Canhota Divina: Palmeiras 2 x 0 Botafogo

(Foto: Marcelo Brandão/Click Parmera)

Palmeiras e Botafogo nunca será um jogo qualquer no Allianz Parque. Para esse que vos escreve e para todos vocês que dividem dessa paixão. Há dois anos, num domingo ensolarado e cheio de expectativa por viver em 90 minutos a espera de duas décadas, foi o dia de sentir que o Campeonato Brasileiro estava de mãos dadas com o Palestra. Que nossa espera estava a um gol de cabeça do gigante de meio metro, nosso 7. Um dia para a história. Para a nossa 9 vezes campeã história.

História deveria ser o segundo nome do cara que deu adeus ao seu terreno no nosso templo. Em 2017, sob a emoção de gratidão e previa saudade, foi a despedida de Zé Roberto. O capitão moral daquele elenco cuja moral era de um campeão. Os insucessos da temporada deram espaço a uma vitória com a titularidade do 11 mais querido do Allianz Parque. Sempre o Botafogo. De abençoadas lembranças.

Hoje, esse site que vive de histórias, viu alguns dos seus que somos todos nós, ainda que em trabalho, estarem fazendo nosso dever dentro das nossas linhas. Mais um momento de memória, mais uma noite diante dos cariocas. E como nunca deixou de ser, com emoção.

Um primeiro tempo complicado. Um Botafogo bem postado que veio pra São Paulo em busca de resguardar-se e como muito bem disse Sêo Ademir da Guia, o Divino, que assistia, do nosso lado: “não existe mais time que não saiba se defender. O futebol atual é de muita força física e isso é mais fácil de ter do que habilidade. Não vai ser fácil”.

Não foi.

William teve o primeiro momento de maior perigo quando tabelou e invadiu a área do Botafogo, finalizando de três dedos para a boa defesa do goleiro rival. Pouco depois, em um lance confuso de bola aérea, ela caprichosamente encontrou o travessão e voltou, safada, para as luvas do arqueiro. A noite prometia.

Dudu, o mais serelepe do primeiro tempo, puxou contra ataque desde antes da linha central, viu-se de frente com o Gol Norte, e bateu. Ela, como veio com marra pro jogo, saiu deixando assobios e vários UUUUHH do Allianz Parque. Nervoso, o Divino profetizou: “tá faltando o 10”. Quem somos nós para contestar. Pena que ele não pode vir para o segundo tempo.

Lucas Lima veio. E na vaga do desgastado Bruno Henrique. Era ele o cara pra mudar os rumos da tensão que rondava a rodada que tinha tudo pra ser ótima. Noite que só o talento poderia resolver.

Os minutos foram passando como quem avisasse em bom som: dia de zero a zero. O sistema de som do estádio avisou que São Paulo e Grêmio não ganhavam seus jogos. Era o prelúdio de quem caberia ao Palmeiras a quebra de ordem na parte de cima da tabela.

Seria protocolar contar a meia hora de nervo que balançava os humores dos quase 25 mil presentes na agradável noite paulistana. Um Palmeiras e Botafogo, como vocês sabem, nunca é só um jogo, um zero a zero. Divino, esse confronto, a profecia. Não há espetáculo que se preze, no modo italiano de viver, que não termine (in)tenso.

Que seja o momento.
A expulsão de Moisés deu o mote.
Virou pressão.

Lucas Lima, em busca de afirmação concreta e definitiva, como o 10 que Ademir dizia, como o momento ímpar desse clássico que há três anos nos dá um grande momento, acertou um lindo voleio, na esquerdinha que tanto foi criticada, na bochecha da rede. O gol que fez virar festa a noite de Palmeiras.

Em clima de absoluta alegria, o Allianz Parque viu sob gritos pelo gol de Lucas, o pênalti sendo marcado após uma mão na bola do defensor alvinegro. Era a chance de Dudu, em fase de retomada aos grandes momentos, coroar a grande atuação que fazia. Bateu no mesmo canto como de costume. Errou, como também vem sendo de costume. Acontece. Era uma noite em que nada estava tranquilo. Do jogo.

Tremendo, o estádio viu a falta de Lucas Lima, naquele canhotinha, cruzar a área e morrer nas redes. Era o segundo.

A vitória. O momento. O avanço na tabela. O recorde. Tudo acontecia, de fato. E, como deveria ser (se nosso coração aguentar) aos pouco mais de quarenta minutos.

Sob gritos de olé, o Palmeiras venceu e chegou ao oitavo jogo sem levar gols. Aqui, agora na Rua Palestra Itália, sob as bênçãos e a frase de Ademir, a noite acaba assim:

“Eu boto fé nesse Palmeiras”.