Campeão do Robertão-67! Palmeiras 2 x 1 Grêmio
Os gols do jogo do título. Arquivo TV CULTURA. Narração José Silvério
Bastava um empate para o Palmeiras conquistar o primeiro Robertão na noite de garoa paulistana na quinta-feira, 8 de junho de 1967. Bastaram 25 minutos para o único artilheiro que o Verdão teve em Nacionais desde 1959 definir a vitória que seria por 2 a 1 no Pacaembu. César que ainda não era Maluco enlouqueceu a torcida que ganhava o primeiro título do torneio que é o pai do Brasileirão disputado desde 1971. Nenhum com tantas equipes boas como o Robertão de 1967. O primeiro nacional palmeirense em 1967. O segundo viria com a conquista da Taça Brasil, em dezembro.
Desde a vitória no domingo por 1 a 0 contra o Corinthians, gol de César, o título estava mais do que encaminhado. A vitória colorada por 3 x 0 contra o maior rival paulista, na véspera, dava ainda mais otimismo e favoritismo ao Palmeiras. Trios elétricos e caminhões especiais aguardavam o final da partida para levar em caravana a delegação e diretoria para o Parque Antarctica, onde a festa seria regada a barris de chope.
Para isso era preciso jogar e ao menos empatar o jogo. Foi o que mais uma fez o campeão do Robertão, com 3 vitórias e 3 empates no quadrangular final. Melhor ataque e melhor defesa da fase decisiva.
Rinaldo, essencial até a penúltima rodada, seguia fora por lesão. Como Djalma Dias não acertara o contrato e fora muito bem substituído por Baldochi na zaga em quase todo o BR-67. Valdir também estava lesionado. O goleiro Pérez se saiu muito bem no quadrangular final. Reserva de luxo, titular muitas vezes na ausência de Servílio (sem contrato), Jair Bala nao estava disponível por lesão.
No mais era o time que vencera o Corinthians. Com Tupãzinho e Servílio voltando à equipe com vínculos encaminhados ou renovados.
O Grêmio já estava eliminado. Se ganhasse, daria o título nacional no colo do Inter. Apesar da maior rivalidade brasileira, a Gre-Nal, eram dias únicos. Por conta dos sentimentos acirrados pelo bairrismo, pela única vez na história tricolores e colorados fizeram questão de torcer pelo Sul x os clubes paulistas.
Não por acaso o Grêmio começou na frente, ainda que sentindo as ausências de Alcindo, Sérgio Torres e Altemir. For pra cima. Mas com 7 minutos tudo se encaminhou. Ari Ercílio foi desarmado por César dentro da área. O maior goleador desde que o clube se chama Palmeiras se desvencilhou e fez 1 a 0.
E só não fez mais pela ótima atuação do goleiro Arlindo. Ele só não tinha o que fazer aos 25. Em lance rápido entre Tupãzinho e Servílio, César avançou pela esquerda, passou pelo zagueiro e encheu o pé esquerdo no canto alto de Arlindo. 2 a 0. Aos 33, Ademir foi derrubado dentro da área. Mas o árbitro marcou a falta fora.
O Palmeiras resolveu tocar a bola e esperar o tempo passar para fazer festa. Mesmo com o gramado à época sempre ruim. Aos 30 minutos a torcida começou a cantar a tradicional versão brasileira de CIELITO LINDO:
– Ai, ai, ai, ai… Está chegando a hora…
Aos 40, lance normal dentro da área de Baldochi com Loivo foi interpretado como pênalti. Ari Ercílio bateu rasteiro no canto direito. Pérez não conseguiu chegar. 2 x 1 Palmeiras. Ferrari ainda seria expulso aos 44, como muitas vezes acontecia com o lateral.
Djalma Santos foi um dos melhores em campo. Mais uma vez. Como destacou o jornal O GLOBO: “Ele já experimentou o gosto de todas as conquistas. Ele já fora campeão do Rio-São Paulo, mas agora é campeão de um VERDADEIRO E PRIMEIRO CAMPEONATO NACIONAL DE CLUBES.
Mais não preciso falar.
César, Ademir e Dudu foram os nomes do jogo do título.
Aymoré Moreira, treinador campeão do Brasil em 1967 e do mundo em 1962, foi convidado pela CBD para dirigir a Seleção em jogos contra o Uruguai válidos pela Taça Rio Branco. Não pôde chamar jogadores do Palmeiras, que duas depois da conquista do país excursionaram para o Japão, onde o clube recebeu 135 mil dólares por três amistosos. Mário Travaglini foi o treinador palmeirense na viagem. Dorval viajará pela primeira vez com o elenco. O ponta chegou do Santos na semana do título.
Antes do embarque, a delegação alviverde recebeu homenagens em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. O governador paulista Abreu Sodré saudou o clube e a conquista e ofertou mais um troféu. A Taça Abreu Sodré. Quem a ergueu no gabinete do governador da ditadura militar foi o capitão Djalma Santos.
Cada jogador recebeu do Palmeiras 2 mil cruzeiros novos como premiação.