Borja e a Rádio Camanducaia. Palmeiras 4 x 0 Godoy Cruz.
Odayr Baptista tinha a melhor voz datada da história do rádio. Mas sempre foi dos mais modernos e brilhantes comunicadores desse “Show de Rádio” que ele ajudou desde 1971 a ser ainda maior na Rádio Jovem Pan. Quando “falou para a cidade e cochichou para o interior” pela Rádio Camanducaia. A mais genial criação do amigo que nos deixou nesta terça-feira, dia triste como o árbitro que marcou um dos menores pênaltis da história, convertido por Veiga, aos 11 do segundo tempo.
No mesmo dia em que em Cianorte o seu Toninho Nasorri deixou de ouvir o radinho que o acompanhou nos últimos jogos ruins do Palmeiras na UTI. Naquelas partidas que para ele, por décadas, eram bem palmeirenses. Isto é: bem palmeiristas, um misto de palmeirismo com pessimista. Na dúvida, contra o frágil Godoy Cruz, vai dar errado. Como deu nos primeiros péssimos 45 minutos de apenas três chegadas longe da meta do pavoroso goleiro Mehring.
Tão indefensável na meta como a saída dele no segundo gol, aos 24, numa bola longa que tanto treina Weverton, que Borja aproveitou. O colombiano que chega a 11 gols na Libertadores. E que tanto o vô Toninho cornetava. Ele e a torcida do Palmeiras. Aos 38 Scarpa (que entrou bem como Hyoran) ampliou, em bom lance de Dudu que melhorou como o Palmeiras, e faria o quarto gol aos 48, em bonita pancada em atuação muito feia na primeira etapa, e apenas eficiente na segunda. Quando criou 11 chances, mas ainda assim tem dificuldades táticas de aproximação. E técnicas pela má fase coletiva e individuai.
Borja acabou sendo decisivo. Mais uma vez. Numa terça que não é dia normal de jogo. E não foi normal não ter o vô Toninho para cornetar. Ou para não ter palavras como não conseguiu consolar o neto Admir na queda de 2002. O neto que parecia ter o nome do ídolo máximo (o Divino) e que achava então que o Palmeiras acabaria. Como não poucos achavam que o ano havia acabado depois de 5 jogos sem vitória depois da Copa América.
Bem palmeirista. Pessimista palmeirense. Aquele mau humor que chega a ser engraçado. Mas sem a graça que o rádio perde sem Odayr Baptista. Um gênio. Um mestre. Um amigo querido que agora não tenho palavras. Espero as encontrar.
Como diria Alberto Neto a respeito de Alberto Júnior: alô, ténica. Corta ele! Alô, técnico do Palmeiras e jogadores muito técnicos do Palmeiras: vamos jogar mais bola.