Betinho: título em família no Sergipe, desafio na Série D e lembranças do tempo em que ‘roeu o osso’ no Palmeiras

(Fotos: Arquivo pessoal)

O torcedor do Palmeiras do começo da década de 1990 lembra de um time que amargava um incômodo jejum de títulos, mas com jogadores de qualidade. O camisa 10 daquele tempo faz sucesso como treinador e domina o estado de Sergipe.

Gilberto Carlos Nascimento, ou simplesmente Betinho, fez história ao levar o Frei Paulistano, fundado em 2016, ao primeiro título sergipano. O Frei tornou-se o clube brasileiro mais jovem a conquistar um estadual de primeira divisão no país.

“Eu já tinha dois títulos estaduais com o Confiança (2014 e 2015) e um título de acesso à Série C, mas certamente foi especial agora”, disse Betinho ao NOSSO PALESTRA.

O treinador de 52 anos iniciou a temporada no próprio Confiança, mas saiu ainda no primeiro turno. O acerto com o Frei aconteceu após uma necessidade do clube.

“O treinador do Frei teve um problema pessoal e precisou sair. O clube saiu da zona de rebaixamento e se classificou ao hexagonal final. Cheguei para a estreia desta fase e logo de cara pegamos o Confiança. Buscamos o empate após sair perdendo por dois a zero e o segundo gol foi do meu filho, Matheus Nascimento. Aquilo mexeu com o time e eles acreditaram que dava para fazer história”, afirma.

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Foi a primeira vez que Betinho teve oportunidade de trabalhar com Matheus, de 25 anos (foto acima). Os dois acabaram campeões contra o Itabaiana e o título mudará a rotina do modesto clube a partir do ano que vem, com disputas no cenário nacional.

“A folha do Frei é de R$ 28,5 mil por mês. O título estadual vai fazer com que o clube dispute quatro torneios no ano que vem: Sergipano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Brasileiro Série D. Só aí entra pelo menos R$ 1 milhão. É um salto fundamental e importante para o Frei”.

Como as vagas são para as competições de 2020, o ano acabou para o Frei. Um dia depois do título, Betinho foi contratado para treinar o Sergipe na Série D e na primeira fase encara Coruripe-AL, Fluminense de Feira-BA e Salgueiro-PE.

“Série D é decisão a todo instante. Tem que classificar e ir para o mata-mata, por isso estamos nos reforçando com atletas. Até agora, quatro vieram do Frei e estamos negociando ainda com outros”, disse Betinho, que seguirá treinando o filho Matheus.

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LEMBRANÇAS DO PALMEIRAS
Betinho pegou o fim do período sem títulos do clube e conviveu com o início da parceria com a Parmalat. Ele ficou de 1990 até 1992. Com bom-humor, ele relembra do difícil período e da saída pouco antes do clube retomar o caminho da vitória.

“Brinco que vivi o período em que roí o osso e na época boa eu saí. Peguei ainda os primeiros meses da Parmalat, mas como na época o meu passe não era do clube, eles ficaram com quem pertencia ao Palmeiras e contrataram uma série de atletas”.

“Tenho um carinho muito grande pelo Palmeiras. Sempre que estou em São Paulo participo do jantar dos veteranos. Hoje acompanho de longe por conta do trabalho em Sergipe, mas vi a reta final difícil do ano passado quando conquistou o Brasileiro”.

A pressão atual por resultados, mesmo com títulos, não muda o cenário vivido por Betinho no começo da década de 1990. A recente agressão ao ônibus do elenco foi lamentada por ele.

“O que aconteceu não foi promovido por torcedores do Palmeiras. Quem faz aquilo não pode ser chamado de torcedor. Naquela época, lembro de sair escoltado após um jogo contra o Bragantino. Em 1990, teve a passagem contra a Ferroviária em que perdemos a chance de chegar à final do Paulista e, lamentavelmente, invadiram a sala de troféus para quebrar tudo. Era um momento de pressão. Mesmo com resultados agora, isso não muda”, finaliza.

No período em que vestiu a camisa alviverde, foram 141 jogos (69 vitórias, 38 empates e 34 derrotas), com 41 gols marcados. Aproveitamento de 57,9% e média de 0,29 gol marcado por partida.