeirense e meus pais tinham um acordo. Se fosse menina, seria palmeirense, que é o time do meu pai, o que é meio esquisito, porque, geralmente, o pai quer escolher o time do menino, mas tudo bem. Se fosse menino, seria são-paulino, que é o time da minha mãe. Eu nasci menina e eles ficaram nesse acordo. Meu pai me levou num jogo pela primeira vez só em 2014. Apesar de ele querer que eu gostasse de futebol, ele tinha um certo receio. A parti daí, eu comecei a ir em muitos jogos, peguei gosto de ir ao estádio. Sou palmeirense desde pequenininha.
Um cupido chamado Palmeiras
Os dois palestrinos, porém, não se conheciam. Compartilhavam o amor pelo Palmeiras, assistiam às partidas e até tinham um amigo em comum, mas nunca haviam se encontrado.
Foi através deste conhecido que, enfim, conversaram. Também palmeirense, em um churrasco de aniversário. Convidou Léo e Ingrid que, depois daquele dia, marcaram de se encontrar. Desta vez, para assistir uma vitória fundamental do Verdão na campanha do eneacampeonato brasileiro.
– Foi por conta do Palmeiras. Não exatamente em um jogo. Temos um amigo em comum, o Matheus. Ele é palmeirense e ele foi fazer um aniversário. Me convidou, convidou a Ingrid, e a gente nem se conhecia. No churrasco, aniversário dele, a gente se conheceu, começou a conversar e tudo mais. Nosso primeiro encontro foi no jogo Palmeiras e Botafogo, em 2016, brigando pelo título, em um bar na Turiassú. Teve o gol do Dudu, de cabeça, demos o nosso primeiro beijo nesse gol. A partir daí, só felicidade, tanto com Palmeiras, tanto no amor – explicou Leonardo.
Além disso, Léo explicou os eventos que levaram ao primeiro beijo. Segundo ele, o gol de Dudu, fundamental para o título nacional, serviu como um motivo para agir. A comemoração, inclusive, já era planejada.
– Eu sou um pouco tímido. Para conversar com mulher, até com ela, sempre fui tímido, na minha. A gente combinou e eu pensei: “Vai rolar, mas como? Eu vou estar em um bar, vendo jogo, como que vai acontecer? Tem que fazer um gol”. Aí, assim que o Dudu fez, na comemoração saiu. Foi o gol que ajudou muito no título. Gol do Dudu e gol nosso meu e dela.
Um casal palmeirense
A partir daquele dia, a história de Leonardo e Ingrid foi escrita. Além do amor que floresceu entre eles, a paixão pelo Palmeiras se desenvolveu e assistir às partidas se tornou um evento de casal.
Em casa ou no estádio, sempre acompanham o Verdão unidos. Uma vez, no entanto, Léo teve de ir ao Allianz Parque sozinho, dado que ela não poderia naquela data. A experiência, segundo ele, foi estranha e não deve ser repetida.
– Assistimos quase todos os jogos juntos, principalmente os mais importantes. Eu não sei explicar com uma palavra, mas é meio que uma família, eu, ela e o Palmeiras. É um amor da hora de viver com ela – disse ele.
– Quase sempre, quando vamos em um jogo, a gente vai junto. Nunca fomos sozinhos desde que começamos a ficar juntos. Mês passado, eu queria ir em um jogo de Libertadores, que fazia tempo que eu não ia. O jogo Palmeiras e Emelec que teve eu conseguiria, mas ela não podia, porque tinha de estudar, prova na faculdade. Ela falou: “vai sozinho”. E eu: “Sozinho? Palmeiras, sem você, não combina. Você tem de ir junto”. Ela ficou insistindo e eu falei: “Quer saber? Eu vou”. Eu fui e até brinquei com ela: “Sinto que estou sozinho. Sabe quando você esquece uma mala, um casaco? É isso que estou sentindo”. Foi estranho, não repito isso não.
– É uma paixão em comum que temos, então é muito legal – completou Ingrid – principalmente quando a gente se planeja para ir para o estádio. Já vira um programa, além de futebol, de casal. A gente assiste ao jogo, comemora juntos, xinga juntos.
Mundial de Clubes e pedido de casamento
Após uma pequena frustração por não conseguir ir à final da Libertadores, abafada pelo título continental, os dois tomaram uma das maiores decisões de suas vidas. Primeira viagem internacional, primeiro jogo fora do mando de campo do Palmeiras. Decidiram viajar até os Emirados Árabes Unidos para acompanhar o Verdão no Mundial de Clubes.
– Cara, foi uma loucura. Acho que quase todo palmeirense que foi, foi uma loucura. A gente não vai muito em jogo aqui em São Paulo por conta de rotina, horário. Aí a gente já vinha planejando e comentando sobre casamento, então a gente já vinha fazendo uma economia. O Palmeiras foi para a final da Libertadores e falei: “Vamos para o Uruguai ver a final?”. Fui ver os preços e absurdos de caros. Mas, quando ganhou a Libertadores, eu falei: “Agora não tem jeito, a gente vai. Não faço ideia como, mas a gente vai”. As passagens iam subir rápido, eu sabia disso, aí comprei na empolgação total. Foi campeão no sábado, comprei na segunda-feira à noite. Eu sou autônomo, mas pensei: “Como vou falar para os meus alunos que vou tirar férias?”. Mas a gente precisava de férias mesmo, então embarquei nessa loucura. A gente comprou ingresso, tudo. Um sonho que às vezes eu paro, vejo foto e fico: “Meu deus”. Foi a primeira vez que vimos um jogo fora do mando do Palmeiras, primeira viagem internacional. Foi uma experiência muito louca que eu repetiria – disse ele.
– Quando a gente estava indo no avião, a gente falava: “E se perder”. E eu: “Se perder, faz parte. A gente vai aprender isso, o Palmeiras já mostrou tanta coisa. Temos que aproveitar, viver o momento. Não vamos deixar de curtir. E se ganha?” – completou.
A viagem, porém, tinha um objetivo a mais para o casal. Além da oportunidade de ver o Palmeiras no torneio, Leonardo decidiu que aquele seria o melhor momento possível para oficializar o pedido de casamento, antes idealizado para o meio do ano.
Para isso, contou com a ajuda de Brenda, amiga que também foi a Abu Dhabi. Ela o auxiliou na escolha, compra e transporte do anel. O melhor momento, porém, foi no instinto.
– Quando eu comprei a passagem, a gente estava planejando a viagem, a gente já vinha comentando de casamento. Mas claro que o pedido ela não ia saber quando ia acontecer. No início, minha ideia era pedir agora no meio do ano, para ela terminar a faculdade. Mas quando veio a viagem, eu falei: “Não tem como perder essa chance, não vou ter uma oportunidade tão boa. É o que eu quero, o que ela quer. É o momento”. Foram amigos nossos para Abu Dhabi e eu conversando com uma amiga nossa falei: “Você precisa me ajudar”. Eu sou homem, nós nem sempre temos a melhor das ideias. Como eu vou comprar essa aliança e levar sem ela ver? Falei: “Brenda (amiga), você me ajuda. Você me ajuda a escolher e você vai levar para a viagem esse anel. Vai tratar como uma joia importante que você tem que entregar para alguém muito importante lá. Não perde isso”.
– Fiquei pensando se ia pedir no estádio, quando. Mas se pedisse no estádio em um jogo que o Palmeiras perdeu, fudeu. Não vai ficar uma boa lembrança. Aí, um dia antes da final, a gente ia fazer o passeio no deserto, e eu falei: “É isso. Não tem um cenário melhor possível”.
Futuro
Quando pensam no futuro, pensam em Palmeiras. Construindo uma vida juntos, Leonardo e Ingrid se voltam a ensinamentos do treinador Abel Ferreira nos momentos difíceis. Segundo eles, estas fases são naturais e passageiras, apesar dos possíveis questionamentos. É preciso gerir isso e superar, como ocorre dentro do Verdão.
– É muito legal que o Palmeiras nos uniu. Mas é importante pensar que, assim como no futebol, em relacionamentos, em tudo, a gente tem de estar disposto a lutar pelas fases não tão boas. Acho que a gente tem de aprender muito com o Abel. O importante é fazer sua parte, saber que está tudo certo, lutar pelo certo. O Palmeiras está em um bom momento, a gente está em um bom momento. Mas se o Palmeiras estiver em um mau momento, como já esteve, a gente nunca deixou de apoiar por isso. Faz parte da vida – explicou Ingrid.
– Futebol ensina várias coisas para a gente. Tem como trazer isso para um relacionamento. Falar que o relacionamento sempre vai ser amor e carinho é mentira. Nem em novela, isso aí é conto de fadas. É normal, vai ter fases boas, ruins. Às vezes por trabalho, falta de dinheiro. Futebol é a mesma coisa. Às vezes o time está numa fase ótima, mas acontece alguma coisa. Vem uma sequência ruim de jogos e já fica: “Será que o treinador é o certo? Será que eu e você, estamos brigando muito, é o certo?”. É entender que vai acontecer, não tem como viver um amor perfeito sem um desentendimento – completou Léo.
Existirá um Eduardo Abel?
Quando o assunto é filhos, existe um consenso no casal: precisa ser palmeirense. Familiares avisados e esforço mentalizado, o casal não vê como poderia ser diferente. O nome, no entanto, ainda não está definido, e uma homenagem a ícones palestrinos não está descartada.
– (Queremos ter filhos) bem mais para frente, mas tem de ser palmeirense – começa Ingrid.
– Já falei para o meu pai (são-paulino) e para a minha mãe (corintiana): “Vocês não inventem nada. Não precisa dar nada do Palmeiras, mas não deem nada do clube de vocês, não inventa de levar para o estádio. Se levar, vai levar cascudo”. Meu filho pode não gostar de futebol, tudo bem, mas que não seja influenciado por outro alguém para gostar de algum time. Se ele virar são-paulino, mas por ele sozinho, é outra história. Mas influência me preocupa – continua Léo.
– A gente já brincou com isso. Toda vez que um jogador faz um gol importante, a gente brinca que o nome do filho vai ser Abel, Dudu, Deyverson. A gente brinca, mas não sabemos se isso vai acontecer. A gente já brincou várias vezes, até o Deyverson. Mas não tem como saber. Tem muito disso, mas penso muito em nomes que eu gosto, que acho bonito. Então penso nisso, talvez um Eduardo Abel. É o nome perfeito – ele brinca.
O que é Palmeiras?
Por fim, o casal explicou ao NP o que entendem por Palmeiras, afirmando ser mais que um clube, sendo, assim, um motivo para se conectarem com pessoas e, também, para o amor ter existido entre eles.
– É tudo. Além de ser o meio em que a gente se conheceu, a gente é palmeirense desde antes de se conhecer. É um amor que já existia e nos uniu mais ainda – e continua Ingrid – me conecta com meu noivo, com meu pai, me conectou com um monte de amigos. Além do amor ao futebol, o futebol te conecta com outras pessoas incríveis e isso é sensacional.
– É bem essa questão de amor e paixão. Para mim é uma coisa que gosto bastante, acompanho todos os jogos. É aquela coisa, se o Palmeiras ganhar, é a melhor coisa da vida. Se perder, fica puto. Para mim, o Palmeiras é uma das coisas mais importantes da minha vida. Por ter conhecido a Ingrid, vários amigos, momentos de felicidade e de tristeza e raiva que você leva para vida, como um aprendizado. Nem sempre vai ganhar, mas tem de estar lá, continuar confiando, torcendo e criando esperança. Minha vida toda é Palmeiras – finaliza Léo.
Com Ingrid e Leonardo na torcida, o Palmeiras entra em campo neste Dia dos Namorados, 12 de junho, para enfrentar o Coritiba, às 18h (de Brasília).
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