Brunoro diz que ‘mudaria o futebol feminino em 10 anos’, mas alerta: “Tem que parar com papo de ganhar igual”
(Foto: César Greco / Fotoarena)
Durante a live do Nosso Palestra na noite desta sexta-feira (12), o dirigente José Carlos Brunoro revelou ter um projeto pronto para desenvolver o futebol feminino no Brasil, mas diz que nunca foi ouvido por nenhuma entidade responsável. O ex-CEO do Palmeiras tem uma filha que pratica o esporte e comentou o assunto ao ser questionado sobre a situação da modalidade no país:
"Não falta investimento. Falta planejamento sério. Eu sou fã do futebol feminino. Tenho um planejamento de desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e nunca quiseram me ouvir. CBF, Federação, ninguém."
O cargo de coordenador da seleção brasileira feminina está vago desde o dia 02 de junho, quando o então responsável pela função, Marco Aurélio Cunha, deixou o posto. Perguntado sobre essa situação, Brunoro foi categórico na resposta:
"Está vago, mas não vão me convidar nunca. Eu gostaria de pegar, porque eu boto esse negócio de futebol feminino para acontecer no Brasil. Eu tenho um projeto espetacular, prontinho. Fiz porque eu gosto. Que envolve escola, uma porção de coisa."
Foto: Partida entre Cruzeiro e Palmeiras, válida pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro Feminino Série A1, no estádio das Alterosas, em Belo Horizonte-MG. (Divulgação / SE Palmeiras)
Em seguida, o hoje consultor das categorias de base do Fortaleza detalhou sua ideia:
"Primeiro (precisamos) parar com esse papo de que um salário de jogador masculino paga o futebol feminino. Vamos jogar para baixo as coisas. Em segundo lugar, o clube tem que ceder só o nome, para poder ter popularidade. A estrutura tem que ser: escola, universidade e clube. Porque a grana não vai vir para o futebol feminino como vem para o masculino. Vamos que parar com esse papo que tem que ganhar igual. Não enche estádio, não tem patrocínio. A conta é fáci: Faturou muito, ganha muito. Faturou pouco, ganha pouco. Tem que parar com esse negócio de ajudar no Brasil. Tem que conquistar. E as meninas têm muita coisa boa para conquistar.
Eu acho que temos que mudar o modelo e fazer igual ao esporte americano. As meninas têm time na escola, na universidade, e quem for boa joga no clube para disputar a liga nacional. Porque não dá para pagar 200 mil, 300 mil para as meninas, mas se elas tiverem faculdade paga e um futuro garantido com uma ajuda de custo, depois se for pra um time grande, ela vai ganhar dinheiro. Mas pelo menos aumentamos a capilaridade do futebol feminino, vamos ter muito mais massa de jogadoras e ser muito mais fortes.
Cara, eu tenho um projeto que eu sonho com isso. A gente muda o futebol feminino em 10 anos. Mas não vai ser o que é o masculino, esqueça isso, são duas situações diferentes."
Por fim, Brunoro comentou a obrigatoriedade dos clubes de montar equipes femininas imposta pela Conmebol. Caso algum time não acatasse à decisão, seria proibido de disputar competições continentais:
"Essa obrigatoriedade é estranha, não? Tem que ter uma coisa mais estruturada. Agora que veio uma técnica de altíssimo nível, tem que aproveitar a experiência dela. Tem que criar coisa lá do sub-10 em diante. Eu acompanhei minha filha jogando pelo Centro Olímpico na periferia… Tem cada menina boa de bola que vocês não fazem ideia! (…) Você pensa "não é possível que o Brasil não esteja aproveitando isso".
O modelo está errado. E eu acredito muito no futebol feminino. Mas tem que parar de ficar sob o pagamento do clube. Como o clube vai montar CT para o feminino? Começa a ter um monte de implicações. Tem que ter universidades, prefeituras por trás, e o time dando o nome. E isso de "nome" implica material, uma pequena verba, algo para ajudar no complemento, mas não ser o mantenedor direto."